domingo, 22 de novembro de 2009

Portugal não tem os trabalhadores qualificados de que as empresas precisam


Manuel Porto com Ludgero Marques

A globalização pode gerar
pobreza e exclusão social

A globalização tem “reflexos significativos” sobre a economia mundial. Porém, se “convenientemente governada, pode ser um factor de desenvolvimento humano”, mas também é certo que pode ter aspectos “socialmente perniciosos, com aumentos localizados de pobreza e fenómenos de exclusão”, sublinhou o empresário Ludgero Marques na conferência que proferiu esta manhã, no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro, integrada na Semana Social, que decorreu este fim-de-semana.
Abordando o tema “A responsabilidade pessoal e a participação das pequenas comunidades e iniciativas empresariais na construção do bem comum, em contexto de globalização”, o conferencista lembrou que os portugueses estiveram quase 50 anos alheados do resto do mundo, tendo Portugal entrado na globalização com um grande défice ao nível da educação.
Denunciou que os nossos trabalhadores, com “uma formação académica tão baixa”, não podem contribuir para que o nosso país possa “diferenciar-se daqueles que têm formação do nosso nível, ou até inferior”. Portugal não tem os “trabalhadores qualificados de que as empresas precisam”, disse.
Ludgero Marques, actual presidente da Mesa da Assembleia Geral da AEP (Associação Empresarial Portuguesa) com passagem, durante anos, por diversos e importantes cargos directivos de outras estruturas empresariais, referiu que é preciso desenvolver actividades económicas locais, “para que as comunidades sejam capazes de enfrentar o lado negativo da globalização”. Nessa perspectiva, importa que o Estado implemente condições que levem os empreendedores a apostar claramente na comunidade em que se inserem, ajudando-a no seu desenvolvimento e fazendo dela “o trampolim para o sucesso no mundo global”.
Ao falar da responsabilidade social das empresas, “nomeadamente em termos ambientais e de combate a fenómenos de exclusão”, Ludgero Marques recordou a notória situação do desemprego provocado pela pouca formação dos trabalhadores e pelo desajustamento em relação ao progresso tecnológico, cada vez mais exigente.
“A não assunção de responsabilidades sociais é entrave ao desenvolvimento sustentável”, especialmente porque o não cumprimento, pelas empresas, das suas obrigações “leva à concorrência desleal, à deterioração do enquadramento económico, à destruição de ecossistemas, à corrupção e, ainda, a um clima desfavorável à realização de investimentos e à prática da inovação”, frisou o conferencista convidado pela Conferência Episcopal Portuguesa para esta Semana Social.

Fernando Martins

1 comentário:

  1. Leopoldo Oliveira23/11/2009, 18:25:00

    E terá Portugal os empresários com sentido de justiça social que o País precisa, ou serão mais um grupo de vaidosos que procuram enriquecer o mais possível à custa da exploração de mão de obra barata? Quantos jovens investigadores e outros licenciados estão noutros países,com o sucesso que é de todos conhecido? É que lá fora o seu mérito é reconhecido, e o seu trabalho é recompensado. Ou será que os patrões nos outros países são todos "burros", e só os de cá é que são espertos?

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