domingo, 25 de junho de 2006

Gotas do Arco-Íris - 23

E O S. JOÃO
DA BARRA?... Caríssimo/a: Quando estas palavras correrem sob os teus olhos, já tudo terá passado e quase nem nos lembramos que o Verão pauta os nossos dias. Contudo, hoje é dia de exames. Apesar disso, todos se preparam para uma grande noitada. É ver como as mercearias põem à disposição os ingredientes e até a sardinha é mercadoria de promoção. Para mim, ontem foi dia de recordações. Passei por Aveiro e sua Ria... Beijei o seu ar e as suas neblinas, as suas águas e as suas terras. E sem querer nem o prever, abracei a Capela de S. João, na Barra. Sim, o farol erguia-se, como sempre, imperativo e a convidar-nos para voos mais ou menos picados; a capelinha, perdida no meio das construções, só se deixa apanhar por quem a conheça... E lá voei eu até aos tempos do nosso S. João, amigo, inocente e gaiteiro que nos fazia queimar todas as palhas de favas que restavam esquecidas ou guardadas para esta noite santa e mágica que, por momentos, nos varre o Natal. Certamente não estás à espera que te ponha a cantar e a bailar com as rusgas que passavam ali na estrada e que nem parecia virem a pé desde Aveiro, tal a animação; nem a mergulhar nas águas do mar que à meia-noite te puxa quase irresistivelmente. Falemos de algo bem mais simples, calmo e sugestivo: a água de rosas. Não consigo apanhar uma palavra que defina com rigor e verdade o que se passava; a cena transporta-nos a outros mundos, outros tempos, outros acreditares; talvez pulando até ao arco-íris. Nada nem ninguém faz gestos ou profere palavras fora do comum; tudo tão rasteiro, tão sem-sentido, tão banal que não posso hoje compreender nem apagar o que sentíamos quando, na manhã de S. João, nos lavávamos com a água da bacia onde na véspera mergulháramos as mais belas e bem cheirosas flores dos nossos canteiros. E é com este perfume e esta suavidade desta água, a que alguns chamávamos “água de rosas”, que vos saúdo com o ramo da cidreira. Manuel

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