terça-feira, 22 de agosto de 2006

Mestre Mónica

Há dias abordei neste meu espaço o estado de abandono em que se encontra o monumento a Mestre Mónica, tendo sublinhado que ele merecia, e merece, um pouco mais de respeito de todos os gafanhões. Tempos depois, encontrei nas minhas estantes uma revista, perdida no meio de outra papelada, denominada "Estaleiros MÓNICA - LXX - 1887-1957 - Aniversário da Fundação", com um texto antológico do primeiro Bispo da restaurada Diocese de Aveiro, D. João Evangelista de Lima Vidal. Publico-o, hoje e aqui, para que se não perca este bocadinho de prosa poética, tão ao estilo do saudoso prelado aveirense.
F.M.
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D. João Evangelista
de Lima Vidal Arcebispo-Bispo de Aveiro
Parece-me que respiro melhor, quando vou à Gafanha benzer os barcos de Mestre Mónica. Mas não é só o ar da ria que tem o dom de nos abrir os pul­mões. É não sei que fulgor de abundância, de riqueza nacional, de vitorioso progresso que por ali passa e nos bate em cheio no peito. É um milagre de beleza que Mestre Mónica sabe extrair de troncos rudes, de matéria informe. Quando passam os carros a gemer sob o peso morto daqueles pinheiros, quem imagina a elegância e a majestade, a doçura e a força, a maravilha e a arte que dali vão sair? Vai, Ilhavense; vai Santa Joana; vai, Santa Mafalda; vai, Avé-Maria, desce imponente a húmida calha, entra nas águas, encanta os mares, recolhe a presa, e depois, ao regresso, entra airosa na barra, ao som da orquestra, ao flutuar das bandeiras, à alegria das multidões!
Aveiro, 5 de Abril de 1957 + JOÃO EVANGELISTA Arcebispo-Bispo de Aveiro

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