sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cesário Verde: 25 de fevereiro




Evoca-se hoje, a data de nascimento deste poeta parnasiano. (1855-1886) que estudei, na juventude. De poesia delicada, com tendências ecologistas, (!?) Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade, ao retratar a cidade e o campo, seus cenários prediletos. Usa um vocabulário muito concreto, com que retrata o quotidiano, aproximando-se do naturalismo.



Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
 houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde

Mª Donzília Almeida
25.02.2012

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