segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Natal para todos

Dia do Cortejo dos Reis
(Foto do meu arquivo)
A partir de amanhã e até ao dia de Natal, se Deus quiser, o meu blogue vai publicar, diariamente, textos, imagem e vídeos alusivos à quadra natalícia. Poemas, contos, pensamentos, textos bíblicos, gestos de solidariedade, pinturas famosas, mensagens, etc. Peço, por isso, a colaboração preciosa dos meus amigos e leitores deste meu espaço aberto ao mundo pela positiva. Sempre!

Só é velho quem quiser!



Senior-idade

Não se sente só e triste
Quem da vida não desiste!
E após longa caminha
Arduamente trilhada
Há uma nova dimensão
Na vida de um cidadão:
A sua aposentação!
‘inda há sonhos e projetos
E tantas vezes os netos
Preenchem o novo espaço
Como um amistoso abraço.
E a nossa sociedade
Atenta à realidade
Criou esta Universidade!
Onde há tempo pr’ó lazer
E também p’ra conviver!
A cada um o que lhe aprouver
Seja homem ou mulher.
Só é velho quem quiser!

MaDonA
21.11.2015

Escritores e a Ria de Aveiro — 7


Eis os longos lençóis brancos das salinas mais o inesperado jardim de palmeiras desta sem cartazes Aveiro, exótica no contexto da geografia portuguesa. Salinas e palmeiras! A bordo dum barco minúsculo, giramos a delícia de descobrir, na claridade gratuita, pequena franja de Oriente inserido num plano de paisagem da Holanda. O barqueiro seguro em camisa da Nazaré manobra servindo-se de mínimos calculados gestos. 

Quase salta ao nível da rua o peixe azul ou vermelho. 

As não-inquietantes aveirenses riem recíprocas, quem sabe saberão a sal. 

Nada electrónico, nada «arrabbiato», esconjurando eventualmente o mal do século nuclear, na distante Aveiro, sem haveres, em outra dimensão política, eu viveria saboreando ovos moles, atento aos longos e longes lençóis brancos de sol cómodo e suas salinas. 


Roma, 1966 

MURILO MENDES 

Murilo Mendes (1901-1975) haverá escrito os seus versos, denominados «Aveiro», em 1966. Casado com Maria da Saudade Cortesão, filha de Jaime Cortesão – outro nome a ilustrar uma antologia aveirense –, é de crer que o Poeta visitasse a cidade das «salinas palmeiras» vindo de S. João do Campo, nos aros de Coimbra. A reger em Roma a cadeira de estudos brasileiros, não se torna despropositado supor que, num período de férias em Portugal, demandasse uma urbe tão próxima do ninho familiar.


In "Aveiro e o seu Distrito", n.º 20, 
dezembro de 1975

domingo, 29 de novembro de 2015

Deus não passa por nós a correr

Crónica de Frei Bento Domingues 

«Precisamos de tempo 
para nascer de novo, para descobrir 
que outro rumo e outra vida são possíveis»


1. Não esperava que me viessem pedir contas por Deus não ter feito nada para impedir o massacre de Paris. Essas pessoas acabaram por concluir que tinham batido à porta errada. Sugeri-lhes, com toda a paciência, que falassem directamente com Ele e aproveitassem o encontro para se esclarecerem acerca de todas as guerras e violências que, até em seu nome, foram desencadeadas ao longo da História. Algumas das narradas na Bíblia Hebraica até passaram a ser glorificadas na Liturgia católica, como acontece, por exemplo, na própria Vigília Pascal. Isto sem falar na recitação e canto de alguns salmos especialmente violentos!
Como não me lembro de ter, alguma vez, atribuído a Deus as asneiras da iniciativa humana ou os desconcertos da natureza, não me sinto atraído a abordar casos de polícia como altamente religioso-teológicos. Tanto os que o culpabilizam como os que o absolvem sabem demasiado da divindade. Não se dão conta que Deus, em si mesmo, nos é totalmente desconhecido (omnino ignoto).

sábado, 28 de novembro de 2015

Terceira Guerra Mundial?

Crónica de Anselmo Borges 

"Não haverá paz entre as nações 
sem paz entre as religiões"
Hans Küng

1- Coloquei no título uma interrogação. Mas poderia lá não estar. De facto, há muito que o Papa Francisco vem dizendo que a Terceira Guerra Mundial está em curso, mas "aos bocados", "às fatias". Veio relembrá-lo na condenação veemente da tragédia de Paris. E não está sozinho.
O que se teme, quando se olha para a complexidade do nosso mundo, tremendamente perigoso e ameaçador, é que, de repente, se dê uma explosão. Todos se lembram de como para o início da Primeira Guerra Mundial bastou o que pareceria um pormenor: o assassínio do arquiduque Francisco Fernando em Sarajevo, em 1914. Agora, Robert Farley, da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, acaba de apresentar alguns rastilhos que poderiam desencadear um conflito à escala global: em primeiro lugar, a guerra na Síria, mas também a ameaça do mau relacionamento entre a Índia e o Paquistão ou entre a China e o Japão, a crise na Ucrânia e um confronto entre a NATO e a Rússia...

Vigiai e orai. Está próxima a vossa libertação

Reflexão de Georgino Rocha

«O Senhor Jesus já veio 
na humildade da natureza humana; 
está a vir nos gestos 
de solidariedade e tolerância»

Esta exortação é feita por Jesus aos seus discípulos, pouco antes de iniciar o processo da paixão. Tinha falado de perseguições a pessoas, de destruições de casas e do Templo. Agora alarga os horizontes e menciona o cosmos inteiro: o céu, a terra, o sol, a lua, as estrelas. E garante “ as forças celestes serão abaladas”. Não admira que, perante o caos anunciado, haja ansiedade e medo, angústia e dor.
As forças celestes são frequentemente entendidas como o rosto dos deuses que presidiam à constelação religiosa de muitos povos. Era-lhes tributado culto com grande e convicta devoção. Pessoas, coisas, ritos e festas “giravam” à sua volta e dos santuários a eles dedicados. Em linguagem típica apocalíptica, Marcos, Mateus e Lucas, narram a transformação final do mundo, da história, e o início da “nova era” com a chegada de Jesus ressuscitado, vencedor da morte e vivo para sempre.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O VALOR DE UM GESTO NO COMBATE À FOME

Nova Campanha de Recolha de Alimentos 
dos Bancos Alimentares
28 de novembro a 6 de dezembro




«É já no próximo dia 28 e 29 de novembro que os Bancos Alimentares promovem mais uma Campanha de Recolha de Alimentos a nível nacional. Com a participação de mais de 42 mil voluntários, a iniciativa volta a apelar à solidariedade de todos os portugueses, reforçando a importância da doação de alimentos e o valor do gesto da partilha no combate à fome.» 

