segunda-feira, 30 de abril de 2012

Dia Internacional do Jazz: 30 de abril

Texto de Maria Donzília Almeida


Jacinta



Hoje, quando deambulava... no sentido de descomprimir da dor provocada pela doença de um ente querido, ouvi, na rádio, a referência a esta efeméride que é celebrada pela primeira vez.
O jazz é uma manifestação artístico-musical originária dos Estados Unidos. Teria surgido por volta do início do século XX, na região de Nova Orleães e suas proximidades, tendo o seu berço, na cultura popular e na criatividade das comunidades negras que ali viviam.
O Jazz desenvolveu-se com a mistura de várias tradições musicais, em particular a afro-americana. Esta nova forma de se fazer música incorporava blue notes,  chamada e resposta,  forma sincopada, polirritmia, improvisação e notas com swing do ragtime. Os instrumentos musicais básicos para o Jazz são os usados em bandas marciais e bandas de dança: metais, palhetas e baterias. No entanto, o Jazz, em suas várias formas, aceita praticamente todo tipo de instrumento.
As origens da palavra Jazz são incertas. A palavra tem suas raízes na gíria norte-americana e várias derivações têm sugerido tal facto. O Jazz não foi aplicado como música até por volta de 1915. Earl Hines, nascido em 1903 e mais tarde celebrado músico de jazz, costumava dizer que "tocava  piano, antes mesmo da palavra "jazz" ser inventada".
Desde o começo do seu desenvolvimento, no início do século XX, o Jazz produziu uma grande variedade de subgéneros, como o Dixieland da década de 1910, o Swing das Big bands das décadas 1930 e 1940, o Bebop de meados da década de 1940, o Jazz latino das décadas de 1950 e 1960, e o Fusion das décadas de 1970 e 1980. Devido à sua divulgação mundial, o Jazz adaptou-se a muitos estilos musicais locais, obtendo assim uma grande variedade melódica, harmónica e rítmica.

O jazz é uma expressão musical que pode «derrubar barreiras e simbolizar a paz e a unidade», defende a UNESCO na proclamação do Dia Internacional do Jazz, que se assinala pela primeira vez esta segunda-feira.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura decretou 30 de abril, como o Dia Internacional do Jazz por proposta do músico e compositor Herbie Hancock, embaixador da boa vontade da UNESCO.
Na mensagem oficial deste dia, a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, sublinhou que o jazz foi e continua a ser “a força que promove uma transformação social positiva”.
“Por ter as suas raízes na escravatura, esta música fez crescer uma voz apaixonada contra todas as formas de opressão. Fala a linguagem da liberdade que é compreendida por todas as culturas. São também estes os objetivos que guiam a UNESCO nos seus esforços de construir pontes dialogantes entre todas as culturas e sociedades”, afirmou Irina Bokova.
O jazz é uma das expressões musicais nativas dos Estados Unidos, praticada inicialmente pela comunidade afro-americana no século XIX, descendente das vagas de escravos que aportaram aos EUA, vindas de África, tendo-se popularizado nas primeiras décadas do século seguinte.
Na segunda-feira, Herbie Hancock dará um concerto em Nova Orleães, cidade que é considerada um dos berços do jazz. Na sede das Nações Unidas estarão Dee Dee Bridgewater, Diane Reeves, Esperanza Spalding, Angelique Kidjo, entre outros.
Em Portugal haverá várias iniciativas para assinalar o primeiro Dia Internacional do Jazz. Na segunda-feira, no Centro Nacional de Cultura (CNC), em Lisboa, decorrerá um encontro com o investigador João Moreira dos Santos, o presidente do CNC, Guilherme D'Oliveira Martins, o músico António Barros Veloso e o diretor da estação de rádio Antena 2, João Almeida.
O Hot Clube de Portugal estende-se à Praça da Alegria e propõe uma maratona de jazz que começará às 13h00 com os alunos da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas.
Como o meu instinto patriótico está à flor da pele, não poderia deixar de referir uma das pérolas da nossa terra – Jacinta. É uma cantora de jazz portuguesa. É apresentada a Portugal no programa Chuva de Estrelas, no qual interpreta Ella Fitzgerald, tornando-se depois numa referência no jazz português. Em 2001, Jacinta recebeu o prémio “Músico Revelação” do programa Cinco Minutos de Jazz (Antena 1) e foi referida como ‘A cantora de jazz portuguesa’, por José Duarte.
Jacinta deu os seus primeiros passos artísticos através do estudo da música clássica em piano e composição.
Integrou vários grupos como cantora e instrumentista, é no entanto no mundo do jazz que a sua energia musical encontra plena expressão.
Aos 22 anos uma excelente actuação de jazz vocal como Ella Fitzgerald, no programa Chuva de Estrelas, impulsionou a sua carreira como cantora, tendo sido solicitada para inúmeros concertos a partir de então.
Em 1997 Jacinta mudou-se para Nova Iorque para frequentar a Manhattan School of Music, onde foi premiada com bolsa de estudos para realização de Mestrado em Jazz Vocal. Prosseguiu estudos de improvisação com Chris Rosenberg da banda de Ornette Coleman, e de interpretação estilística com Peter Eldridge dos New York Voices. Mais tarde, durante os quatro anos em que residiu na área de S. Francisco, Califórnia. Jacinta actuou profissionalmente em vários projectos musicais apresentando-se, também, em clubes de jazz de renome mundial como Kimball’s East e Yoshi’s.
Ainda haverá quem diga que a nossa terra só produz gafanhotos?

30 de Abril de 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário