quarta-feira, 24 de julho de 2013

Guardas da JARBA

GUARDA DAS MARGENS DO RIO NOVO DO PRÍNCIPE É UM NOME BONITO





A função de António Dias da Silva e dos outros guardas da J.A.R.B.A. talvez não. Só gosta dos guardas quem deles se socorre e eram poucos; muitos mais os denunciados, autuados, despedidos.
A Junta Autónoma era ao tempo gorda de poderes, era da Ria e da Barra de Aveiro.
Os guardas escreviam cartas contando os sucessos da jorna, denunciando albertos com alcunha de espantar – “O Imaginário”.


Arregimentavam blademiros para atazanar a vida ao Labareda e ao Espeta. Havia os que eram delas, também: o João da Jacinta, o Manoel da Laura.
Havia murros e houve tiros de susto: cresceram para mim todos os três indivíduos | descarreguei um tiro | atira para o meu cú. Havia barqueiros, dragadores, arrais, proprietários que ensaiavam atitudes desmanchadas desafiando a farda. Porrada a valer quando os meios suasórios não atingiam os fins previstos.
Eles, os guardas, escreviam para os engenheiros-directores lerem e ditarem inapeláveis sentenças: eliminar os que forem considerados indesejáveis | proceder energicamente contra os “meneurs” da greve | trabalhar mais e converçar menos.
A História com H GRANDE não gosta de ser servida com miúdos. Gosta das obras, do fausto, do respeito, da ordem, com Saúde e Fraternidade, sempre a Bem da Nação.
Mas a História dos nobres feitos argamassa-se, dia e noite, das estórias sem h, da petite histoire que o povo-denunciado vai serzindo, para o povo fardado de polícia poder denunciar.
As cartas aqui expostas ajudam-nos a revelar instantâneos do quotidiano ria fora, porto dentro, 1925 a 1949. Aguarelam-nos a vida como ela era, dos que faziam para o sustento, dos que transgrediam, dos que tentavam fintar a má sina da pobre vida, e dos encontros obrigatórios com a ordem, as leis, os regulamentos. Os guardas da J.A.R.B.A.
Para as leituras que cada um queira fazer.
Com mais ou nenhuma paixão, pêndulo descaindo para os autuados, pêndulo batendo-se pela Ordem.
Eram, todos eles, os que não sabiam escrever o nome, os que escreviam os nomes deles e os que decidiam da sorte das carnes de tais nomes, Trabalhadores. Trabalhador-arrais, Trabalhador-polícia, Trabalhador-Engenheiro-Director.
Pelo meio, lá fora, houve uma guerra mundial.


JARBA - Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro

Para a história do PORTO DE AVEIRO

- Posted using BlogPress from my iPad

Sem comentários:

Enviar um comentário