Ler mais aqui

NB: É conhecida de há muito tempo a generosidade dos portugueses. Por mais modestos que sejam, estão sempre prontos para ajudar os mais necessitados, Daí as centenas de instituições de solidariedade social que foram criadas ao longo de séculos para cuidar dos mais pobres. E se há inúmeras instituições que apoiam os que mais sofrem, os Bancos Alimentares têm estado na linha da frente na atenção a quem mais precisa. Por isso, aqui fica o meu desafio a todos os meus amigos para que colaborem nos próximos dias. Um milhão de pobres na pobreza extrema e outros tantos no limiar da pobreza merecem, realmente, os nossos contributos.

Festa da Universidade Sénior

Crónica de Maria Donzília Almeida

Grupo da Universidade Sénior
«Só se é velho, quando os sonhos 
dão lugar aos lamentos»

Teve lugar no sábado, dia 21 de novembro, a festa de arranque do ano letivo 2015/16 da Universidade Sénior do Centro Social Paroquial Nª Srª da Nazaré.
Apesar de o início das atividades ter sido em outubro, só agora, por questões logísticas, pôde levar-se a cabo o evento. Este constou de um vasto programa em que estiveram representadas as diversas atividades que integram aquela instituição: umas de cariz mais teórico como Comunicação/Marketing, História/Jornalismo, Nutrição/Saúde e Língua Inglesa; outas numa vertente mais prática como Iniciação/Formação Musical em bandolim, guitarra, cavaquinho, a Tuna, Teatro, Desenho com agulhas, TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), Costura, Artes/Decoração/Pintura e ainda a famigerada Quintinha da Remelha, vocacionada para a jardinagem e agricultura biológica.
Pela enumeração das áreas de formação existentes na US verificar-se-á uma panóplia de atividades ao dispor dos utentes/formandos que a frequentam. Para os mais diversos gostos e preferências, há sempre a possibilidade de alguém realizar o seu sonho, adiado pelas limitações/exigências da sua atividade profissional.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A arte de Alan McFadyen



Alan McFadyen é um fotógrafo da natureza, em geral, e da vida selvagem, em particular. Apreciar as suas fotos é um encanto, porque nelas está expressa a sensibilidade do artista, mas também a persistência e a paciência de monge que possui para esperar o momento certo para captar a beleza que nos enleva e eleva. Apreciem no link em baixo:

Ver aqui

Papa Francisco em África

 Papa condena uso da religião 
para justificar ódio e violência

Papa em Nairobi 
«O Papa denunciou hoje em Nairobi os que usam o “nome de Deus” como justificação para o ódio ou atos de violência, durante um encontro com líderes de várias comunidades cristãs e outras religiões presentes no Quénia.
“Nós procuramos servir um Deus de paz: o seu santo nome nunca deve ser usado para justificar o ódio e a violência”, disse.
Num país que tem sido alvo de várias ações violentas da milícia islamista Al-Shabab, Francisco recordou os “bárbaros ataques” no Westgate Mall, na Universidade de Garissa e em Mandera, que provocaram centenas de mortos, nos últimos dois anos.»

Ler mais aqui   e aqui 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Escritores e a Ria de Aveiro — 6


RIA DE AVEIRO

Na ria de Aveiro
Quero um pequenino
Barco moliceiro.
Também sou menino.

Na ria de Aveiro
Podeis vir comigo,
Barco moliceiro
Nunca tem perigo.


Nunca se naufraga
Na ria inocente:
Da crista da vaga
Vêm braços à gente.

Quer vão ao moliço,
Quer soltem as redes,
O mar é submisso
Aos barcos que vedes.

Brancas, amarelas,
Na ria de Aveiro
Se espalham as velas:
Brinquedo ligeiro.

Também sou menino,
Ó moças de Aveiro!
Dai-me um pequenino
Barco moliceiro.


RIBEIRO COUTO
1944

Ribeiro Couto (1898-1963) terá passado por Aveiro em 1944 – pelo menos é essa a data do seu poema –, onde se deixou cativar pela graça quase alada dos barcos moliceiros. Caso Curioso, na mesma época estabeleceria relações de Índole literária com Mário Sacramento.
“Aveiro e o seu Distrito”, n.º 20, Dezembro de 1975

Thanksgiving — (Dia de Ação de Graças)

Crónica de Maria Donzília Almeida


«A gratidão é a virtude 
das almas nobres...»

Esopo

Não tem a ver com a nossa tradição, mas tem um significado muito particular para mim. Desde a minha juventude, em que me imiscuí na literatura norte-americana que preencheu parte da minha formação académica, que fiquei mais desperta para as manifestações deste mosaico de culturas, que é a sociedade americana.
Apesar de este povo despertar os mais controversos sentimentos, desde o ódio genuíno, à admiração pura, quanto a mim, devo reconhecer que nutro por ele uma velada simpatia. A este sentimento não é estranho o facto de o meu progenitor ter passado uma década da sua longa existência, em comunhão direta com este melting pot. No meu imaginário ficaram os relatos épicos de histórias vividas, na dura luta que travou para ganhar o sustento para a sua prole, nomeadamente a que ficou na sua terra natal.
Insere-se neste contexto de gratidão, o episódio que narrou, cheio de reconhecimento, a um colega de trabalho. Inexperiente no conhecimento das medidas de proteção quanto à segurança no trabalho, viu-se a braços com a execução de uma árdua tarefa. Teria de proteger as mãos com luvas no transporte de materiais abrasivos. Perante esta urgência, um colega de trabalho que era negro, imediatamente tira uma das suas luvas e cede-a ao Zé da Rosa. Com que sentido de gratidão e reconhecimento ele evocava este episódio! Eu...guardo-o religiosamente na minha memória.

