sábado, 17 de novembro de 2012

APRENDEI A LIÇÃO DA FIGUEIRA

Georgino Rocha

A figueira constitui o recurso pedagógico a que Jesus “lança a mão” nos seus ensinamentos sobre o que irá acontecer no final dos tempos. Os discípulos estão habituados a observar o que acontece com ela nas várias estações do ano. Sabem que é a última árvore a desabrochar os rebentos nos ramos e a cobrir-se de folhas, deixando a letargia da hibernação e abrindo-se às novas aragens dos começos do Verão. E sabem também que só depois virão os figos apreciados e saborosos. Antes, porém, passa por fases de total despojamento, fustigada pelas forças agressivas e devastadoras de vendavais e chuvas intensas. Paciente, o agricultor observa os sinais da evolução do ritmo normal da vida “congelada” e, confiante, aguarda a hora promissora da nova estação.


Com este “visual”, Jesus anuncia que o final dos tempos não consiste na destruição das coisas e do mundo, na sua redução ao nada aviltante, no seu aniquilamento definitivo. Mas na transformação radical em que subsiste – como na figueira - a seiva nova fertilizante portadora de energias do futuro. Aqui está Deus que no seu amor de Pai bondoso acompanha cada um, sustenta o ânimo de todos e encoraja as forças dos que vivem estas horas de aflição.

Tudo passa, só permanece para sempre o amor com que Deus nos ama e quer que seja a relação normal entre todos. A história regista com testemunhos inquestionáveis que “estamos em trânsito”. Não apenas no nosso interior, mas em tudo o que nos rodeia e condiciona. Impérios poderosos, civilizações valiosas memoráveis, monumentos artísticos, cultos de divindades e personalidades, e tantos outros, ilustram o alcance do nosso ser peregrinos, rumo a um futuro melhor, à casa do Pai. E Jesus afiança esta caminhada monumental: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão”.

Escurece e passa o sol da economia, a lua do prestígio, as estrelas das personalidades, as forças dos sistemas e das redes de controle e manipulação… Os sinais do mundo novo estão a surgir no apreço pela dignidade humana, na solidariedade, na justiça e equidade, no amor de doação, expressões qualificadas do amor com que Deus nos ama. Antecipemos o futuro, envolvendo-nos no presente, fazendo nossa a luta por estas causas e valores.

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