sábado, 25 de julho de 2009

Aventuras de um boxer

Férias de Verão
Neste Verão é bom ouvir: As férias estão a chegar! E a minha dona sentir P’lo meu pêlo a mão passar!
A palavra férias soa agora com a magia de sempre! Numa altura meteorológica que se assemelha mais a um Outono tardio, ou até a um Inverno pesado, elas aí estão. Animadoras dos espíritos cansados do trabalho! Mas como em muita coisa na vida, parece haver alguma contradição, pois ouço dizer aos humanos que o trabalho dá saúde! Será assim? Ah, percebo agora por que razão andei adoentado, com a cabeça metida num funil, que me tornou tão infeliz! Eu que gosto de meter o nariz em todo o lado, até naquilo em que não sou chamado! Aqui, neste particular, não me demarco dos humanos, pois há muitos que padecem da mesma enfermidade, p’ra não dizer moléstia! Pela lógica humana, se trabalhasse tanto como a dona, teria a saúde de ferro que ela ostenta! Mas...eu passo a vidinha toda em férias! Até pareço um reformado que não tem horas para nada! Tem o tempo todo do mundo! Era isso mesmo que ela dizia a um dessa classe e que não gostava nada de a ouvir! Ficava tão amofinada a criatura! Até se zangava e tudo! O que vale é que a minha dona deixou de dizer esses desaforos! Queria viver em paz com todos e por isso passou a respeitar a isenção de horários dos retirados do trabalho! Ah! Mas que bom é sentir o clima de férias que se vive em meu redor! A casa parece que ganhou outro brilho! Há mais luz, mais calor humano! Este é alimentado pelas visitas que cá vêm e que me vão passando a mão pelo pêlo! Será alguma tentativa sub-reptícia de sedução? Que queiram conquistar alguma coisa, vá que não vá, mas eu sou desconfiado! Quando a esmola é grande, o pobre desconfia! Mas que é bom o ar de férias, lá isso é! Até o rancho melhorou para os meus lados! Vejo a dona a usar o barbecue com mais frequência, há mais comensais à mesa...enfim, também sobra sempre alguma coisa p’ra mim! Apesar de apreciar o fast food, sempre ali prontinho a comer, lambo-me todo quando vejo aproximar-se de mim o prato com aqueles petiscos que a minha dona tão bem prepara! Que delícia! Sou, na verdade, um cão sortudo e não faço nada jus ao aforismo popular referente a uma qualquer criatura que parece abandonada ao seu destino cruel e suscita a evocação, dita com ar de desdém: “vida de cão”! Pertenço ao rol daquelas avezinhas do céu, citadas na Bíblia, que não semeiam nem colhem e têm a mesa sempre posta na natureza! Eu... tenho-a em casa, desfrutando do dedicação afectuosa e exclusiva dos meus donos! Agora em férias, privamos ainda mais tempo, o que até certo ponto é contraproducente, pois no dizer da dona sempre crítica e nunca abstraindo do seu tom pedagógico, eu fico estragado com mimos! Mas... um cão que se preze é sempre um cão, com toda a dignidade que a espécie lhe confere! Eu vou continuar a desfrutar destas férias do pessoal cá de casa e aproveito todas as mordomias que me fazem. Para alguma coisa sou o guardião desta mansão e nunca deixei os meus créditos por patinhas alheias! M.ª Donzília Almeida

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