terça-feira, 14 de dezembro de 2004

Bispos portugueses e a situação política


Admitindo a delicadeza do actual momento político que Portugal atravessa, os bispos portugueses, através do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, lembram que “o progresso do País precisa do empenhamento generoso de todos, da renúncia a egoísmos pessoais ou grupais, da competência dos agentes económicos, culturais e sociais”. E sublinham, no seu comunicado, publicado hoje, que, “empenhar-se na construção da comunidade nacional é, para os cristãos, uma forma de exprimirem a sua fidelidade cristã”. 
O Conselho Permanente adianta que a etapa democrática que agora começa “não pode limitar-se a resolver uma crise política, mas deve enfrentar, com serenidade e lucidez, os problemas de fundo do País, apresentando para eles soluções credíveis e viáveis”. Refere que “é urgente criar uma onda de fundo de entusiasmo por Portugal, em que as legítimas diferenças se transformem em riqueza e não em obstáculo”. 
Os bispos portugueses apelam a uma participação responsável de todos e frisam que “só tem direito de criticar e denunciar quem se empenha generosamente na busca de soluções”. Por outro lado, recordam que na campanha eleitoral que se aproxima “temos todos o dever de nos esclarecermos criteriosamente, passando para além do discurso eleitoralista e apreciando as soluções objectivas que nos são propostas para o Governo da Nação”. 
Para tal, “importa avaliar da sua justiça, da sua viabilidade, da sua consonância com os princípios da dignidade humana, do respeito pela vida, da dimensão social que todas as políticas devem ter”. No comunicado pode ler-se um apelo a que não deixemos o futuro do nosso País “só nas mãos dos políticos profissionais”, ajudando-os “com a nossa consciência crítica e com a nossa escolha responsável”. E diz mais: “A nossa convivência democrática aprofundar-se-á qualitativamente se votarmos em propostas, mais do que em partidos, motivados pela esperança objectiva que essas propostas suscitam e não tanto pela nossa tradicional simpatia partidária.”

Sem comentários:

Enviar um comentário