sábado, 9 de fevereiro de 2013

Ser pescador é metáfora marítima cheia de realismo


DEIXANDO TUDO, SEGUEM A JESUS


Decisão radical vem coroar o encontro de Jesus com Pedro, Tiago e João, pescadores, entre outros, do mar da Galileia. Que experiência tão marcante, que convicção tão firme e que entrega tão confiante nascem deste encontro ocorrido na faina da pesca e provocam aquela decisão de tomar um rumo novo para toda a vida!
Deixam tudo: o medo que os assaltava, os barcos e as redes com que trabalhavam, os companheiros das boas e das más horas de labuta, as experiências adquiridas com o ciclo das marés, o ambiente acariciador da brisa suave e do azul celeste, o emprego e o estatuto social, a família de sangue. Deixam tudo não por cansaço ou menosprezo, mas pela decisão tomada: seguir Jesus, responder ao seu convite, acreditar na sua promessa, ser “pescador” de homens.



Esta opção justifica aquele desligar-se de tudo para ficar livre, inteiramente dedicado à nova missão, cultivar o amor de Jesus em atitudes de serviço, ir por cidades e aldeias a anunciar o Evangelho e a convocar as pessoas para uma nova relação entre si e com Deus. E partem imediatamente, seguindo os passos do Mestre, procurando captar a sua mensagem, adoptando o seu estilo de vida, dispostos a todas as ocorrências, até ao heroísmo, apesar das limitações e dúvidas que os surpreendem no percurso apostólico que fazem.
A pedagogia de Jesus torna-se modelar e Pedro corresponde bem, retratando o caminho de quem se sente chamado a ser discípulo fiel. Jesus aproxima-se e coloca-se ao nível dos pescadores. Inicia a conversa, pedindo um favor. Senta-se como quem aguarda paciente a satisfação do pedido. Pedro obedece agora, obedece depois, com alguma relutância, quando Jesus acaba o ensinamento e o convida a ir pescar, obedece ao impulso do coração que reconhece não ser digno de estar perante Jesus, o Senhor, obedece libertando-se do fantasma dos medos perturbadores, obedece confiando no garante da promessa e … deixa tudo para o seguir. A entrega incondicional é fruto desta confiança radical.

Ser pescador é metáfora marítima cheia de realismo. O símbolo do peixe converte-se em profissão da fé que identifica os discípulos/cristãos. O ciclo da pesca e das marés proporciona horas de acerto no esforço conjunto e nas folgas de grande companheirismo. Comporta a precariedade do trabalho e as oscilações a que está sujeito: leis laborais, horários por turnos, desemprego, fome e doença, situações agitadas, esperança frustrada. Exige tenacidade, confiança, sabedoria. Exige avivar continuamente as razões da opção feita e reconhecer que não se está só nem se trabalha para si mesmo. Jesus, o divino pescador, serve-se da nossa barca para navegar outros mares e anunciar outras ousadias: Fazer ouvir a palavra de Deus às multidões que se aglomeram à sua volta. Hoje, de forma mais subtil, mas igualmente desejosa e expectante. 

Georgino Rocha                          

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