sábado, 30 de abril de 2016

Encontro de antigos alunos da EICA

53 convivas gozaram o prazer das recordações






Participei hoje no encontro de antigos alunos da EICA (Escola Industrial e Comercial de Aveiro) no restaurante Marisqueira da Costa Nova. Foram 53 os convivas que gozaram a alegria do encontro e o prazer das recordações vivenciadas na década de 50 do século passado, uns com os outros. Presentes na memória de todos professores marcantes das nossas vidas.
Bailaram entre nós brincadeiras, anseios e projetos de há uns 60 anos que nos tornaram homens capazes de apostar, ontem como hoje, num mundo mais solidário. E a abrir, o Rosa Novo, de Ílhavo, sugeriu aos presentes, antes da refeição, um minuto de silêncio em memória dos que já partiram deste mundo, sinal de que continuam em nós e connosco.
Naquele tempo havia alunos da região, mais próxima e mais alargada. O ensino ainda estava longe de se democratizar e nem todas as crianças e jovens tinham acesso às escolas. Os sacrifícios dos pais eram enormes e os filhos, isolados nas aldeias de origem, ficavam frequentemente privados do ensino público. Recordo colegas de Ílhavo, Ovar, Águeda, Vagos, Oliveira do Bairro, Estarreja, etc. Levantar cedo para apanhar o comboio e outros transportes e regressar a casa ao fim do dia, cansados, sem tempo para estudar. E tantos que se deslocavam de bicicleta e uns poucos de motorizada. Atualmente é tudo diferente. Ainda bem…
Felizes são os que, com mais de 70 anos, têm o privilégio e a capacidade de evocar infâncias e juventudes difíceis com risos, gargalhadas e sentido de humor. Todos reformados ou aposentados, mas nenhum com sinais de quem rejeita a vida e as alegrias da existência, pese embora um certo cansaço de quem calcorreou caminhos e veredas sinuosas e até íngremes. 
O restaurante serviu bem e soube acolher. Já nos conhece. E daqui a um ano, se Deus quiser, voltaremos.
Um abraço fraterno para todos os convivas. Mas também para os que não puderam vir…

Fernando Martins

NOTA: As fotografias foram as possíveis registadas do lugar em que estava sentado.  

Os doutores da letra

Crónica de Anselmo Borges 


«A família é o espaço fundamental 
para o amor, a alegria, a doação»

1. Sobre a verdade há duas perguntas: "O que é a verdade?" e "Quem é a verdade?" Pilatos perguntou a Jesus: "O que é a verdade?" Jesus não era filósofo no sentido estrito e, assim, não colocava o acento na pergunta: "O que é a verdade?", com todos os debates que implica. Jesus estava interessado na verdade que cada pessoa é e na sua felicidade e realização plena, respondendo de modo praxístico à pergunta: "Quem é a verdade?" A verdade é cada pessoa na sua dignidade. Jesus veio para que essa dignidade não seja espezinhada, mas exaltada e concretizada adequada e plenamente no reino de Deus, aquele reino do Deus que é amor e misericórdia, que criou não para a sua maior honra e glória, mas para que todas as pessoas se possam realizar em plenitude. Todas. Esse é o interesse de Deus. Essa é a verdade do Evangelho enquanto notícia boa e felicitante.

O Espírito de Deus toma decisões connosco

Reflexão semanal
de Georgino Rocha


Georgino Rocha

«O amor a Jesus concretiza-se 
em atitudes e gestos de serviço 
e misericórdia»


Jesus está a despedir-se dos seus apóstolos. Diz-lhes as confidências que guarda para a hora derradeira. João, o evangelista da narração, faz deste momento uma bela construção literária e teológica em que vão surgindo perguntas dos amigos preocupados e curiosos. Após Simão, Tomé e Filipe, surge Judas não o Iscariotes com a sua: “Senhor, porque vais manifestar-Te a nós e não ao mundo?” A resposta de Jesus está centrada no amor de quem guarda a sua palavra, na promessa do Espírito que recorda e ensina, no dom da paz que liberta e serena a perturbação do coração.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Poluição pelo Petcoke vai acabar no Porto de Aveiro

Assembleia da República
aprova projetos do PS, BE e CDS 
 
Porto de Aveiro
Os projetos da resolução da poluição pelo Petcoke dos grupos parlamentares do PS, BE e CDS foram votados e aprovados hoje, 29 de abril, na Assembleia da República. Aqueles projetos defendem todas as reivindicações apresentadas pela ADIG (Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha da Nazaré), nomeadamente, a construção da Barreira Eólica contra ventos dominantes, de Norte e Noroeste, bem como da Bacia de Contenção de Lixiviados e a Estação de Tratamento, para evitar escorrências para a Ria.
Defendem também a instalação de uma Estação de Monitorização da Qualidade do Ar, na envolvente do Porto de Aveiro, em permanência, a plantação de uma Barreira Arbórea entre o Porto Comercial e as habitações da Gafanha da Nazaré, para suster algumas poeiras poluidoras que ainda se libertem.
 A ADIG informa que tem promovido reuniões com a APA (Administração do Porto de Aveiro) e com a Cimpor, que originaram cuidados consideráveis no manuseamento do Petcoke no Cais Comercial, com melhoria da qualidade do ar na Gafanha da Nazaré. Afirma por fim que tem indicações de que vão ser realizadas as obras entre maio e outubro, devolvendo à Gafanha da Nazaré e povoações limítrofes um ar mais respirável, com a inerente melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.

Fonte: ADIG

Poder de novo voltar a ser... Mar...

Um poema de Senos da Fonseca 


Poder de novo voltar a ser... Mar...

Olho a tua grandeza
A imensidão das tuas lonjuras
E de um modo absurdo
Sinto que (ainda) existo
Num passado que foi teu.

Sinto-o no desassossego que me causas
Sinto-o na pequenez que me rodeia
E apetece-me perguntar:
Porque nos não ajudas
De novo a cumprir Portugal ?

A partir para achar,
Cá dentro,
A árvore, a flor, a praia, a ave e a fonte
A encher de esperança as horas navegadas
Para assim ultrapassar o medonho.

