sábado, 3 de dezembro de 2016

Presépio Simples


Presépio Simples

Acabo de reunir-me.
Sou uma gruta de silêncio e sombra.

Co’a vida, musgo suave,
pedra real e quimera,
um anjo grave
(longos dedos, voo de ave!)
faz um berço e uma espera…

Nos horizontes brumosos
resvalam os séculos vagarosos…

Cai na neve e no silêncio
a flor do Tempo.
Dobram os ramos cimeiros
árvores, céus à terra vil.
Chegam os reis e os cordeiros
(o palácio é um redil!)
e nasce Deus!

(Écloga impossível)
João Maia 

In "Anunciação e Natal na Poesia Portuguesa",
Antologia de António Salvado

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