sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A EFEMERIDADE DA VIDA...

CRÓNICA DE MARIA DONZÍLIA ALMEIDA


Ninguém se pode banhar duas vezes 
nas águas do mesmo rio.”
Heraclito

A frase em epígrafe consubstancia o fluir constante da vida, a efemeridade das coisas, dos acontecimentos.
Em nenhum outro campo, esta realidade é tão notória, tão presente, tão preocupante como no domínio da política, nomeadamente no ministério do qual dependo diretamente – a tutela da educação. O que se disse, ontem, é desmentido hoje e será proscrito amanhã!
O Decreto-Lei nº 6/2001, de 18/01 consignava a reorganização curricular do Ensino Básico, definia a educação para a cidadania como uma formação transversal, onde podiam ser abordadas temáticas como: Educação para Direitos Humanos, Ambiente, Saúde, Educação sexual e outras questões prementes na sociedade actual. Pretendia-se sensibilizar alunos e professores para uma compreensão mais ampla destas problemáticas que os rodeiam, questionando comportamentos, atitudes e valores.


Neste contexto, a Formação Cívica, poderia constituir-se como um espaço privilegiado para a sistematização e consolidação das questões relacionadas com a cidadania de forma transversal: desenvolvendo competências necessárias ao exercício do cidadania; desenvolver nos alunos atitudes de auto-estima, respeito mútuo e regras de convivência que conduzam à formação de cidadãos autónomos, participativos e civicamente responsáveis; promovendo valores de tolerância e solidariedade; estimulando a participação dos alunos na vida da turma, da escola e da comunidade em que estão inseridos. As actividades a desenvolver neste domínio contariam com o apoio de um tempo semanal para sessões de informação e de debate. O DT (diretor de turma) seria o animador/dinamizador da referida aula.
Corroborando a filosofia de Heraclito, do devir constante, a Educação Cívica, como área curricular não disciplinar, teve os seus dias contados ao fim de cerca de uma década de existência.
Apesar dos protestos da CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais) a referida área curricular sofreu o malogro de experiências como a Área-Escola ou a disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social de tempos anteriores.
Se a educação dos valores continuasse a ser feita no âmbito da família, não teríamos hoje uma sociedade com tanta gente transviada. Já Pitágoras dizia: “Educa as crianças e não terás que castigar os homens!”
Há uma lacuna muito grande neste domínio que foi durante uma década preenchida pela escola portuguesa.
Mas...na corrida vertiginosa do tempo, tudo muda, tudo se transforma, tudo morre......até as boas práticas preconizadas por alguns políticos.
De boas intenções está o inferno cheio!

19.09.2014

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