Galgar valas, aldear encostas, subir os montes
Em conquista de novo o sonho
A recuperar altivez,
E entre o chão encontrado e o império perdido
De novo, tão só, voltar a ser português.

A desejar querer
Poder de novo ser
Povo de um País amanhecido.


Do livro Maresias

“A História colectiva é uma grande mentira”

Svetlana Alexievich
em entrevista ao PÚBLICO


A pluralidade de vozes é a única maneira de nos aproximarmos dessa verdade?

Creio que a verdade é como uma sinfonia. Nós estamos aqui a conversar, mas se amanhã nos pedirem para relatar o que se passou, cada um terá uma versão diferente. Só se unirmos as várias versões, as várias vozes, conseguiremos construir a História, que é uma soma dessas experiências individuais. A História colectiva é uma grande mentira. Quando ouvimos as pessoas, elas dizem coisas inesperadas, coisas que não sabíamos.

Ler toda a entrevista aqui

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Couto de Esteves - 1927



De vez em quando gosto de me isolar no sótão, onde o sossego é absoluto. Hoje nem música ouvi. Deu-me para ver a revista "Ilustração", de que tenho alguns números. No exemplar de 16 de novembro de 1927, encontrei esta foto alusiva a Couto de Esteves, Sever do Vouga, A legenda é clara: Pastora de Couto de Esteves. A foto foi registada por José M. Coutinho. Alguém o terá visto por Couto de Esteves? E quem sabe o nome da pastora?

A contracosta de Angola

Gostei de ler 

«Irrita-me esta obsessiva atitude de tratar com pinças o tema angolano. Enquanto a não ultrapassarmos, a possibilidade das coisas mudarem para melhor mantem-se afastada. Acharia saudável que mais pessoas surgissem nos media portuguesa a falar e escrever sobre Angola. Não para passar “recados” de qualquer um dos muitos lados do tema ou para incendiar irresponsavelmente o ambiente. Mas para escalpelizar friamente cada uma das questões que se abrem, sem suscitar de imediato a suspeição da conspiração ou do frete.»

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Imagens que cativam


Quando passo pelo Jardim 31 de Agosto não posso deixar de olhar para o espelho que o Centro Cultural da Gafanha da Nazaré nos oferece, com imagens momento a momento alteradas pela luz do sol, pelo ângulo escolhido, pelos reflexos projetados e pelas sombras que completam o quadro. Hoje senti mais uma vez o que o homem e a naturezas nos proporcionam. Passem por lá.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Frei Bento Domingues em Aveiro

CUFC | 4 de maio | 21 horas


A Exortação Apostólica “A Alegria do Amor” foi divulgada pelo Papa Francisco no dia 8 de Abril. Exigindo uma nova pastoral, o seu fio condutor é a misericórdia para ir ao encontro de todas as famílias. 
Aproveitando a estada em Aveiro de Frei Bento Domingues na primeira semana de maio, o CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) convida toda a comunidade académica e todos os interessados para participarem na reflexão que o frei Bento se disponibilizou a fazer sobre este novo documento do Papa. 
Será dia 4 de maio, uma quarta-feira, às 21h, no CUFC.

Papa Francisco sempre atento

Diz-se que «está na hora dos leigos, 
mas parece que o relógio parou»: 
Papa adverte para perigos do clericalismo


«O clericalismo leva à funcionalização do laicado; tratando-o como “mandadeiro”, coarta as diferentes iniciativas, esforços, e chego ao ponto de dizer, ousadias necessárias para poder levar a Boa Nova do Evangelho a todos os âmbitos da atividade social e, especialmente, política.»
(...)
É «impossível» pensar que o clero tem de ter «o monopólio das soluções para os múltiplos desafios» da vida contemporânea. «Ao contrário, temos de estar ao lado da nossa gente, acompanhá-la nas suas procuras e estimulando a imaginação capaz de responder à problemática atual. E isto discernindo com a nossa gente, e nunca pela nossa gente ou sem a nossa gente»

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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Promessas escutistas na Gafanha da Nazaré


Saúde, Felicidade e Espírito de Serviço

No sábado, 23 de abril, na missa das 19 horas, houve promessas das várias secções do Agrupamento 588 do CNE (Escutismo Católico Português), que tem por patrono D. José de Lencastre. Igreja cheia de jovens com os seus dirigentes e familiares para participarem na Eucaristia presidida pelo nosso pároco, Padre César Fernandes, que exortou os presentes a levarem à prática, no dia a dia, o mandamento novo — Amai-vos uns aos outros como eu vos amei —, numa alusão clara ao Evangelho do dia. «Sois sinais de Deus no mundo, com a certeza de que Jesus está connosco até ao fim dos tempos», disse.
Reforçou a ideia, alicerçada na promessa que juraram pela sua honra, que urge servir Deus, a Igreja e a Pátria, sempre atentos aos que mais precisam, sobretudo «na tristeza, no sofrimento e na dor», apostando «na gratidão e na construção de um mundo novo».
O nosso prior evocou Baden-Powell (BP), o fundador do escutismo, afirmando que foi um homem que soube descobrir um método educativo tão especial, que deu origem à maior organização juvenil a nível mundial.


Na cerimónia, foi lembrado, citando BP, que «o escutismo é um movimento cuja finalidade é educar a próxima geração como cidadãos úteis e de vistas largas. A nossa intenção é formar Homens e Mulheres que saibam decidir por si próprios, possuidores de três dons fundamentais: Saúde, Felicidade e Espírito de Serviço.»
João Pedro Lagarto, Chefe do Agrupamento, frisou que as promessas «são uma meta porque são fruto de grande preparação para chegar a este momento, significativo e fundamental para a caminhada escutista», mas também são «ponto de partida para levar à prática os princípios essenciais da lei do escuta», que assenta na confiança, na lealdade, na prática de boas ações, na amizade, no respeito pelos outros, na defesa da natureza e na obediência, mas ainda na boa disposição de espírito, na sobriedade, no respeito pelos bens alheios e na pureza de pensamentos, palavras e ações.
Toda a formação escutista, nas diversas secções, aponta para «o serviço aos outros durante toda a vida, mesmo depois de, por razões de idade,  «ficarem desvinculados do agrupamento».
O Chefe João Lagarto salientou que a nova sede, «um anseio do Agrupamento 588», permitirá espaços mais funcionais para as secções (Lobitos, Exploradores, Pioneiros e Caminheiros) que acolhem 118 membros, entre dirigentes e escuteiros. Afirmou, concluindo, que a sede, já em fase de projeto, está a ser dinamizada pela comunidade paroquial, sendo certo que conta sempre com «a indispensável colaboração do agrupamento, naturalmente parte interessada».