Um livro de Georgino Rocha — Igreja Sinodal

(Clicar na imagem para ampliar)



Nota: Felicito o meu amigo Georgino Rocha pela publicação de mais um livro de muito interesse para os católicos em geral e para os agentes de pastoral em particular.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O dia dos meus 77 anos

Um abraço a todos os amigos que, de várias formas, 
me testemunharam a sua generosidade, 
dirigindo-me palavras afetuosas, mensagens ternas, 
flores bonitas e espumantes borbulhantes… 



Partilho hoje, quase na íntegra,
um texto que escrevi e publiquei 
há cinco anos.

Hoje foi um dia inteiro para mim. Também para a família e amigos, que gostei de ouvir e de ler. Gosto desta data — 24 de Novembro — em que me sinto mais disponível para quantos me cercam e com quem estou. É o dia do meu aniversário.
Há 77 anos que estou no mundo e hoje de manhã, quando olhei para trás, de soslaio, senti que tive uma vida cheia de tudo: De amor recebido e dado, de alegrias, de amizades partilhadas, de conquistas alcançadas; também de um ou outro dissabor, de dores e tristezas. Colocado tudo nos pratos da balança da vida, o fiel inclina-se notoriamente para o lado das coisas boas. Reconheço que Deus me ajudou em muitas circunstâncias. Não tanto pelos meus merecimentos, mas seguramente pela sua infinita bondade.
Dou graças a Deus pelas pessoas que Ele pôs nos caminhos da minha vida; pelos que me desafiaram a vencer obstáculos; pelos que, mesmo sem eu o perceber de imediato, me ajudaram a ser mais solidário e mais sensível para com os que sofrem. E, ainda, pelos que constituem a minha família, próxima e mais alargada, que são bocados indeléveis de mim mesmo.
Durante este dia recebi inúmeras mensagens, por várias vias. De gente com quem partilho o dia a dia e de gente de quem não tinha noticias há muitos anos. Tudo contribuiu para reavivar recordações, sentimentos e emoções.
A mesa será posta para o encontro da família um dia destes, quando houver disponibilidade de todos. 

Fernando Martins

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Homens e Navios do Bacalhau



«A segunda fase do projeto “Homens e Navios do Bacalhau” foi apresentada ao público no âmbito da celebração do Dia Nacional do Mar. Apoiado pela Fundação Eng.º António Pascoal, este é um projeto de construção de memória em rede que está a ter impacto muito positivo nas comunidades e permite ao Museu Marítimo de Ílhavo investigar e divulgar os dois patrimónios mais relevantes da pesca do bacalhau: os homens e os navios.
A pesquisa cruzada entre a base de dados dos homens e a dos navios já é possível nesta fase. Para além da consulta aos dados referentes a todos os navios bacalhoeiros de 1835 a 2005, também é possível contribuir para a construção do histórico do navio, contribuindo com sugestões de informações, relatos ou novos dados.
Ao funcionar como uma rede social da memória, o portal “Homens e Navios do Bacalhau” pode, a partir de em abril de 2016 ser regularmente enriquecido pelo Museu, pelos familiares ou pela comunidade, com novos dados, informações, imagens, vídeos ou documentos.»

Ver mais aqui 

Fonte: MMI

domingo, 22 de novembro de 2015

Figueira da Foz: Miradouro da Bandeira — Uma sentinela a vigiar o mar


Trabalho de Margarida Paes


O rio Mondego desagua na Figueira da Foz e a norte desta cidade uma elevação calcária, ponto noroeste da serra da Boa Viagem, forma um penhasco com 250m de altura, quase vertical, sobre o mar e a costa. Neste ponto alto com a costa a espalhar-se para sul e para norte, a função de vigia foi naturalmente adoptada e mal se viam embarcações suspeitas de pirataria na parte sul era hasteada uma bandeira para avisar a população da parte norte deste penhasco e vice-versa. Naturalmente o sítio passou a chamar-se Miradouro da Bandeira e dali se avista toda a planície costeira que parece desenhada em arco de areia e espuma do mar em linha branca, seguida de uma densa floresta para o interior, formando a região da Gândara.

Guerras são desgraças

«As guerras demoradas terminam sempre 
com a destruição ou com a desgraça 
dos dois beligerantes»

Xenofonte (-430/-355), historiado
 e soldado da Grécia Antiga

Papa Francisco é uma «bússola» para o mundo

Papa Francisco é uma «bússola» para o mundo 
e o «encontro» é o maior desafio que lança à Igreja, 
diz Tolentino Mendonça



O padre José Tolentino Mendonça considera que «a palavra forte e firme do papa Francisco é verdadeiramente uma bússola» e o termo «"encontro", no seu dinamismo, representa talvez o maior desafio que faz à Igreja».
As declarações do vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa foram proferidas no programa "Il diario di Papa Francesco", que a televisão Tv2000, da Igreja católica em Itália, transmitiu esta quinta-feira.
Na emissão em direto, o anterior diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura foi convidado a eleger uma palavra das palavras que caracteriza o ensinamento de Francisco, tendo escolhido «encontro», substantivo que se lhe apresenta como um «programa».

Ler mais aqui


Dois pesos e duas medidas, não!

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO


«Porque não dar a conhecer as personalidades, 
os países e os movimentos muçulmanos 
que lutam contra o ódio e a guerra?»

