domingo, 29 de outubro de 2006

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

1 e 2 de Novembro:
a visita dos mortos
Para perceber uma sociedade, talvez mais importante do que saber como é que nela se vive é saber como é que nela se morre e se tratam os mortos.
O antropólogo L.-V. Thomas, especialista nestas questões, apresentou esquematicamente as diferenças entre a civilização negro-africana tradicional e a civilização ocidental no que se refere à morte.
Essa diferença assenta no tipo de sociedade ou civilização. Enquanto na sociedade negro-africana predominam a acumulação dos homens, uma economia de subsistência com o primado do valor de uso, a riqueza de sinais e símbolos, a preocupação com as relações pessoais, o espírito comunitário, o papel do mito e do tempo repetitivo, na sociedade ocidental o que predomina é a acumulação dos bens, a riqueza em objectos e técnicas, uma economia com o primado do valor de troca e da sociedade de consumo, a tanatocracia burocrática ou tecnocrática, a exaltação do individualismo, o papel da ciência, da técnica, do tempo explosivo.
Nesta visão, compreende-se que o significado do Homem também será distinto. Se, na sociedade negro-africana, o Homem se encontra no centro, sendo altamente socializado, e os velhos são valorizados, até porque representam a tradição e a sabedoria, na sociedade ocidental, o Homem aparece sobretudo como produto, mercadoria, inserido no círculo da produção-consumo, altamente individualizado e alienado, e os velhos são desvalorizados e abandonados.
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