quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Ao sabor da maré

Ainda a questão do aborto DEMOCRACIA INFANTIL
Os Partidos políticos dividem muito os portugueses. É lógico. Diferentes maneiras de ver e viver a coisa pública, variadas concepções do mundo, diversas posições face à justiça social. Apesar de tudo isto, que é indiscutível, penso que há situações político-sociais que merecem ou deviam merecer algum consenso. Mas não foi o que aconteceu, perante os resultados do referendo sobre o aborto. Os Partidos da esquerda parlamentar marginalizaram ou ignoraram os do centro e direita, apesar das sugestões do Presidente da República, no sentido de haver o entendimento possível, para se evitarem divisões entre os portugueses, na hora da preparação das leis adequadas. E até marginalizaram os deputados do centro-direita, que apoiaram o "SIM". Os portugueses que somos são assim, numa demonstração clara de infantilidade democrática, onde o diálogo é quase impossível, quando devia ser sempre possível. Isto não quer dizer que tenha de haver consenso em todas as circunstâncias. Não sou utópico. Mas acredito que é a conversar que os homens e mulheres do nosso tempo se têm de entender. Só ganham se souberem e quiserem dialogar sobre o que a todos diz respeito, como é o caso do aborto.
É óbvio que é legítimo fazer coligações ou estabeler acordos com quem nos apetece, por ser esse um direito individual ou de grupos. Mas não me parece certo fazê-lo tão ostensivamente como nesta situação foi feito. Claro que o “SIM” ganhou e que a legislação que se segue tem de respeitar essa opção dos portugueses, a grande maioria dos quais nada terá a ver com a doutrina da Igreja Católica a esse respeito. Mas será que os do “SIM” terão mesmo que ignorar todos os outros? Penso que não. Mas também penso que muitos das actuais gerações no poder não têm espírito de diálogo, de partilha de opiniões, de capacidade de lutar por consensos. Vieram de tempos em que o diálogo era muito complicado ou inexistente e estão marcados por esse clima. Vejam a maneira como falam ou discursam no Parlamento. Parece que estão permanentemente zangados com tudo e com todos. Fernando Martins

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