1. A Revista Islâmica Portuguesa [1] Al Furqán fez uma declaração muito ampla sobre os acontecimentos de Paris. Destacamos a seguinte passagem: O ser humano merece viver em paz, independentemente de raça, credo ou cor.Não ao que aconteceu em Paris. Não ao que se passa na Palestina. Não ao que ocorre na Síria. Não ao que acontece no Iraque. Não ao que ocorre no Afeganistão. Não ao que se passa na Birmânia. Não e não aos massacres, não às atrocidades, não ao egoísmo e não à hipocrisia. Ninguém deve ser outro, mas sim o respeito mútuo. Merecemos viver num mundo melhor.
No mundo contemporâneo, global, nada é simples. Já quase não existem sociedades homogéneas do ponto de vista étnico ou religioso. Ao contrário da opinião corrente, como mostra L’Atlas des Religions (2015), nem todas as religiões são instituições petrificadas. Muitas delas evoluem, deslocam-se, recompõem-se como as culturas e as civilizações.

sábado, 21 de novembro de 2015

Figueira da Foz: A arte urbana para nosso encanto


A arte urbana, quando tem qualidade, torna o ambiente para apetecido. Os passantes, com ela a desafiá-los, têm uma oportunidade para descansar na hora da caminhada. Param, apreciam a obra do artista, quando o é de verdade, e não se cansam de olhar de vários quadrantes, porque de cada posição, de cada hora do dia, o quadro anima-se e anima-nos.

A violência nas religiões

Crónica de Anselmo Borges 


«O pensamento total 
desemboca em totalitarismo»

1 Na base das religiões está a experiência do Sagrado, de Deus, de quem se espera salvação para todos. Mas, depois, é o que se sabe: há uma brutal "história criminosa" das religiões, devendo, porém, acrescentar-se que essa história se estende ao ateísmo, que cai no mesmo paradoxo: uma das suas razões é a tolerância, mas, depois, foi também o horror - basta citar o nazismo e o comunismo e o seu ateísmo. E isto dá que pensar.
Como faz notar o teólogo J. I. González Faus, "a violência não é própria da experiência crente: é, sim, intrínseca ao ser humano", por necessidade de autodefesa e de sobrevivência, sobretudo por causa da sua dimensão racional e da pretensão de universalidade, intrínseca à razão: "A maior parte das violências impostas por alguns contra outros apenas pretendiam, em teoria, fazê-los "entrar na razão" ou "aceitar a verdade"." Nas religiões, lá está o alegado encontro exclusivo com a verdade e a necessidade de impô-la, precisamente para defender a verdade e Deus. Foi isso que aconteceu também com o comunismo, que, segundo uma expressão de Karl Marx, "é a resolução do enigma da história e sabe que o é".

É como dizes: Sou Rei

Reflexão de Georgino Rocha



«Jesus quer afirmar positivamente
 que “outro mundo é possível”»

Jesus e Pilatos estão frente a frente. Sem mediadores. No tribunal do procurador romano que podia ditar sentenças de morte. Diálogo directo e claro sobre questões fundamentais. Marcos o narrador do encontro condensa-o de forma exemplar na realeza de Jesus. “És o Rei dos Judeus?”- pergunta Pilatos. “É por ti que o dizes ou foram outros que to disseram de Mim?” responde Jesus, indagando a fonte de informação e devolvendo a questão ao seu interlocutor. (…) “Que fizeste”? prossegue o procurador. A explicação é dada abrindo um horizonte novo: “ O meu reino não é deste mundo” (…) “Então, Tu és Rei?” “É como dizes: sou Rei”, declara com prontidão Jesus que encaminha o diálogo inquisitorial para a questão da verdade, terminando por afirmar:” Todo aquele que ama a verdade escuta a minha voz”.
Não será difícil imaginar a confusão que iria na cabeça de Pilatos. A progressão da conversa é desconcertante. O réu apresenta-se como verdade que ele procura. Possui uma realeza que não é deste mundo que ele nem sequer sonha. Afirma-se rei sem qualquer restrição de tempo e de espaço. Não se confina aos judeus e à época em que vivia. Garante ser testemunha e porta-voz da verdade. Então e a lei romana e o seu famoso direito? O procurador via nas respostas simples e claras de Jesus serem questionadas as suas convicções mais consistentes e estruturantes.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Portugal tem as melhores estradas da Europa

Afinal, somos um país bem estruturado! 
Vejam só: A nível de autoestradas 
somos os melhores da Europa



«Portugal completou já a rede transeuropeia principal de transportes rodoviários e tem nesta área infraestruturas da melhor qualidade europeia, segundo o painel de avaliação de transportes da Comissão Europeia, hoje divulgado.»

Li no Sapo

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ares de Outono: Soneto de Florbela Espanca



Outonal

Caem as folhas mortas sobre o lago;
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silêncio… Olha, anoitece!
 — Brumas longínquas do País do Vago…

Veludos a ondear… Mistério mago…
Encantamento… A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago…

Outono dos crepúsculos doirados,
De púrpuras, damascos e brocados!
— Vestes a terra inteira de esplendor!

Outono das tardinhas silenciosas,
Das magníficas noites voluptuosas
Em que eu soluço a delirar de amor…

Florbela Espanca,
“Charneca em Flor”, in “Poesia Completa”


Mundo perigoso

«O mundo tornou-se perigoso, 
porque os homens aprenderam a dominar a natureza 
antes de se dominarem a si mesmos.»

