sábado, 26 de janeiro de 2013

Nos cemitérios cruzam-se os sentimentos mais nobres


“Pedras sem Tempo 
do Cemitério de Ílhavo”



“Pedras sem Tempo do Cemitério de Ílhavo” é um livro de Domingos Freire Cardoso, que se apresenta como homenagem aos seus antepassados ali sepultados, mas ainda aos artistas que idealizaram as campas e jazigos e aos artífices que os trabalharam em pedra e em ferro, diz o autor na Breve Introdução. No mesmo texto, Domingos Cardoso evoca os ilhavenses que «ficaram para sempre em terras distantes ou mergulhados no mar profundo», a quem presta também a sua sentida e justa homenagem.



Manuel Ferreira Rodrigues, da Universidade de Aveiro, refere no Prefácio que Domingos Cardoso «viu o cemitério como um espaço de memória, de evocação e homenagem», como é devido a «Um museu a céu aberto…». E acrescenta que este livro «permite-nos descobrir, no cemitério de Ílhavo, um espaço de histórias (de vidas?) por desvendar, de símbolos desligados do nosso tempo, um espaço caótico (labiríntico?)», símbolos esses que o autor procurou «ordenar numa relação alfabética». 
Na contracapa, D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, sublinha a «originalidade deste livro», o que nos leva, «com proveito, à sua leitura». E frisa que o autor «não só nos enriquece de conhecimentos históricos, como se constitui um guia ilustrado que nos vai revelando, com mestria, o sentido e a riqueza dos sinais abundantes que se encontram no Cemitério de Ílhavo». 
O Bispo Emérito de Aveiro regista que, «No seu cemitério, cada um tem parte da sua vida e apelo a melhor viver. Ali se encontra e se esconde o tempo que não apaga a memória e “As pedras sem tempo” que cada dia a podem avivar». 
A edição desta obra, bastante cuidada e profusamente ilustrada a preto e branco, de excelente qualidade, revela-se como um meritório trabalho que merece, sem dúvida, uma leitura atenta, pela riqueza de pormenores que ostenta. A simbologia e os sentimentos, o mais extenso capítulo do livro, retratam o bom gosto e a arte das gentes de Ílhavo através dos tempos, sendo certo que «Nada do que lá possamos encontrar foi ali construído, colocado, erguido ou deixado por acaso», refere Domingos Cardoso. E acrescenta na abertura desta parte da sua obra: «Um cemitério é um lugar de sentimentos. No seu espaço se cruzam os sentimentos mais nobres, verdadeiros e meritórios que podem animar a alma humana.»

“Pedras sem Tempo do Cemitério de Ílhavo”, 
de Domingos Freire Cardoso, 
Edição do Autor, 
outubro de 2012 

Fernando Martins

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