F.M.

O 25 DE ABRIL

E preciso restituir a esperança
a todos os portugueses


Sobre o 25 de Abril já muitíssimo se disse e escreveu. Tanto que daria para uma biblioteca de tantas estantes quantas as teses pró e contra o que a revolução dos cravos nos trouxe. Certo é que com ele se escancararam as portas da liberdade, da livre expressão de sentimentos, de novas ideias, de partilha de sonhos. Acabaram guerras e a luz brilhante da democracia iluminou caminhos de opções a diversos níveis. Novas ideais inundaram os nossos quotidianos até aí abafados pelo pensar único e imperativo. O povo descobriu que era adulto, que podia escolher, que era parte ativa da sociedade e não agente passivo como burro de carga. E todos ficaram a saber que o povo é quem mais ordena. Para o bem e para o mal. E quando sente ou descobre que se enganou, tem nas suas mãos os votos que tudo podem corrigir.
As promessas de Abril, que indicavam propósitos de democratizar, desenvolver e descolonizar, constituem um processo inacabado. Sempre inacabado… Engana-se quem julga que a perfeição está ao nosso alcance. Não está. Nunca estará. O homem é um ser finito, limitado, imperfeito. Mas tende para a perfeição, mesmo sabendo que estamos no campo das utopias.
O 25 de Abril continua por cumprir. A democracia e o desenvolvimento estagnaram com atrasos imperdoáveis. A descolonização foi um desastre em múltiplas frentes, mas os portugueses que regressaram das ex-colónias souberam dar-nos extraordinários exemplos de readaptação à vida neste Portugal multissecular.
Que as comemorações deste ano do 25 de Abril saibam refletir, serenamente, no sentido de restituírem a esperança porventura perdida a todos os portugueses. São os meus votos.
Fernando Martins

O Sonho de Abril

Crónica de Maria Donzília Almeida

25 de Abril
Este mês de abril é rico em efemérides e para acabar, aí temos mais uma vez, a comemoração da Revolução de Abril, que vai já na sua quadragésima segunda vez, consecutiva.
Quando, há 42 anos, explodiu ao som das baionetas o grito da liberdade, o povo estremeceu e começou a sonhar. 
Não foi tanto o espalhafato, a euforia incontrolada, a loucura do romper das barreiras que deixou o povo estonteado. Foi a esperança numa vida diferente, numa vida sem mordaças, mas que trouxesse alguma melhoria a quem sempre fora explorado.
Fizeram-se comemorações, de lés a lés, o país estrebuchou e deu largas à sua alegria incontida.
Passaram-se já 42 anos, já se ouviu chamar jovem democracia......mas, c’os diabos! As pessoas têm um tempo para crescer, para amadurecer, para se tornarem adultas! Não será infantilização, chamar-se ao regime em que vivemos, uma jovem democracia? Não terá já passado o tempo suficiente para que a “criança” tenha crescido e assumido postura de adulto?
Pela observação do que nos cerca, constata-se que afinal a democracia ainda não mostrou o lado bom, o lado da maturidade, da consolidação de propósitos e valores.
Vivemos num mundo sem amarras, é verdade, sem mordaças, é certo, mas que importa podermos dizer o que sentimos o que achamos sobre aqueles que nos governam, se nada é feito para alterar o que está mal?

domingo, 24 de abril de 2016

A alegria do amor (II)

Crónica de Frei Bento Domingues
no PÚBLICO
 
Frei Bento Domingues
«Escutar sempre a voz de Deus,
nas vozes do mundo»
 

1. Quando tudo parece sem remédio, surge o Papa Francisco a dar uma estranha solidez à esperança, a virtude das situações difíceis. É normal que nem todos vejam assim os seus gestos. Mesmo dentro da própria Igreja, existem grupos, movimentos e personalidades que se opõem à sua orientação, usando diversos métodos para neutralizar a sua influência. A prática mais corrente é a da resistência passiva. Fazem de conta que as suas iniciativas, convocatórias e tomadas de posição não têm nenhuma importância. As pessoas com responsabilidades diocesanas e paroquiais sabem que as rotinas bastam para barrar o caminho a propostas desestabilizadoras.
Outro método frequente é a desqualificação de Bergoglio. O que este argentino propõe de mais acertado já estava dito pelos seus antecessores. Quando procura ser original, não passa de um demagogo do terceiro mundo. A sua perspectiva social, condensada em três T- trabalho, tecto (casa) e terra –, apresentada no Vaticano, ao acolher os Movimentos Populares [1], como anseios e direitos sagrados de qualquer família, é um exemplo de pregação irresponsável. O jesuíta, C. Theobald, mostrou, pelo contrário, a originalidade e a pertinência do estilo concreto do Papa Francisco, atento à existência social infinitamente diversa e plural [2].

sábado, 23 de abril de 2016

A Paleografia

Crónica de Maria Donzília Almeida

Abertura dos Pelouros 
Professora Doutora Maria José Azevedo Santos

Foral Manuelino
Trabalhos de decifração
Jean Mabillon, um frade beneditino, é considerado o fundador da Paleografia, em 1681. Esta ciência, que alguns consideram uma arte, tem por finalidade a decifração e a transcrição de documentos antigos, para a morfologia da escrita atual.
Essa prática requer muito treino, pois se trata da escrita de outros tempos, em que poucos sabiam escrever. Até ao século XVI, na Europa, somente uma pequena parcela da população era letrada, pois o monopólio de ensino pertencia à Igreja. Era nos mosteiros cristãos que o conhecimento era preservado, já que na Idade Média, não havia imprensa. O processo da escrita e composição de livros era feito nos mosteiros, pelos monges copistas. Segundo a nossa formadora, era no chamado scriptorium que o monge copiava livros, havendo alguns que não sabiam escrever, embora todos pudessem ler. Para o serviço litúrgico, os monges precisavam unicamente de ler.
A escrita pode ser encontrada em diversos materiais, mas é de ressaltar que a Paleografia estuda a escrita nos suportes perecíveis e de fácil transporte, como o papel, o pergaminho e as tabuinhas enceradas.
Os conhecimentos dados pela Paleografia possibilitam à Filologia estudar as origens e a evolução da escrita portuguesa.