Albert Schweitzer (1875-1965), 
teólogo, filósofo, músico e médico alemão


Escritores e a Ria de Aveiro — 5



«Eu nunca tinha visto a ria de Aveiro. Daí — dirão — este meu entusiasmo. Ora a laguna, com os seus múltiplos canais, seus campos encharcados, seus horizontes abertos, sua exuberância de luz e seu sonho de distância — é bela sempre e cada vez mais, afirmam os que todos os dias se banham no mistério da sua extensão panorâmica.
A ria de Aveiro — é uma maravilha. Fujo a descrevê-la, porque isso não está agora no meu programa.
Faltam aos meus olhos os palácios de mármore, as colunas de oiro, as igrejas erguidas em renda, as margens coalhadas de sonho e arte: S. Maria degli Scalzi, S. Marcuola, a casa de Contarini, e a distância de oiro sobre gaze de azul de S. Giorgio Maggiore. Mas — lembro-me de Veneza… Uma Veneza despida, no seu estado imaculado, em plena exuberância primitiva, onde se adivinha a vontade de Deus, de tudo ficar como ele a criou. Maravilha contemplativa!
O canal segue até o mar, lá pr’a baixo, nem eu sei pr’a onde. E as margens respiram humildade e humildade; evolam-se dos pisos encharcados emanações salinas, vêem-se fumos de casas que há um quarto de século abrigam heróis que refazem as areias em seiva, até darem rosas e pão, frutos e sombra — e, ao longe, com riscos de asas brancas de patos ou de gaivotas, esplendem as cidades: cidades agachadas que se fizeram a esforços que nenhum homem da Cidade é capaz de entender: cidades a que se chamam vilas, aldeias, lugares, praias de doce título e dulcíssima vida laboriosa: a Gafanha, mais Gafanha, S. Jacinto, a Murtosa, o Bunheiro, a Torreira. Os fundos cenográficos são recortados em bruma que não cabe nas paletas dos pintores: a Gralheira, o Caramulo, e adivinha-se o Buçaco na má vontade da manhã, que acordou sombria.
É uma maravilha a ria de Aveiro!»

Norberto de Araújo (Lisboa, 1889; Lisboa, 1952), jornalista,
In “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 12, 1971

Tirania

«Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua»

Platão (-427/-347), filósofo e matemático da Grécia Antiga

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Carlos Fiolhais denuncia pseudociências

Carlos Fiolhais
Na “Visão” desta semana, Carlos Fiolhais denuncia pseudociências de que toda a gente ouve falar e muitos apreciam e seguem. Na abertura da entrevista, o jornalista Luís Ribeiro apresenta-o como «triturador de homeopatas, naturopatas, astrologias» e outras “ciências” que não passam de embustes. Estou com ele. 
Realmente, tal como Carlos Fiolhais, recebo muitos e-mails cheios de aldrabices, incluindo tratamentos milagrosos à base de frutos e plantas, capazes até de erradicar o cancro do nosso organismo. Também recebo denúncias não provadas, calúnias infames, informações sem sentido, muitas vezes dirigidas a pessoas honestas, obviamente de cores políticas opostas às dos seus divulgadores e difamadores. E fazem-nos covardemente, sob a capa do anonimato no suporte da Net. 
Já por várias vezes tive de devolver a pseudonotícia com a informação de que se trata de uma descarada mentira, cuja fonte não é mencionada. Alguns dão-se ao estúpido luxo de enviar textos atribuídos a conhecidos cronistas e pessoas de bem.

Figueira da Foz: Poesia na cidade




Clicar nas imagens para ler melhor

A Nossa Gente


Com a vida agitada que levamos, nem sempre damos conta de pessoas que ao nosso lado se entregam, de formas muito variadas, à comunidade a que pertencem, pessoalmente ou nas instituições. 
Tanto quanto me é possível, vou dando nota de pessoas e organizações que, não se fechando em si mesmas, oferecem  contributos preciosos para o desenvolvimento do nosso viver em comum.
Permitam-me que vos encaminhe por aqui e aqui. Boas leituras sobre excelentes exemplos para todos seguirmos, cada um a seu modo.

Servir e não servir-se

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de ontem


1. Dizem-me que a papolatria, que denunciei várias vezes nestas crónicas, morreu. Era um culto hipócrita usado para esconder as manobras anticristãs da Cúria vaticana e de algumas cúrias diocesanas. Quando o Papa Francisco manifestou que esses poderes arbitrários seriam desmantelados, os ratos não abandonaram a barca. Criaram redes, internas e externas, de sabotadores das iniciativas da liderança de Bergoglio.

Segundo essa opinião, não se trada da defesa da liberdade e do pluralismo na Igreja que, aliás, raramente tiveram um clima tão favorável. Procura-se semear alguns escândalos e multiplicar as insinuações para convencer os carreiristas clericais e os dirigentes de movimentos e instituições da Igreja de que o argentino está velho e um tumor no cérebro seria o responsável pelos seus desmandos doutrinais. A voz diária das missas na capela de Santa Marta, os discursos e as mensagens, a enumeração das quinze doenças da Cúria, desde a falta de autocrítica, avidez de poder, acumulação de bens materiais até à hipocrisia, não irão sobreviver a um funeral mais ou menos solene e próximo.
Confesso que essa tese me pareceu demasiado elaborada e vizinha das teorias da conspiração, mas foi o próprio Papa Francisco que, no passado domingo, dia 8, a confirmou, quanto ao essencial.

sábado, 14 de novembro de 2015

Ares de Outono: Jardim da Figueira da Foz


Há muitos que passam pelos jardins, públicos ou privados, a correr. A vida assim o exige inúmeras vezes. Mas se tivermos um bocadinho de calma, há sempre algo de diferente nos jardins por onde passamos apressados.
Tendo por tema as estações do ano, podemos garantir que novidades não faltam  em cada planta que nasce, cresce e envelhece: em cada flor que rebenta e se faz adulta até fenecer. O mesmo com os troncos, ramos, folhas e frutos. Com todas as suas formas e tonalidades variegadas. 
Hoje, no jardim municipal da Figueira da Foz. Encontrei-me com esta árvore que, na sua copa, permite apreciar vários tons.


