sexta-feira, 13 de julho de 2007

Políticos mal habituados

GOVERNO SÓ AGE SOB PROTESTO
E NEM SEMPRE PROCURA O BOM SENSO É sabido que os políticos portugueses só agem sob pressão. Não vale a pena propor o diálogo, não vale a pena pedir o diálogo, não vale a pena requerer uma audiência, não vale a pena enviar requerimentos ou sugerir um comportamento político mais consentâneo com as realidades das pessoas e das instituições. Os políticos no poder não ouvem ninguém, não atendem ninguém. Fazem o que lhes dá na real gana, embora de acordo com os seus projectos governativos e propostas eleitorais, sem qualquer preocupação em analisar até que ponto estão a ferir os interesses concretos das pessoas. Isto obriga, naturalmente, a que as instituições, inclusive os sindicatos, e as pessoas se vejam compelidas a protestar muitas vezes na rua, com manifestações e mais manifestações, greves e mais greves, protestos e mais protestos. Só depois, se forem humildes e sensíveis à contestação, é que os políticos no poder prestam alguma atenção aos desesperos dos que estão na mó de baixo. Só agem, afinal, sob pressão e nem sempre procuram o bom senso. Vem isto a propósito das atitudes frias e desumanas de algumas Juntas Médicas, que obrigaram a voltar ao serviço profissionais em sofrimento. Depois do que se passou com a nossa conterrânea Manuela Estanqueiro, professora recentemente falecida com leucemia e que ficou sem poder gozar algum tempo de reforma, e de outros casos semelhantes, vindos a lume depois, é que o primeiro-ministro, José Sócrates, "chocado" com o que aconteceu, resolveu decretar, de imediato, a alteração à lei que permitia tal desumanidade. A morte de Manuela Estanqueiro e o tratamento indecoroso que sofreu por parte de uma Junta Médica, bem denunciadas pela família e pela comunicação social, estarão, decerto, na base desta decisão do Governo. Mas tudo isto poderia ter sido evitado se o Governo estivesse minimamente atento. Quantos não terão ou estarão ainda a sofrer por leis sem alma, tantas delas denunciadas todos os dias? Fernando Martins

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