A Alegria do Amor. 2

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Anselmo Borges

«Cada pessoa, independentemente 
da própria orientação sexual, 
deve ser respeitada na sua dignidade»

1 A Exortação A Alegria do Amor, do Papa Francisco, é isso: um hino ao amor. Cita, por exemplo, M. Benedetti: "Se te amo, é porque és/o meu amor, o meu cúmplice e tudo/e na rua, lado a lado,/somos muito mais do que dois." Sobre o prazer erótico no amor, cita J. Pieper: por um momento, "sente-se que a existência humana foi um sucesso". Mas Francisco conhece o coração humano, a sua exaltação e as suas misérias e há as pulsões e o amor e as histórias de cada um. Por isso, aponta ideais, mas conhecendo a realidade e falando para pessoas concretas, criticando os que na Igreja "agem como controladores da graça e não como facilitadores".
À Exortação é devida uma leitura atenta e meditada. Deixo aí apenas algumas questões que concitam mais a atenção.

AMOR, A FORÇA QUE MOVE O MUNDO

Reflexão de Georgino Rocha

«O amor é força criativa 
que move o mundo»

Jesus está a viver os momentos imediatos à saída de Judas, após a ceia de despedida. Tinha-lhe dado o pedaço de pão da fraternidade que havia repartido pelos outros apóstolos. Vê-o abandonar o grupo para ir denunciá-lo e fazer a sua entrega: consumar a traição que, há tempos, amadurecia no coração. Pressente que se aproxima a parte final do seu processo persecutório. E cheio de emoção confiante, confidencia os segredos mais íntimos aos seus apóstolos, agora carinhosamente tratados como “meus filhos”.
Perante o fracasso iminente, Jesus declara ter chegado a hora da sua glorificação. A traição e o assassinato fazem brilhar a paixão de amor criativo que sempre o move na vida. O abandono e a cobardia não cortam os laços de amizade radical como evidencia quando Judas o identifica com o beijo no Jardim das Oliveiras. O seu amor é para sempre, incondicional, para todos. A desolação e o desabafo abrem espaço à manifestação da profunda comunhão com Deus Pai, à confiança filial que dá alento ao seu último suspiro, à exaltação que emerge da cruz ignominiosa.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Sobre a anedota dos caranguejos

Uma reflexão de Pedro José Lopes Correia



1.“Um pescador andava há horas na orla do mar a recolher caranguejos para um balde. Ao chegar a um café de praia, um homem que ali estava pousou o jornal e perguntou-lhe: – Desculpe, como é possível não lhe fugir nenhum caranguejo, se o senhor vira costas para ir apanhar mais e nunca deixa o balde tapado? – Ora, amigo, não vê que são caranguejos portugueses? Se algum deles tentar subir, os outros juntam-se logo para o deitar abaixo”.

Ler toda a reflexão aqui


Nota: Pedro José Lopes Correia é pároco das Gafanhas da Encarnação e Carmo e vigário paroquial da Gafanha da Nazaré. Escreve num estilo muito pessoal e as suas reflexões, assentes no quotidiano das pessoas e comunidades em que vive e trabalha, têm substância e arte, ou não fosse ele um homem de leituras abrangentes, contudo muito direcionadas para testemunhar a vivência da fé em Jesus Cristo que o anima. É por essas razões que aprecio muito o que escreve e como escreve. 

Poesia ao ar livre

De passagem por uma Estação de Serviço

A Lita lê o poema de amor...
Gosto imenso de poesia e outras artes ao ar livre… Quem passa, se tiver algum sentido de observação e de sensibilidade, não ficará indiferente. 
Numa Estação de Serviço, lá para os lados de Leiria, vimos e lemos há anos este lindíssimo poema de amor do nosso rei e poeta D. Diniz, que foi um monarca extraordinário no seu tempo… Aqui fica como recordação e como exemplo para muitos autarcas. Se não puderem nem souberem dar-nos outras coisas, ao menos brindem-nos com poesia, que até é gratuita!

DIA DA TERRA



O Dia da Terra foi criado pelo norte-americano Gaylord Nelson, no dia 22 de abril de 1970, fundamentalmente para nos levar a tomar consciência dos problemas levantados pela contaminação do mundo em que vivemos. Defendeu a importância da conservação da biodiversidade, promovendo preocupações ambientais aos mais diversos níveis. 
É sabido que, infelizmente, por mais congressos que se promovam e iniciativas que se tomem no sentido da defesa do ambiente, em especial, e do planeta, em geral, sempre com o intuito de manter intacta a biodiversidade, a verdade é que os homens teimam em poluir todos os ecossistemas, caminhando assim a passos largos para a aniquilação dos seres vivos que constituem o todo que é a vida sobre o planeta terra.
Oxalá todos saibamos acordar a tempo para evitar o pior, que é a destruição da vida que todos queremos usufruir.
Aproveitemos este dia para tomarmos consciência da premência da preservação da natureza que nos foi emprestada para vivermos em paz, harmonia  e com saúde.

“Coleção Essencial – Livros RTP”


«Em 1970, e em colaboração com a “Editorial Verbo”, a RTP lançava ao mundo uma coleção de Livros de Bolso, “Biblioteca Básica Verbo – Livros RTP”. Um conjunto de livros com o apoio RTP que representava uma ideia completamente inovadora no mercado cultural português.
Hoje, na mítica livraria Buchholz, em Lisboa, e agora com a Editora LeYa como aliada, assistiu-se ao renascimento da “Coleção Essencial – Livros RTP”.
Os autores mudaram, as capas também e a forma como se divulgam ainda mais. Mas o conceitos mantém-se: Livros RTP é sinónimo de boa literatura a baixos preços.
Gonçalo Reis, Presidente do Conselho de Administração da RTP, mostrou-se orgulhoso com o relançamento de uma iniciativa que “divulga as artes e a cultura”.
O primeiro título lançado é “Ensaio sobre a Cegueira”. Na mesma Coleção, estão mais 24 livros, de autores como Mário Vargas Llosa, Mia Couto, Thomas Mann, entre outros, lançados mensalmente, sempre ao preço de 10€.
A curadoria da coleção é de Zeferino Coelho, um dos mais relevantes editores do mundo de língua portuguesa, editor da Caminho, integrada na LeYa.
As capas da “Coleção Essencial – Livros RTP” foram criadas por Rui Garrido, diretor de arte da LeYa.