Pequenas oportunidades

«Pequenas oportunidades são muitas vezes 
o começo de grandes empreendimentos»

Demóstenes (-384/- 322), 
político e orador da Grécia Antiga



Li no PÚBLICO


Jesus e o Vaticano

Crónica de Anselmo Borges no DN


1- Como se pode andar distraído! Como é que, tendo estado várias vezes na Praça de São Pedro, não fui ler o que está escrito no famoso obelisco, no centro da praça?! Foi preciso lê-lo agora em Jesús Bastante, que lembra que o obelisco veio do Egipto no ano 37 da nossa era, tendo sido trasladado, 15 séculos depois, do circo de Nero para o lugar que agora ocupa, fazendo o Papa Sisto V, em 26 de Setembro de 1586, gravar na sua base de mármore uma antiga fórmula de exorcismo: "Ecce crux Domini" (eis a cruz do Senhor), "Fugite, partes adversas" (Fugi, forças do caos) - um autêntico exorcismo, "Vicit Leo de tribu Juda" (o Leão da tribo de Judá venceu). Desse modo, a Praça de São Pedro delimitaria simbolicamente o enfrentamento entre o Bem e o Mal, "e o exorcismo impediria que o Demónio chegasse à sede de Pedro".

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Avisados, esperamos confiantes o Senhor

Reflexão de Georgino Rocha



Sentado no monte das Oliveiras, Jesus contempla Jerusalém e o seu Templo, de onde havia saído após o episódio da viúva que deitou todos os seus haveres na caixa de esmolas. E desabafa com os discípulos que lhe chamam a atenção para a grandiosidade da cidade e das suas contruções: “Não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Refere-se Jesus ao futuro imediato e longínquo: à sua paixão e morte, à invasão e destruição da cidade pelo exército romano e ao feixo da história, ao findar do tempo, à chegada de “uma nova primavera” da vida, à inauguração da eternidade feliz.

Marcos, o autor da narrativa, escreve mais tarde o seu evangelho e reveste esta “profecia” com uma linguagem codificada que só os iniciados entendiam. É a linguagem apocalíptica, com imagens dignas de um filme de ficção, de terror e angústia, mas portadoras de uma enorme esperança e elevação. De facto, é preciso, penetrar na “carruagem” vendo para além da “aragem” e situar a interpretação do texto na época e na cultura em quue foi escrito. Mc 13, 24-32. A apocalíptica destina-se a dar conforto em tempos de desânimo e de tentação, de deserção, de perseguição e de morte. É, normalmente, uma linguagem imperceptível pelos verdugos e entendida pelas vítimas. Vamos destacar algumas dessas imagens com a intenção de fazer despertar o sabor da mensagem que Jesus nos oferece.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Os direitos dos leitores



Hoje, na Biblioteca da Figueira da Foz, encontrei, mal cheguei, este aviso, logo à entrada, sobre os Direitos Inalienáveis dos Leitores. Li e reli o texto, ficando elucidado. Os deveres estão implícitos. Bom serviço da Comunidade de Leitores da Biblioteca da Figueira da Foz. Aqui, em qualquer recanto deste grande espaço de leitura, estudo, consulta e pesquisa, respeito esses direitos, mas não leio em voz alta, para não perturbar quem está.



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Bom São Martinho para todos

Com sol a brilhar, que o dia assim pede, evoquei o santo que, segundo a lenda, terá repartido a sua capa com um pedinte a tiritar de frio. Em homenagem a essa atitude, de atenção a quem precisa e de partilha solidária, o Criador terá abençoou esse gesto para a posteridade, dando-nos um sol que acalenta, precisamente neste período. Tenha havido esse milagre de Deus ou não, a verdade é que, face ao dia luminoso que hoje desfrutamos, me apetece sublinhar o facto.

Escrevi sobre o dia de São Martinho aqui


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De novo na Figueira da Foz



Estou de novo na Figueira da Foz. Busco por estas bandas renovar o astral para enfrentar com mais determinação o inverno que se aproxima, com as suas inevitáveis exigências. O mesmo espaço que não cansa, os mesmos ares que não destoam, os mesmos caminhos para andar. Mar por perto, foz do Mondego que desafia a destreza dos mestres dos barcos de pesca, areais a perder de vista e a serra da Boa Viagem debruçada sobre o casario que a envolve.
Olhos atentos, digital à espera de atuar, bloco de apontamentos para eventuais registos do que de novo ou inédito surge. Haverá sempre algo de interessante a reter e a partilhar, reflexões que me conduzam a tomar posições e a optar por novos caminhos ou por caminhos renovados, que a indiferença perante a vida é morte antecipada.
Depois, tudo o mais virá naturalmente.


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Jamie Oliver declara guerra ao açúcar

«As pessoas pensam que para comer bem 
tem de se ser rico. 
Isso aborrece-me porque nas minhas viagens 
a comida mais extraordinária que experimentei 
foi sempre em comunidades pobres»


Passou um ano a viajar por países onde há pessoas a viver até aos 100 anos. Contratou professores para estudar nutrição. Fez 40 anos, foi isso. Voltou com um novo livro e programa de televisão e com menos alguns quilos. E elegeu o seu novo grande inimigo: refrigerantes cheios de açúcar.

Uma entrevista de ALEXANDRA PRADO COELHO (texto) e MIGUEL MANSO (fotos, em Londres)

Ler no PÚBLICO

DIVORCIADOS RECASADOS

Patriarca de Lisboa: 
"Estou cheio de curiosidade" 
sobre o que o Papa vai dizer 
da comunhão dos divorciados


«Patriarca de Lisboa pensa que possibilidade de divorciados recasados poderem voltar a comungar não está prevista
Nesta entrevista de balanço de um debate de dois anos sobre a família, D. Manuel Clemente diz que a doutrina da conceção foi mantida porque assim pensam muitos grupos de católicos e que a proposta cristã "não passa por validar" as relações homossexuais. Já sobre o processo, o patriarca considera muito positivo o aparecimento de ideias diferentes, diz que é precisa outra política de habitação e de apoio às famílias e alerta para os riscos do crescimento da xenofobia na Europa.»

Ler entrevista no Diário de Notícias

domingo, 8 de novembro de 2015

Acordo sem simpatia

«Acordo sem simpatia dá uma relação antipática»

Hugo Hofmannsthal (1874-1929), escritor austríaco

Li hoje no PÚBLICO

NOTA: Será que isto tem alguma coisa a ver com a situação política atual? Ou será pura coincidência? 

