Vaga a origem, futuro incerto
Ur-Mesopomâmia, talvez a origem...
Talvez a origem dos barcos moliceiros.
Talvez Tartessos dos velhos marinheiros,
Névoas de génese que não me afligem.
Mais me atormenta o porto da viagem,
O passado recente das Gafanhas, Murtosas,
Os painéis e legendas, ingénuos, escabrosas,
Cisnes, pastos bravos, maçaricos, miragens.
O chiste, os pés doridos, a vela, a gaivota,
Moliço, maresia, o lodo e o patacho,
Ancinho na lama mole... Mas eu acho
Que tão vária imagem meus sonhos enxota.
Como a um bando de belos flamingos
Tão leves, esbeltos, talvez comendo crico.
E as viagens-miragens passam e eu fico
A cismar no futuro... desses barcos lindos.
O.L.
Timoneiro, Janeiro de 1989
Parabéns, Oliveiros!
ResponderEliminarA veia poética que sempre te conheci, aqui está, com toda a garra! Mostra o que tens de bom, de sublime nessa linguagem que usas com toda a mestria. Não escondas o teu lado ascético, que produziu poemas tão belos! Até a prosa que escreves está eivada de poesia. Gosto imenso de te ler!
Continua e não deixes esmorecer o génio que está enclausurado em ti!
Os tempos que passámos em Coimbra deram frutos que estão a amadurecer! Força, sempre!
DA