Texto: Inês Espojeira
Fotografia: Pedro Pina

Fonte: RTP

NOTA: A título de curiosidade, permitam-me dizer que tenho nas minhas estantes a primeira coleção de livros RTP, intitulada “Biblioteca Básica Verbo – Livros RTP”, constituída por 100 volumes. Aquela coleção terá apresentado, na sua totalidade, obras de qualidade? Na minha modesta opinião, não. Houve livros que nada me disseram e que para ali estão... Ainda tentei voltar a esses volumes, mas já não perco mais tempo com isso. A nova coleção vai ser mais pequena, de 25 livros apenas, alguns dos quais muito conhecidos... 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Luís Ferreira é o novo Diretor do Centro Cultural de Ílhavo

Centro Cultural da Gafanha da Nazaré
O Executivo Municipal aprovou a contratação de Luís Miguel de Sousa Ferreira como Diretor e Programador dos Centros Culturais de Ílhavo e Gafanha da Nazaré, assumindo também a tarefa de Assessor Cultural do Presidente da Câmara, Fernando Caçoilo.
Luís Ferreira é natural de Tomar, onde nasceu em 1983, e é Licenciado em Design Industrial pela Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha. Tem no seu percurso profissional um currículo muito diversificado, pelo que é de esperar um aproveitamento integral das suas capacidades e experiências nos vários espaços que a autarquia concelhia põe à sua disposição para uma dinamização consentânea com as nossas realidades. 
Diz um comunicado da CMI que se revela «fundamental manter, mas sobretudo reforçar a filosofia implementada, assegurando que a gestão e programação destas estruturas municipais (Centros Culturais de Ílhavo e da Gafanha da Nazaré, Centro Sociocultural da Costa Nova e Teatro da Vista Alegre) sejam efetuadas de forma perfeitamente integrada, em articulação com outros espaços do Município e Associações».
Está ainda em curso «uma intervenção de qualificação do Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, para o dotar de condições excecionais», tendo em vista a concretização de diversos objetivos, «permitindo assim não só a vinda regular ao Município de relevantes companhias e grupos nacionais, mas também o envolvimento da população e a formação das associações e grupos existentes no território, assim como o incentivo ao surgimento de outras, como tem vindo a acontecer».

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Feira de Março

A animação é mais à noite
Para quem gosta das alturas
Para quem gosta de chegar às nuvens
Que grande verdade. A nossa região é assim
As inevitáveis farturas da Família Armando
Passei hoje pela Feira de Março. Foi a correr por impulso de consciência. O tempo foi passando e o encerramento está prestes a acontecer. Apesar de um pouco incapacitado, com dores nas dobradiças do esqueleto, arrisquei. Contudo, tive azar. Agora, a Feira de Março, com cerca de meio milénio de vida, adotou os horários do comércio citadino. De modo que os pavilhões, grandes e pequenos, mais dedicados ao comércio e indústria de maior porte e instituições, estavam encerrados. Apenas disponíveis as bugigangas, comes e bebes e as tradicionais farturas. 
Comidas as farturas, apenas duas para cada um, eu e minha mulher, regadas com água fresquinha e leve, uma voltinha que as pernas não dão para muito, umas fotos para treinar (estou sempre nessa fase), as aquisições da Lita para renovar algumas peças do trem da cozinha, e regresso a casa. Hoje contei com o apoio da bengala. Ao que chega um homem. Mas não me arrependi de ter ido.

terça-feira, 19 de abril de 2016

1910 — Gafanha da Nazaré — 2016

Com os meus parabéns


Ao chegar à bonita idade de 106 anos, vividos numa constante luta pelo progresso e contra adversidades sem conta, a Gafanha da Nazaré, velha senhora rejuvenescida com o título de cidade, que lhe foi justamente atribuído há 15 anos, está em festa. E com razão! Tal idade não merece tudo e muito mais?
Sentimos, os que lhe preparámos a boda, que faltam algumas iguarias na mesa principal, como reflexo, talvez, da crise que se vive. Novos trajos, adornos mais consentâneos com a época que temos o privilégio de sentir ao vivo, comodidades caseiras semelhantes às que possuem outras senhoras, mas também acreditamos que tudo lhe será ofertado em próximos aniversários.
Os seus filhos, porém, dão-lhe hoje o que é possível e com a mesma alegria da criança que, ao passar pelo jardim florido da primavera, colhe uma flor silvestre, pura e simples, não alterada, ainda, pela genética e corre a entregá-la, feliz, à mãe aniversariante, com o beijo de parabéns. Tal como nós, neste aniversário da nossa querida cidade da Gafanha da Nazaré. 

19 de abril, dia da elevação a cidade.

Fernando Martins

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Problema do Petcoke no Porto de Aveiro

Assembleia da República já recebeu 
 Projetos de Resolução do Problema 
da Poluição pelo Petcoke no Porto de Aveiro.


O Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e o CDS-PP apresentaram, na Assembleia da República, Projetos de Resolução do Problema da Poluição pelo Petcoke, no Porto de Aveiro.
Todos eles mencionam as reivindicações da ADIG (Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha) junto da Administração do Porto de Aveiro e da Cimpor, bem como das instâncias nacionais e europeias e que são:
— Barreira Eólica contra ventos dominantes, de Norte e Noroeste; 
— Bacia de Contenção de Lixiviados e Estação de tratamento, para não contaminar a Ria; 
— Estação de Monitorização da Qualidade do Ar, permanente; — Barreira arbórea no limite do Porto de Aveiro com a cidade da Gafanha da Nazaré.

