sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Estamos a navegar em terrenos muito pantanosos

Nas malhas da liberdade

PorAlexandre Cruz

1. O tecido social da comunidade só consegue fluir criativamente no princípio basilar da liberdade. Esta liberdade, em sociedade de democracia amadurecida, revela-se como o pilar estruturante que garante o exercício da pluralidade e da respeitosa tolerância. Conseguir conviver com a diferença de opinião, de ideia, crença, política, visão estratégica, eis os sinais claros de que a liberdade é nossa companhia constante e que esta preserva o exercício público de todos e o particular de cada um. No século XX, à medida que os poderes da comunicação foram crescendo, estes foram sendo um palco preferencial do exercício da opinião, conveniente quando vem a favor, inconveniente, quando a opinião não é favorável. Estamos a navegar em terrenos muito pantanosos, onde as fronteiras da liberdade devem coexistir com as da responsabilidade colectiva.



2. Não é preciso recuar muitas décadas de tempos idos para nos apercebermos dos poderes e contrapoderes que se combatem entre si, a ordem política e a comunicação social. A primeira usa a segunda na propaganda publicitária e anunciadora, mas quer silenciá-la nas horas denunciadoras do mau governo. O castelo de acontecimentos recentes no nosso país – que jamais se poderão silenciar – está num ponto de crescimento impensável. Já após o “alegadamente”, a rede do controle nos seus tentáculos sombrios terá atingido proporções que aprisionam a desejada liberdade de opinião, o mesmo é dizer, liberdade de existir em sociedade. “Nem ao mar, nem à serra”; sendo de pressupor todos os contraditórios e todas as justificações, a verdade é que nada poderá justificar um beliscar que seja a liberdade de informação.

3. O apocalíptico caso da “escutas” já não sabe se se consegue escutar a si próprio, cheio que está de tanto ruído que parece não só não ter fim, como vai-nos conduzindo ao precipício, atacando por todos os ângulos da questão as malhas da liberdade. Não se sabe e ninguém sabe o que fazer: é o pior. Pelo andar, são naturais os medos: estes, espelham a não liberdade? Há condições para continuar(mos)?

Alexandre Cruz

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