Escritores e a Ria de Aveiro - 4

Bestida
«No velho pontão da Bestida, que as invernias todos os anos despedaçam, dir-se-ia que Portugal acaba. Portugal e a terra na sua solidez física, nos seus costumes mais vulgares, e até nalguns dos elementos mais primordiais da sua vida. É outro mundo, líquido, brumoso, feito de distância azul, isolado do continente por uma ria maravilhosa, paleta de mil cores, tão larga que cabe nela o Tejo, nos seus dois quilómetros de água tranquila e adormecida. Fecham-se atrás de nós, como sob o pano de uma ribalta, as terras ribeirinhas da Murtosa, e de Bunheiro, entre pâmpanos virentes, muito tufados, milheirais extensos que ondeiam as suas bandeiras doiradas, pomares cerrados, onde os ramos já nos estendem os frutos maduros, corados de sol, que fendem a casca, pejados de sumo.»

Artur Portela

800 anos é muito tempo!

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO


«Cada sociedade
 tem a sua história
 reescreve-a à medida 
que ela mesma muda»


1. Continuam a perguntar-me o que significa o acrescento, O.P., à minha assinatura, nomeadamente nestas crónicas.
Explico. Em 1953, no Convento de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, abrindo o tempo de Noviciado, o Prior conventual, numa celebração comovente, perguntou-me: que pedis? A misericórdia de Deus e a vossa, respondi.
Disse-me que esperava que já tivesse recebido a misericórdia de Deus, mas a da Ordem dos Pregadores (O.P), não era incondicional. Depois de um tempo de experiência, haveria uma avaliação recíproca e nela se veria se queríamos continuar juntos ou não. Entretanto, Frei Bento passava a sobrepor-se ao nome que usara até esse dia.
Não estranhei muito, pois o padroeiro da minha aldeia é S. Bento e muito perto havia a romaria de S. Bento da Porta Aberta, a mais importante do norte de Portugal. Por outro lado, o meu irmão chamava-se Domingos e ao entrar na Ordem fundada por S. Domingos, passou a chamar-se Frei Bernardo!

sábado, 7 de novembro de 2015

Papa lamenta padres e bispos «agarrados ao dinheiro»

Avareza (det.) | Pieter Bruegel, o Velho
«Também na Igreja há pessoas assim, que em vez de servir, de pensar nos outros», acabam por «se servir da Igreja: os arrivistas, os agarrados ao dinheiro. E quantos sacerdotes e bispos temos visto assim. É triste dizê-lo, não?», disse o papa. E disse mais: À «radicalidade do Evangelho, do chamamento de Jesus Cristo a servir, a estar ao serviço, de não se deter, de ir sempre mais além, esquecendo-se de si próprio», alguns respondem com a «comodidade do estatuto»: «Eu atingi um estatuto e vivo comodamente, sem honestidade, como aqueles fariseus de que fala Jesus, que passeavam nas praças, fazendo-se ver pelos outros».

Ler mais aqui

NOTA: Leio, frequentemente, elogios dirigidos ao Papa Francisco pelo seu testemunho de vida, pela sua coragem, pela sua determinação e capacidade de denúncia do que vai mal no mundo e na Igreja, que está, ou deve estar, no mesmo mundo. Mas se denuncia, também anuncia os caminhos do evangelho de Jesus Cristo. É, portanto, um grande profeta do nosso tempo. Também ouço, por aqui e por ali, que a Cúria Romana e uns "ortodoxos" (Sem ofender os nossos irmãos na fé das Igrejas Ortodoxas) ou radicais tradicionalistas, nostálgicos do passado, que os há por cada canto, estão atentos para, no silêncio dos manhosos, perturbar a coragem genuína do papa que veio do outro lado do mundo para purificar a Igreja de Cristo.


A pessoa: ser em tensão

Crónica de Anselmo Borges no DN


Anselmo Borges
«A luz racional é afinal apenas 
uma ponta num imenso oceano 
inconsciente e também tenebroso»

Já não é sustentável uma concepção dualista do ser humano, à maneira de Platão ou Descartes: composto de alma e corpo, matéria e espírito. O homem é uma realidade unitária, para lá do dualismo e do materialismo. O jesuíta J. Mahoney, que já foi membro da Comissão Teológica Internacional, escreveu de modo feliz: "Não se deve considerar a alma humana, constitutiva da pessoa, como se fosse um espírito puro infundido a partir de fora num receptáculo biológico no instante da concepção, mas referir-se a ela mais apropriadamente entendendo-a como um brotar ou emergir a partir do interior do próprio material biológico dado pelos progenitores, genuínos originantes pela sua parte, sem necessidade de ter de recorrer a uma intervenção divina quase milagrosa, para a produção de uma nova realidade. Portanto, a afinidade que existe entre matéria e espírito permite-nos, e inclusivamente exige-nos, considerar o emergir da nova pessoa humana como um processo que leva tempo e requer um certo período de existência pré-pessoal como o umbral através do qual se dá a passagem a uma existência animada no sentido pleno da palavra."

Pobre viúva, rica mulher

Reflexão de Georgino Rocha

«A doação por amor 
é a suprema razão da vida 
que gera alegria 
e faz brotar a felicidade»

Jesus adopta o contraste para deixar claro o seu ensinamento sobre a boa nova que pretende implementar. É a novidade do Reino de Deus que o apaixona e constitui a sua missão prestes a atingir o ponto culminante da realização. Após os diálogos tensos com os saduceus, fariseus e herodianos, surge agora a vez dos escribas. Mc 12, 38-44. O local é a esplanada do Templo. Está presente a multidão que o acompanha e os discípulos que o rodeiam. A exortação sai clara e veemente. “Acautelai-vos dos escribas”. E a explicação é convincente e não deixa margem a dúvidas. Exibição, vaidade, presunção, exploração e usurpação de bens. “Devoram a casa das viúvas a pretexto de fazerem longas orações”. Verificação terrível! E a sentença que os espera será muita severa. Quem não fica “incomodado” com o realismo e a força desta interpelação, a abrangência e actualidade da sua denúncia, o impacto do contraste de quem enriquece à custa dos pobres indefesos e da fraude legitimada pelo recurso às práticas religiosas?!