Nas reuniões da ADIG com as referidas duas entidades, ficámos com a convicção do seu interesse em solucionar, em definitivo, o problema da poluição pelo Petcoke, devolvendo à Gafanha da Nazaré e populações limítrofes uma qualidade do ar mais saudável.
Esperamos que esse dia chegue muito em breve.

Pela ADIG

Humberto Rocha

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“Tempos de Pesca em Tempos de Guerra”

O mais recente livro de Licínio Amador

Licínio Amador (foto de Etelvina Almeida)

Participei no sábado, 16 de abril, no anfiteatro do Museu Marítimo de Ílhavo, no lançamento do livro “Tempos de Pesca em Tempos de Guerra” de Licínio Amador. Anfiteatro repleto de gente amiga do autor, mas também interessada pela temática que deixou marcas tristemente profundas no espírito dos nossos conterrâneos. O afundamento do “Maria da Glória”, um lugre bacalhoeiro, inofensivo e neutral no conflito dramático da II Grande Guerra, não podia deixar de suscitar curiosidade. Mais de quatro anos de pesquisas resultaram num livro que merece uma referência especial no final da leitura que já iniciei.
Domingos Cardoso, que coordenou a cerimónia, o autor, Licínio Amador, o representante da Câmara Municipal, Marcos Ré, Tito Cerqueira, que apresentou o livro, e Tibério Paradela, que teatralizou uma cena, vindo do fundo do mar, preencheram os lugares da mesa. E o coro da Academia dos Saberes de Aveiro brindou a assistência com um belo momento musical.

Tibério Paradela (foto de Etelvina Almeida)
Tito Cerqueira enriqueceu sobremaneira a festa de um acontecimento triste para as gentes ilhavenses, falando com conhecimento certo e profundo da guerra submarina, mas não só, estendendo-se quanto possível pelos diversos quadrantes dos beligerantes, com datas, nomes, episódios, causas e consequência de uma das maiores catástrofes do século XX, oferecendo uma lição viva decerto para todos os presentes, ou não seja ele um especialista na matéria com o alto título de Almirante.
Logo a abrir a sua intervenção, questionou-se sobre o que terá levado o autor e amigo, Licínio Amador, um homem das «humanidades e sem ligação pessoal ao mar», a escrever sobre o afundamento do navio “Maria da Glória”? E disse mais: «Andou por bibliotecas e arquivos, consultou livros e jornais, navegou pela Internet, comprou livros relacionados com a temática, trocou impressões com amigos mais conhecedores, documentou-se, ficcionou o que era de ficcionar e coligiu dados; mas quanto mais avançava na sua investigação, mais o mar da pesquisa se encapelava e mais difícil se tornava a navegação; e foi aí que a sua fibra de ílhavo, qual lobo-do-mar, o fez vencer todas as dificuldades, conseguindo manter o rumo certo e em segurança, chegando hoje a bom porto.»

Aspeto geral da assistência (Foto de Etelvina Almeida)
Julgo que a cabal veracidade das questões apontadas por Tito Cerqueira passará inevitavelmente pela leitura do livro “Tempos de Pesca em Tempos de Guerra”, cuja edição do autor, composta por 500 exemplares, deverá esgotar muito rapidamente.

Fernando Martins

domingo, 17 de abril de 2016

“Poetas de um Tempo Presente”

Poetas Ilhavenses

Com edição da Confraria Camoniana de Ílhavo (CCI), veio a lume, recentemente, integrado nas celebrações do Dia Mundial da Poesia, o livro “Poetas de um Tempo Presente”. Trata-se de uma antologia de Poetas Ilhavenses, cujos nomes aqui ficam para memória futura e para nos convencermos, de uma vez por todas, que no concelho de Ílhavo não faltam poetas inspirados para todos os gostos. São eles, Augusto Nunes, Bastos Cachim, Clara Sacramento, Diogo Santos, Domingos Cardoso, Geraldo Alves, João Mulemba, José Barreto, Orlando Figueiredo, Paula Pinto, Rosa Calisto, Senos da Fonseca, Vieira da Silva e Viriato Teles. 
Em Nota de Abertura, António Ferreira, Presidente da Direção da CCI, lembra que a associação tem promovido ao longo dos anos «a organização e desenvolvimento de projectos diversos de âmbito social e da cultura», enquanto agradece «os cuidados havidos na organização da antologia “Poetas de um Tempo Presente” a José Barreto, bem como o formato e desenho de capa a Adélio Simões». Sublinha ainda que esta coletânea de poetas ilhavenses «é uma publicação de edição limitada e distribuição gratuita».

A alegria do amor (1)

Crónica de Frei Bento Domingues


1. A partir do século XIX, pode-se falar de uma crescente inflação de documentos pontifícios sobre tudo e mais alguma coisa, mas, como já foi observado muitas vezes, ainda não apareceu nenhum sobre o humor. A queixa é muito mais antiga. Humberto Eco, no seu romance O Nome da Rosa, refere um debate monacal para responder a uma pergunta transcendente: Jesus riu ou não? Para o grande historiador, Jacques Le Goff, esse foi um tema constante da Idade Média.
Se alguém tentasse fazer uma enciclopédia do humor e do riso provocados pelas figuras da Bíblia, dos evangelhos, da história da Igreja, dos monges do Deserto, da prática dos sacramentos, da vida dos santos, das devoções, do céu, do inferno e do purgatório, nos diferentes países e continentes, teria matéria hilariante para muitas vidas. Pode ser intermitente, mas na área católica, nunca se esgota.
Depois do sisudo catolicismo da primeira parte do século XX, foi eleito papa, João XXIII. Passado pouco tempo, perguntaram-lhe: quantas pessoas encontrou a trabalhar no Vaticano? – Mais ou menos metade. Quando é que decidiu convocar o Concílio? – Quando estava a fazer a barba. Os seusFioretti correram o mundo.
Ao angustiado Paulo VI, sucedeu João Paulo I, o abreviado Papa do sorriso. Esquecendo-se de que estava no Vaticano, continuou com o seu costume de chamar a Deus Pai e Mãe e de manifestar, com bonomia, a vontade de varrer a cúria romana. Não teve sorte.

