sábado, 13 de julho de 2013

“A quem muda, Deus ajuda!”


Dia do Agricultor - 13-07


"A agricultura aqui (em Portugal) 
é a arte de assistir impassível 
ao trabalho da natureza."

Eça de  Queirós 


«Mudar é próprio das pessoas inteligentes! E... lá diz o povo: “A quem muda, Deus ajuda!”
A vida ao ar livre descongestiona o cérebro e permite o recarregar de baterias, sem a incómoda e onerosa deslocação ao ginásio. Deambular à sombra retemperadora dos pinheiros, regar uns pés de alface, couve galega, pepinos ou pimentos e contemplar os tomates a avolumar-se sob o olhar lascivo das curgetes...é um exercício que retempera a alma e promove a saúde física e mental, “Mens sana in corpore sano!” 
A sinfonia em “lá maior”, ali... no bosque ou na horta, orquestrada pelo canto sensual das rolinhas, dos melros e de outras espécies ornitológicas, convida ao sonho, à evasão dum mundo marcado pelo ritmo alucinante da vida moderna. 
Com o astro-rei a abençoar e fazer medrar todas as sementes de vida lançadas, neste ventre enorme que é a terra, temos uma réstia de paraíso... ao nosso alcance.»

M.ª Donzília Almeida



Videira mais feijão

Ouve-se, de vários quadrantes, que a agricultura será o destino e a salvação do nosso país.
Uma atividade que teve o seu incremento até ao século XIX, tem vindo a sofrer uma decadência progressiva e a perder terreno, no plano económico nacional, mercê de políticas desajustadas e devastadoras, de submissão cega, aos ditames da UE.
Assiste-se, no entanto, nos dias de hoje, a um revivalismo da atividade agro-pecuária, que teve o seu embrião, precisamente nos meios urbanos.
Até a ficção portuguesa está a dar o seu contributo, retratando a vida rural, em todos os seus cambiantes e pitoresco, em horário nobre e no canal primordial!
Na cidade, nos espaços baldios ou degradados, emergiram alternativas à política do betão e à construção desenfreada e caótica.
A prática da agricultura urbana surge, assim, começando a ser um fenómeno mundial, com o crescimento das hortas, um pouco por todo o lado.
Uma mini-horta, pode fazer-se, inclusivamente, numa janela ou varanda, onde se podem cultivar várias ervas aromáticas. Quem, com ligação à natureza, não tem um vaso com salsa, mesmo vivendo num apartamento? 
São as dificuldades resultantes, dos tempos de crise, que estimulam, nas pessoas, a procura de novos modelos de vida. Para além da poupança, do rendimento acrescido, sabemos que estamos a consumir produtos frescos e, sobretudo, biológicos! Estas e outras vantagens inspiram as pessoas e municípios a aproveitar os terrenos camarários e a requalificar os espaços urbanos desaproveitados, ou a cultivar o quintal e fazer uma hortinha em casa. O famoso kitchen garden dos Anglo-Saxónicos!
As hortas urbanas mobilizam pessoas e grupos de diferentes classes sociais e com perfis muito distintos, sendo procuradas pelas mais diversas razões. Contribuem para a segurança alimentar, pois conhece-se a origem dos alimentos e não se depende, só, dos supermercados. Servem como ocupação do tempo para várias faixas etárias, promovem a qualidade de vida e funcionam muitas vezes, como um processo terapêutico. Propiciam um convívio intergeracional e de integração social, levando à criação de um sentido de identidade e de comunidade, em vias de extinção, nas cidades. 
No entanto, o impulso que o homem sente em relação à agricultura urbana não se confina ao desejo de obter produtos frescos, ou a economia doméstica. Tem as suas raízes mais profundas, num desejo visceral de escapar ao stress da grande cidade e retomar um misto de trabalho e lazer, em contacto direto com a natureza. O retorno à Aurea Mediocritas, preconizado por Horácio?

Curgetes mais tomateiros

Foi nestes pressupostos que resolvi aderir (!?) ao grupo de “Jovens Agricultores”, usufruindo de um tipo de terapia holística, que tem por base o sentido bucólico, no contacto íntimo com a terra.
O apelo telúrico manifestou-se com mais intensidade, no meu retorno às raízes, à terra que me viu nascer. Primeiro, na jardinagem, depois numa abordagem mais intimista com a horta, ali, ao lado.
Perpassa pela minha mente, a candidatura (!?) a um subsídio a fundo perdido, integrado nos fundos comunitários da UE. Ideia peregrina? Quem sabe, a cultura intensiva de mirtilos a que muita gente se dedica no momento, com a bênção da nossa jovem e dinâmica ministra Assunção Cristas, não será uma alternativa, à cultura dos “nabos” que desempenho noutro ministério?
Os pré-requisitos de solo arenoso e com boa exposição solar estão confirmados, carecendo apenas de uma verificação do ph do terreno. Um amigo, engenheiro químico já está na calha!
O legado do Zé da Rosa, perpetuado num deslumbrante campo de flores miudinhas, brancas rosadas, como sininhos a anunciar a paz e bem-aventurança.
Mudar é próprio das pessoas inteligentes! E... lá diz o povo: “A quem muda, Deus ajuda!”
A vida ao ar livre descongestiona o cérebro e permite o recarregar de baterias, sem a incómoda e onerosa deslocação ao ginásio. Deambular à sombra retemperadora dos pinheiros, regar uns pés de alface, couve galega, pepinos ou pimentos e contemplar os tomates a avolumar-se sob o olhar lascivo das curgetes...é um exercício que retempera a alma e promove a saúde física e mental, “Mens sana in corpore sano!” 
A sinfonia em “lá maior”, ali... no bosque ou na horta, orquestrada pelo canto sensual das rolinhas, dos melros e de outras espécies ornitológicas, convida ao sonho, à evasão dum mundo marcado pelo ritmo alucinante da vida moderna. 
Com o astro-rei a abençoar e fazer medrar todas as sementes de vida lançadas, neste ventre enorme que é a terra, temos uma réstia de paraíso... ao nosso alcance.

M.ª Donzília Almeida


2 comentários:

  1. Sabia que os mirtilos querem solo arenoso, com boa exposição solar, um ph adequadoo e ainda um certo abrigo dos ventos?

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  2. Já fiz a pesquisa sobre a produção de mirtilos e está em curso a solução do problema!

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