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Postal Ilustrado: Primeiro Prior da Gafanha da Nazaré

Prior Sardo 


Se neste número do Timoneiro volto a rememorar o nosso primeiro prior, Padre João Ferreira Sardo, razões terei para isso. Há uns meses, os vândalos que de vez em quando encalham na nossa terra, causando estragos irreparáveis, roubaram as legendas que explicavam a quem passasse pelo Jardim 31 de Agosto quem foi o vulto que justificou aquela estátua de corpo inteiro. Soubemos, pelo presidente da Junta de Freguesia, Carlos Rocha, que a reposição das referidas legendas está a ser equacionada pela Câmara Municipal de Ílhavo e pela autarquia a que preside, tendo como ponto de partida a certeza de que não poderá ser utilizado material igual ao anterior, pela simples razão de que será um desafio para novo vandalismo. Sabemos que estas tarefas não terão solução fácil, mas pensamos que algo deverá ser feito com a brevidade possível.
Este lamentável caso trouxe-nos à memória, uma vez mais, a personagem marcante dos princípios da nossa terra, como paróquia e como freguesia, porque soube ombrear com a missão de unir o povo para se atingirem os objetivos que tanto almejava como pároco e como cidadão. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Ares de Outono: poema de Miguel Torga



Outono

Outono.
(A palavra é cansada…)
Tudo a cair de sono,
Como se a vida fosse assim, parada!

Nem o verde inquieto duma folha!
O próprio sol, sem força e sem altura,
Olha
Dum céu sem luz e levedura.

Fria,
A cor sem nome duma vinha morta
Vem carregada de melancolia
Bater-me à porta.

Miguel Torga

Leiria, 11 de outubro de 1940, 
em “Poesia Completa” 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Escritores e a Ria de Aveiro - 3

S. Jacinto à vista


«A região de Aveiro é uma pequena Holanda em clima e luz ocidentais. Provavelmente pela extensa superfície de evaporação de centos de hectares de água salgada, toda esta região se distingue no norte do país pela luz irisada que a banha e de momento a momento muda de tom. Por vezes julgamo-nos aí transportados a uma região ideal.»

António Arroio, engenheiro e crítico, Porto, 1856; Lisboa, 1934
"Origens da Ria de Aveiro”, de Orlando de Oliveira

Olhou-os com misericórdia…

Bispo de Aveiro:
Carta Pastoral na Semana dos Seminários


Seminário de Aveiro (Foto do meu arquivo)


«A semente que cai em boa terra expressa o mistério do crescimento e a força da Palavra de Deus (Mc4,26-29). Temos de aprender, confiadamente, que os frutos pertencem a Deus e a nós compete-nos semear. Para germinar é preciso tempo, e como vivemos numa sociedade absorvida pela cultura do ‘imediato’, custa-nos entender o mistério escondido na semente que germina. O trabalho do homem é importante, mas não dá o crescimento; este depende da ação gratuita de Deus. Podemos ver isto mesmo no Salmo 127: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores”.»

De JARBA a APA



No dia da festa em honra da Senhora dos Navegantes, tive oportunidade de registar em foto um dado curioso, bem à vista de quem passa. Só hoje, ao arrumar as fotos, me ocorreu explicar o que significa o acrónimo JARBA, que corresponde a Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro, avó da atual APA (Administração do Porto de Aveiro S.A.).
Cronologicamente falando (neste caso escrevendo), a JARBA nasceu por decreto de 7 de dezembro de 1921, mas somente foi regulamentado em 18 de dezembro der 1923.
Os anos foram passando e as circunstâncias foram mudando. Em 1950 nasce a JAPA (Junta Autónoma do Porto de Aveiro), integrada nos estatutos orgânicos dos portos, e assim foi designada até 1998, ano em que, por decreto-lei n.º 339/98, de 3 de novembro, foram extintas as Juntas Autónomas. No mesmo ano foi criada a APA. 
O edifício, que terá a idade indicada no cimo, era um armazém daquela entidade portuária.


terça-feira, 3 de novembro de 2015

Dia Nacional do Mar


O Museu Marítimo de Ílhavo assinala o Dia Nacional do Mar com diversas atividades ao longo do dia. De manhã, uma visita especial e restrita aos bastidores do Aquário para o público familiar. À tarde, jornadas dedicadas à embarcação "Vouga" com diversas intervenções, uma visita especial e guiada ao Vouga "Ventura" na Sala da Ria do Museu e a doação de um modelo desta embarcação realizada pelo nosso parceiro TEAM. Destaque para a entrega de prémios do 3.º Concurso de Modelismo Náutico do Museu Marítimo de Ílhavo, e a apresentação da 2.ª fase do Projeto Homens e Navios do Bacalhau.

Ver programa aqui

O homem sem educação

«O homem sem educação, por mais alto que o coloquem, 
fica sempre um subalterno»

Ramalho Ortigão (1836-1915), escritor português

Pataniscas de Bacalhau “À Arrais”

Para divulgar a nossa gastronomia 



Ingredientes

1 Kg de migas de bacalhau demolhadas 
2 cebolas picadas 
4 dentes de alho picados 
Salsa picada a gosto 
Pimenta a gosto 
3 chávenas de leite 
2 chávenas de farinha sem fermento 
6 ovos

Preparação

Num alguidar, junte as migas desfiadas com a cebola, o alho, a salsa e a pimenta a gosto. 
Prepare o polme, juntando os ovos com o leite e a farinha. Mexa muito bem com a varinha mágica. De seguida, junte o polme e envolva bem. 
Vai a fritar em óleo a lume brando.

Receita gentilmente cedida pela D. Florinda Gonçalves, autora do prato vencedor, do Concurso Gastronómico (pelo Grupo Folclórico “O Arrais”), na categoria “Entrada”, realizado no âmbito do Festival do Bacalhau 2015.

Nota: Transcrito da Agenda "Viver em..." da CMI