sábado, 16 de abril de 2016

Notas do meu Diário: Papa com refugiados

Papa com refugiados 
Não há coração, por mais empedernido que seja, que não se comova com as cenas verificadas durante a visita que o Papa Francisco fez aos refugiados “encurralados” numa ilha grega. Eu confesso que me doeu imenso o sofrimento de tanta gente desesperada por não vislumbrar saída para um futuro feliz. Mundo de paz, de trabalho, de alegria e de felicidade. 
As crianças são as que mais sofrem. Olhares parados num infinito sombrio, olhares arregalados perante a indiferença da comunidade internacional, olhares de fome, olhares de fugitivos sem eira nem beira. 
O Papa Francisco foi lá. Falou, indicou caminhos, suplicou atenção para a maior catástrofe humanitária depois da II Grande Guerra Mundial. Levantou quem se prostrou a seus pés, recebeu um desenho de criança que quis guardar no seu gabinete de trabalho, agradeceu ao povo grego a solidariedade manifestada no acolhimento a milhares de refugiados. E o mundo viu tudo quase em direto, e compreendeu os alertas do Papa, e condoeu-se com a dor de quem deixou a sua terra massacrada pela guerra em busca do acolhimento que tarda.
Depois disto, das denúncias e dos apelos, já sabemos como é: os países e os seus líderes têm mais em que pensar…

Fernando Martins

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A Alegria do Amor. 1

Crónica de Anselmo Borges 


1- Era um texto muito aguardado do Papa Francisco. Depois de dois Sínodos, em 2014 e 2015, sobre a família, antecedidos de algo inédito - Francisco quis saber, com consultas em todo o mundo, o que pensam os católicos sobre as problemáticas relacionadas com a família, desde a crise profunda que atravessa às uniões entre pessoas do mesmo sexo e à possibilidade da comunhão para os divorciados recasados -, o Papa teria a última palavra, num documento seu, tendo em conta os resultados dos Sínodos. Acaba de ser publicado, com o belo título A Alegria do Amor. Uma Exortação Apostólica, com mais de 200 páginas e 325 pontos. O seu fio condutor é a misericórdia, ao encontro das pessoas em dificuldade. Não muda a doutrina, mas exige uma nova pastoral, de tal modo que o cardeal W. Kasper não se sentirá completamente defraudado ao ter previsto que "o documento assinalará o início da maior revolução na Igreja dos últimos 1500 anos".

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Moliceiros na Ria de Aveiro


Vão no longe moliceiros
De asas brancas, a voar,
Ao vento, leves, ligeiros,
Por sobre a ria a singrar.
Vão no longe moliceiros
De grandes velas a arfar.

Andam na faina do dia,
Desde a manhã ao sol-pôr.
Buscam nas águas da ria,
O moliço — verde cor.
Andam na faina do dia,
Colorido, encantador.

Vogam num lago de prata,
Circundado de cristal,
Qual sonho de serenata
Numa noite sensual!
Vogam num lago de prata
Sob o céu celestial.

Cortam as ondas de espuma
Pelas águas a boiar,
E essas vagas, uma a uma,
Vão mais longe desmaiar.
Cortam as ondas de espuma
Erguidas na preia-mar.

Parecem os bandos de aves,
Que no céu vão a subir,
E depois voltam, suaves,
Muito leves, a cair.
Parecem os bandos de aves,
A luz do sol a fugir.

Descrevem curvas serenas,
Como talhada magia,
Umas maiores, mais pequenas,
Duma estranha bizarria.
Descrevem curvas serenas
Nas transparências da ria.

As proas são rendilhadas
Por coloridas pinturas,
Com frases adequadas
A populares formosuras.
As proas são rendilhadas,
São ornadas de figuras.

Vão no longe moliceiros,
De asas brancas a voar...
Singram na ria, altaneiros,
À luz do sol, ao luar,
Vão no longe moliceiros,
— Majestoso deslizar!

Amadeu de Sousa

Fonte: Boletim Municipal de Aveiro
Ano III, 1985,n.º 6

terça-feira, 12 de abril de 2016

Gafanha da Encarnação — A Bruxa

Um local pitoresco
Recanto da Bruxa (foto do meu arquivo)

Café dos petiscos
Já me questionei sobre o assunto e não há documentos, mas do que tenho percebido da tradição oral dos meus conterrâneos, apresento a explicação seguinte: se mudarmos o nome para Lugar da Bruxa ou simplesmente A Bruxa, haverá outro entendimento do nome. Aquele local tão pitoresco, defronte ao antigo ancoradouro das barcas que, noutros tempos, fazia a passagem para a Costa Nova era o ponto de encontro dos antigos pescadores. Estes aí afluíam para uma pausa na dura labuta da pesca ou um simples bate-papo entre colegas de trabalho. Ora para acompanhar um jogo de sueca, nada melhor que uma boa cachacinha....que segundo reza a história se chamava "bruxa". Com a evolução dos tempos passou a tomar-se a parte pelo todo.
A expressão "Ir à bruxa" significava ir saborear a tal bebida, na tasca que passou a assumir esse nome.
É esta a versão que tenho dos factos.
Apesar das modestas condições do espaço, ainda continua a atrair clientela para os petiscos que aí serve, nomeadamente "a empalhada" que consiste numa cestinha com amendoins, tremoços e azeitonas. Com um fino ou um panaché a acompanhar....é um pitéu...
Estamos na idade de desfrutar destes mimos da vida...

Maria Donzília Almeida

NOTA: Venham outras versões, por favor 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Gafanha da Nazaré celebra aniversário de elevação a cidade

Jardim Oudinot
A Câmara Municipal de Ílhavo e a Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré realizam, nos próximos dias 19, 23 e 24 de abril, um conjunto de ações que assinalam o 15.º Aniversário da Elevação da Gafanha da Nazaré a Cidade, com um programa condigno, que é, sem dúvida, um convite à participação de todos, já que foi concebido para todos os gostos e idades. 

