segunda-feira, 21 de março de 2016

Chegada da primavera

Crónica de Maria Donzília Almeida


Hoje, chegou finalmente a estação tão desejada, por toda a gente. Um inverno impiedoso, com chuvas intensas e frequentes, já estava a cansar. Mas apesar de o calendário nos dizer que ocorreu o equinócio da primavera, o tempo fez muitas caretas e parecia não querer deixar o sol afagar-nos, a nós humanos sedentos de calor.
Por entre abertas e pequenas garroas, o sol lá ia espreitando por entre as nuvens e a certa altura, manifestou-se em todo o seu esplendor – um arco-íris a toda a extensão do horizonte. Fiquei verdadeiramente deslumbrada com um espetáculo de tanta beleza e lembrei-me do que estudei na Física, nos meus verdes anos.
O arco-íris é um fenómeno ótico causado pela refração da luz solar, nas gotas de água da chuva, presentes na atmosfera. A refração divide a luz solar branca, em espetros coloridos, que caracterizam o arco-íris.
O mesmo fenómeno pode ser reproduzido em outras situações, através da refração da luz por um prisma de vidro.
Todos os objetos apresentam um determinado índice de refração e as gotas de chuva também. Elas funcionam como se fossem um prisma natural, mas precisam ter um tamanho e formato certos para formar o arco-íris.
A refração é o processo de desvio do feixe de luz que, ao passar de um meio material para outro (o ar, para a água da gota de chuva) sofre um atraso. Um lado da onda de luz desacelera primeiro que o outro, causando a separação das cores de acordo com a frequência. É isso que a gota de chuva faz com a luz. Ao passar do meio material do ar, para a água da gota de chuva, a luz sofre uma refração, desvia no interior da gota e depois sofre uma nova refração ao sair da gota de chuva.
Mas, se fosse só isto, veríamos então, ao invés de um arco-íris, vários feixes de luz colorida (com cada gota de chuva refletindo todas as cores do arco-íris: laranja, amarelo, vermelho, verde, anil, azul e violeta) e não todos eles juntinhos formando um arco.
A questão é que, quando a gota de chuva refrata a luz solar, as cores vão se separando de acordo com sua frequência, em ângulos diferentes com relação ao observador. Desta forma, apenas uma cor estará posicionada num ângulo visível ao observador. E da mesma forma, todas as outras gotas ao redor desta, refratarão a mesma cor em direção ao observador, formando uma faixa larga de determinada cor que caracteriza o arco-íris.
Curiosamente em Língua Inglesa, chama-se rainbow (arco da chuva) e foi o nome do manual escolar da língua que lecionei, durante um bom par de anos.
Quando observo um plúmbeo céu a derramar as suas lágrimas para a terra e logo a seguir vem o sol fazer festinhas às nuvens ….fica-me o coração alvoroçado, pois sei que a Providência me vai presentear com um festival de cor.
Foi isso que aconteceu hoje e eu sinto-me grata pelas maravilhas que Deus nos concede.

20.03.2016



Sem comentários:

Enviar um comentário