segunda-feira, 28 de abril de 2008

Coimbra: IPO


Na sala de espera do Instituto Português de Oncologia está sempre patente o rosto do País doente. E se não faltam expressões de dor, também nos confrontamos sempre com sinais de esperança.
Hoje estive em Coimbra como acompanhante de um familiar, para consulta de rotina. Nada de grave, é certo, mas é bom cultivar a prevenção. E ali, na sala de espera cheia de pacientes e acompanhantes, os meus olhos saltitaram de rosto para rosto, na ânsia de perscrutar o que ia na alma de cada um. Uns denotavam tranquilidade, outros reflectiam angústias, outros acreditavam na cura, outros fixavam os seus olhares num horizonte muito longe dali. Falta de cabelo disfarçada com lenço garrido em forma de chapéu que mãos hábeis souberam aconchegar, rostos macilentos, ternura em casais mais jovens e menos jovens, solidão de quem está só e que chega com bombeiro a ajudar. Todos os dias é isto.
Mas hoje ainda reparei nos voluntários que dão a sua alegria aos pacientes. Uns que acompanham os doentes às salas das consultas ou dos tratamentos, atentos e carinhosos; um que chega para anunciar, com ar de brincalhão, que todos podem dirigir-se ao átrio para tomar chá, café ou leite, “com umas bolachinhas”, tudo de graça, porque é oferta da Liga Portuguesa Contra o Cancro; outro que nos pergunta, solícito, se estamos com alguma dificuldade; outro, ainda, que anuncia que o São Pedro nos pregou uma partida: “andou-nos a dizer que tinha chegado o Verão e, afinal, está a chover.”
Que não senhor, responde um doente, “ainda agora vim de lá de fora e estava bom tempo”. “Olhe que não, olhe que não”, responde o voluntário. E lança o desafio: “vá ali à janela e já vê.” E alguns foram. Eu também. E estava mesmo a chover. Mas logo o Sol brilhou.

FM

2 comentários:

  1. Há sempre gente boa em toda a parte.
    O meu obrigado a todos os voluntários dos hospitais...

    Jão Carlos Madureira

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  2. Olá. Estou a mandar esta mensagem, porque desde algum tempo tenho um interesse em fazer voluntariado. Gostava de poder ajudar pessoas, com simples palavras, gestos. Depois de ter acompanhado a minha avó durante 3 meses no hospital de Aveiro, depois de ter visto muita gente tão só naquele hospital, eu como jovem e sem nada para ocupar os meus dias quando não tenho escola, pensei que fazer voluntariado podia ser uma boa opção. Como posso fazer para conseguir isso?

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