Ver programa aqui 

Associações de Pais fundem-se na Gafanha da Nazaré


«No decorrer do presente ano lectivo, as associações de pais das escolas Básica e Secundária da Gafanha da Nazaré, após um processo de fusão, deram origem à Associação de Pais e Encarregados de Educação das Escolas Básica e Secundária da Gafanha da Nazaré. Assim, encontra-se, actualmente, a desenvolver o seu trabalho “na prossecução dos supremos objectivos de promover uma comunidade escolar cada vez melhor”, explica o seu presidente, Hugo Coelho. Nestes pressupostos, a associação tem vindo a realizar diversas acções que, em conjunto com os seus parceiros - Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré, Câmara de Ílha­vo e Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, têm procura­do “contribuir para um univer­so educati­vo focado no futuro, na inovação e no empreendedorismo, procurando envolver o sistema educativo, tecido empresarial, comunidade e agentes autárquicos, seguindo as políticas educativas e territoriais”.»

Nota: Texto e foto do  Diário de Aveiro

domingo, 10 de abril de 2016

Nós, os homens, somos assim...

Tempo muito triste
O tempo está assim, de mal a pior. Mas afinal que fazemos nós de mal para a primavera nos fugir como enguias acabadas de apanhar? Dizem que são abusos de produtos poluentes, gases dos motores, indústrias às carradas que não respeitam as leis ambientais, lixeiras a céu aberto, destruição de florestas, poluição das águas do mar e dos rios, desperdícios de produtos sem conta, peso e medida... Etc. Pois é. Nós, os homens, somos assim... E depois gritamos por uma primavera anunciadora de um verão quentinho. Bom domingo para todos, apesar de tudo!

O bem e a paz cansam

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO

«Fazer aos outros aquilo que gostamos
que os outros nos façam»

1. Segundo o mito bíblico, a Criação [1] é uma vitória sobre o caos. Deus viu tudo o que tinha feito e era muito bom. Um paraíso. Os antigos próximo-orientais faziam um balanço da história da humanidade diametralmente oposto ao dos modernos ocidentais. Contrariamente à ideia do progresso irreversível, os antigos pensavam que o mundo começou perfeito, mas degradou-se progressivamente. Os mitos mesopotâmicos também expressam essa convicção. No mundo grego, esta ideia esquematizou-se no mito das cinco idades do universo [2]. Esses mitos veem no dilúvio a principal fronteira dos primórdios da humanidade. Na versão bíblica, é uma descriação [3].
No entanto, quando parece que se chegou à degradação sem remédio, surge sempre uma esperança. A título de exemplo, cito o Profeta Isaías [4]: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz (…) porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado que anuncia uma paz sem fim”. A IV Bucólica de Virgílio [5] parece copiada desse profeta. No seu poema há também um Menino que vai deixar o mundo livre do medo, governando a terra em paz.

Nossa Senhora de Fátima entre nós

Seis paróquias unidas 
na receção à Mãe de Deus


Ontem, sábado, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima foi venerada pelo povo do Arciprestado de Ílhavo, numa Eucaristia celebrada no Jardim Oudinot, pelas 16 horas, antes da sua partida para o arciprestado da Murtosa. À Eucaristia, presidiu o nosso Bispo, D. António Moiteiro, tendo com ele concelebrado os párocos e demais sacerdotes que trabalham nas seis paróquias: S. Salvador, Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo, Costa Nova do Prado e Praia da Barra.
A Imagem Peregrina, que anda a percorrer o nosso país, entrou em terras ilhavenses na sexta-feira, vinda de Vagos. Foi recebida na Vista Alegre, seguindo depois para S. Salvador, terminando a sua estada entre nós com a passagem pelo ferry-boat, com destino à Torreia, Murtosa. Depois, rumará à Diocese do Porto.
Com o tempo bom que se fez sentir, «tempo encomendado para cada um de nós, para podermos celebrar os louvores a Deus e honrar a Sua e nossa Mãe», no dizer de D. António Moiteiro, foi muito agradável sentir o palpitar das nossas gentes, muito devotas de Nossa Senhora de Fátima. Foi aí, no meio do povo, que tivemos a oportunidade de perceber quanto a Mãe de Deus é venerada como protetora de cada um dos seus filhos.

O nosso povo (Foto de Vítor Amorim)
O nosso Bispo, numa oportuna referência ao Evangelho deste domingo (Jo 21, 1-14), sublinhou que «todos somos convidados para a pesca; todos somos chamados a lançar a rede para anunciar o Reino de Deus». E adiantou que «o convite à pesca é feito para toda a humanidade; é feito para que o Evangelho chegue a todos; é feito para que o Ressuscitado nos ponha em comunhão com o Pai e nos dê o seu Espírito». 
Dirigindo-se a Nossa Senhora, suplicou-lhe que nos abençoe e proteja, bem como as nossas famílias e paróquias, em especial aqueles que mais precisam: os doentes, os que sofrem, os desempregados, mas ainda os que fugiram das suas terras por causa da guerra.
Por sua vez, o Arcipreste de Ílhavo, Padre António Cruz, dirigiu palavras de gratidão a todos os que colaboraram nesta receção à Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, aos convidados e autoridades, cuja presença «é para nós motivo de grande alegria». Referiu que «a visita da Mãe foi uma experiência maravilhosa, que nunca mais esqueceremos», frisando que o «Arciprestado de Ílhavo é também terra de Santa Maria».
O Padre Cruz concluiu afirmando que «é hora de gratidão e de compromisso, mas também de despedida», ficando connosco a certeza do amor de Nossa Senhora, «farol e caminho», que nos conduzirá «ao único Porto Seguro — Deus Misericordioso».

Fernando Martins

sábado, 9 de abril de 2016

A Atividade Física




Foi comemorado no dia 6 de abril, o Dia Mundial da Atividade Física. Segundo dados da OMS, a inatividade física é o quarto principal fator de risco de morte no mundo e aproximadamente 3,2 milhões de pessoas morrem a cada ano em consequência disso.
Fazendo jus à efeméride, retomei o exercício físico, depois de uns meses largos de letargia, a que um longo inverno me obrigou. Como privilegio o exercício aeróbico em contacto com a natureza envolvente, fiz uma incursão na minha horta, com a benção do astro-rei. Ele é, aliás, o meu cúmplice nestas deambulações pela mãe natura. Pus de novo, o corpo a mexer, o que não foi pacífico para as articulações e toda a máquina em geral.