sábado, 18 de julho de 2015

Postal Ilustrado: Última Ceia

Exemplo de humildade 
e de serviço aos outros

Um trabalho do artista Manuel Ângelo Correia (Foto de Gabriel Faneca)

Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, levanta-se da mesa, tira as vestes e, tomando uma toalha, coloca-a à cinta. Depois deita água numa bacia e começa a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha. Assim se lê no Evangelho de S. João, capítulo 13. Esta cena bíblica, uma das mais conhecidas, associada à última ceia de Jesus com os seus amigos, tem tido lugar garantido nas artes através dos séculos, ficando na história como exemplo de humildade e de serviço aos outros.

Manuel Ângelo Correia, o artista plástico do vitral apresentado no Timoneiro de junho, é também o autor de um painel cerâmico que ornamenta o salão principal da casa sacerdotal da Gafanha da Nazaré, posicionado na parede junto à mesa das refeições. O artista, com quem tivemos o privilégio de apreciar o painel, frisou que o percurso que teve de percorrer até deitar mãos à obra, passando dos esboços à sua concretização, foi apaixonante. Leu, consultou representações do lava-pés de várias épocas e estilos, acabando por conceber um painel substancialmente original, criando uma peça única e realmente bela, que ofereceu à paróquia.
Foram 200 horas de trabalho, entre traçar, partir pedrinhas de cerâmicas multicoloridas e de natureza vária, colar no sítio certo, com rigor e método, para no final constituir um todo harmónico e expressivo.
O pão e o vinho da última ceia de Jesus, com os seus amigos e colaboradores mais próximos, ali estão bem representados nas espigas de trigo e nas uvas, que Manuel Correia enriqueceu com movimento expresso nas curvaturas, nomeadamente nos azúis e brancos, sugerindo ondas de um mar de ideias, as quais estariam decerto na mente de cada interveniente. A apreciação deste painel lucrará imenso se o apreciador procurar diversas posições. Graças ao toque de espelhos que se notam aqui e ali, somos levados a reconhecer no todo sinais da vida que se reflete em nós.

Fernando Martins

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