quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A vida é tão efémera…



Andei hoje por Aveiro, cidade a que me ligam tão gratas recordações, desde a meninice. No centro do burgo, deambulei qual barco livre ao sabor da brisa marinha. Olhando montras e o velho casario que enforma a identidade da cidade dos canais, que muitos comparam à Veneza italiana, nem sei verdadeiramente porquê…
Cruzei-me com pessoas que me são familiares e cujos nomes, alguns, já se me varreram da memória, mas que são parte expressiva de muitas vivências.
Sítios, que outrora baptizámos com nome de Selva, hoje Fórum, trouxeram-me à memória dois antigos colegas que faleceram no curto espaço de um mês. Ali jogávamos futebol e aos bandidos e ladrões, mas também nos envolvíamos em guerras de bairros, eu como simples assistente, já que nunca soube atirar pedras, as armas das contendas bélicas dos meninos de há quase 60 anos.
Mas o que mais me impressionou foi ver passar uma senhora, a quem o peso dos anos e da doença envelheceram mais do que o esperado. O seu nome fica comigo nesta partilha com os meus leitores. Arrastava-se com alguma dificuldade pela calçada, com ajuda de pessoa amiga. E eu que a conheci no fulgor da vida; vida toda ela dedicada à cultura e à intervenção cívica. Cumprimentei-a e mal lhe ouvi a resposta ténue que delicadamente me dirigiu.
A vida é assim. Tanto trabalho, tanto entusiasmo, tanta garra, tanta luta! E de um dia para o outro os sentidos reduzem-se ao mínimo, a inteligência declina, a força esvai-se e os olhares inclinam-se para o chão. A vida é tão efémera…
FM

5 comentários:

  1. ...moral da história?

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  2. .....moral da história?
    "A vida é tão efémera..."
    Mas a história poderia continuar,coma tantas outras que passaram por aqui e deram tantos comentarios.
    Continue Srº professor.
    Um abraço do amigo
    Rubem da Rocha

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  3. .....moral da história?
    "A vida é tão efémera..."
    Mas a história poderia continuar,coma tantas outras que passaram por aqui e deram tantos comentarios.
    Continue Srº professor.
    Um abraço do amigo
    Rubem da Rocha

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  4. Meus caros

    Eu acho que as minhas histórias têm de deixar ao leitor um pouco de espaço para a sua imaginação...
    Os contos, os romances e as memórias não podem dizer só o banal... Eu gosto de acreditar na imaginação de quem me lê. Se não fosse assim, eu estaria a escrever uma acta de um qualquer encontro...

    Um abraço

    Fernando Martins

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  5. Adoro este blog. Um abraço. Lucas Reis, Aradas.

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