sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Laguna — Património Mundial?

Um desafio lançado neste Natal
por Senos da Fonseca




Uma paisagem natural de espanto para o olhar

“Laguna — Património Mundial?” é um desafio lançado a todas as gentes ligadas à Ria de Aveiro, direta ou indiretamente, por Senos da Fonseca, um ilhavense  que vive intensamente a problemática lagunar, abordando os mais diversificados temas.
Neste Natal, avançou com a ideia, provavelmente utópica para uns tantos e garantidamente pertinente para muitos mais, de nos unirmos na defesa da integração da laguna no rol honroso do Património Mundial da Humanidade, sendo necessário conjugar esforços do povo e forças vivas, rumo ao desejável objetivo de se  chegar à meta com êxito.
Senos da Fonseca avança com dez razões que justificam a sua proposta de projeto que se quer ganhador, onde destaca que «A laguna foi (e é) um fenómeno natural raro, praticamente único», que desde o início «captou a atenção do homem», enquanto lhe propôs «um árduo desafio de aproveitamento das imensas potencialidades».


Diz que «A Laguna foi um prodígio de desafios para novas actividades atraindo populações vindas de áreas geográficas muito diferenciadas», e que, «com culturas muito diversas, se alaparam em seu redor». Refere que a Ria  «foi ventre fértil» que proporcionou, durante séculos,  riquezas de âmbito regional e nacional, de que destacou a «exportação salícola», as partida das «primeiras embarcações europeias à Terra Nova para a pesca do bacalhau» e a construção naval.
O autor do texto em que se expõem as razões que justificam o esforço de se preparar a candidatura da Ria de Aveiro ao pódio de Património Mundial sublinha que na história de dar «novos mundos ao mundo» Aveiro esteve presente, quando afirma que a caravela, «antes de ser a embarcação das descobertas, já era a “caravela pescareza”», com «uma das suas bases de desenvolvimento» na zona aveirense.
Senos da Fonseca salienta a riqueza do húmus que da laguna saiu para fertilizar os solos, das «mais belas e prodigiosas embarcações, nadas e criadas na sua beira», das artes da pesca, nomeadamente, da Xávega que estendeu «litoral abaixo, ensinando os locais a manobrar tão ensarilhada arte num mar quase sempre inquieto e pouco sossegado». Abordou a questão do trajo lagunar com o seu historial cultural e «singular único», onde se retrata «a subjacente imaterialidade  que lhe está ligada e que urge recuperar».
Garantiu que «a cultura lagunar moldou diferentes tipos humanos, vindos de diversas partes», que por aqui se fixaram com os seus «credos, religiões e até raças», frisando que «A Laguna é um depósito onde coexistem habitats naturais, importantes e representativos, para a conservação in situ da diversidade biológica, incluindo aqueles que abrigam espécies ameaçadas que possuem um valor universal excepcional, do ponto de vista da ciência ou da conservação».
A finalizar o seu desafio, o autor chama a atenção para a imperiosa realidade que se impõe, face ao risco da extinção da laguna, já que «só uma classificação supra nacional será capaz de obviar». A Laguna deve pois merecer, de pessoas e instituições, de políticos, autarcas, cientistas, académicos, ambientalistas e simples apaixonados pela Ria um empenho redobrado, porque ela é «uma paisagem natural de espanto para o olhar».


Fernando Martins

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