terça-feira, 12 de julho de 2011

RÁDIO TERRA NOVA: 25 anos de projetos e sonhos



Vasco Lagarto, a alma da Terra Nova

Tozé Bartolomeu, uma saudade 


A Rádio Terra Nova (RTN) celebra hoje as suas Bodas de Prata. São 25 anos ao serviço dos sem vez nem voz, os que nunca aparecem nos órgãos de comunicação social de amplitude nacional. Quem está atento minimamente à ação diária desta rádio com sede na Gafanha da Nazaré, sabe perfeitamente que é assim. E por força das novas tecnologias da informação, a Terra Nova pode ser ouvida e lida em todo o mundo, por emigrantes e não só. Nessa linha, torna próximos quantos têm raízes nestas terras beijadas pela Ria de Aveiro.

***

Recordo hoje, com alguma emoção, o dia 12 de julho de 1986. Havia no ar, há uns tempos, a febre das chamadas Rádios Piratas, e a Cooperativa Cultural da Gafanha da Nazaré até se tornara associada da Rádio Oceano, nascida em Aveiro. Numa assembleia-geral, quando o Vasco Lagarto anunciou essa posição da nossa cooperativa, eu próprio lancei o repto: E por que razão não avançamos nós para uma rádio na Gafanha da Nazaré? O Vasco sorriu e não adiantou grande conversa. Tempos depois, conhecedor profundo dessa área tecnológica, a rádio, sem nome, foi para o ar.
No dia 12 de Julho, fui alertado por um filho (estavam lá o Fernando e o Pedro, tendo sido a voz deste último a primeira a ouvir-se nas ondas hertzianas, com fonte na sede da Cooperativa Cultural) e corri para lá. Assisti a toda a azáfama, enquanto se diziam umas coisas e se punham no prato os LP, porque era preciso estar no ar.
Recordo que choveram alguns telefonemas. E no final da tarde, numa espécie de mesa-redonda, no improvisado estúdio, foi possível conversar, com algumas pessoas que entretanto chegaram, sobre a importância de uma rádio, ensaiando eu o lugar de entrevistador.


***

Sei que a caminhada tem sido dura. Primeiro, para manter a rádio no ar, com qualidade e sentido das responsabilidades. Segundo, para a legalizar e organizar, com o nome de batismo de Terra Nova, em recordação dos bancos de pesca do mesmo nome e para encarnar o sonho de uma nova terra para usufruirmos. Em simultâneo, pretendeu-se fazê-la chegar, com interesse, aos seus inúmeros ouvintes. Terceiro, levando-a a acompanhar o progresso tecnológico e a alargar o seu âmbito de audiência.
Paralelamente, sucessivas intervenções reorganizativas contribuíram para a sua credibilidade, enquanto a capacidade de intervenção social e cultural foi crescendo, sendo hoje reconhecidamente um pólo informativo e formativo a ter em conta.

***

A primeira palavra vai para o mentor de tudo o que se passa, desde a sua origem, na RTN: Vasco Lagarto. Ele é a alma e a dinâmica deste projeto. Sem ele, esta rádio não teria sobrevivido às mudanças e avanços galopantes da comunicação social deste último quarto de século. Tantos jornais e rádios que não tiveram pés para aguentar a dureza do chão que tinham de calcorrear! Tanta rádio que fora absorvida, sem dó nem piedade, por gente que nada tinha nem tem a ver com o espírito das Rádios Locais! Pois à coragem e à teimosia do Vasco e ao seu amor à nossa região, com suas gentes, instituições, tradições e sonhos de progresso sustentado, se devem a fundação, a manutenção e o crescimento da Terra Nova, que continua a emitir em 105 FM.
A segunda palavra vai para quantos a fazem no dia a dia. Profissionais que dão o seu melhor, mantendo vivo e atuante o setor informativo, sendo o rosto de muitas vitórias e escudo de algumas incompreensões e de críticas desajustadas de quem nada faz; e amadores e colaboradores que, com a sua capacidade criativa, partilham saberes, emoções, gostos, alegrias e vivências com os ouvintes, sem nada esperarem em troca.
A terceira palavra vai, com o meu estímulo e com votos de que continuem com a nossa rádio, para os ouvintes e leitores da RTN (nos quais me incluo, várias vezes ao dia), espalhados pelo globo que habitamos, qual aldeia onde todos nos tornamos vizinhos e corresponsáveis por uma sociedade mais justa e mais fraterna.

Fernando Martins



Sem comentários:

Enviar um comentário