sábado, 28 de janeiro de 2017

Senescência ou senilidade?

Crónica de Mª Donzília Almeida

Cartaz 

Presidente da CMI aprecia trabalhos dos Maiores 

Na hora de saborear o bolo

A idade está na mente 
Nós temos a idade que pensamos. 
Assim, teremos somente 
Aquela que vivenciamos.

“Se envelhecer é uma inevitabilidade, só é velho quem quiser.” Foram estas as palavras proferidas, na festa de encerramento do ano letivo de uma Universidade Sénior, pelo poeta/escritor, engenheiro Domingos Cardoso. 
Na verdade, a temática do envelhecimento da população tem merecido a reflexão por parte da sociedade, de modo a encarar a transição da vida ativa para a aposentação, de forma digna e saudável. 
O próprio termo velhice ou velho têm sido preteridos em favor da palavra idoso, com uma conotação mais abrangente e menos depreciativa. O sufixo oso confere à palavra um sentido de quantidade e não de qualidade. Vejamos, por analogia, as palavras formoso, habilidoso, maldoso, ardiloso, etc. Há em todas, um sentido de quantidade. Logo, um idoso é aquele que somou já muitos anos ao seu CC (cartão de cidadão) e não sinónimo de caduco. 
Será uma interpretação facciosa, talvez por formação/deformação profissional. Que seja, mas é a minha própria visão do assunto em epígrafe. 
Interpelado sobre o fenómeno do envelhecimento, um grande estadista que acaba de nos deixar, disse numa famosa entrevista à televisão portuguesa: 
— O corpo envelhece, mas o espírito permanece! 
Esta resposta traduz a grande sabedoria que a idade acrescenta à vida e a convicção de que foi postergado o conceito “velhos são os trapos”. 
Hoje em dia, há já uma consciencialização do valor atribuído à MaiorIdade e à forma como a sociedade tem criado dispositivos para a valorizar e proteger. 
Nessa senda estão as atividades promovidas para fomentar um envelhecimento ativo, a cargo do poder local nas autarquias. 
Este ano, tive o ensejo de participar no programa das comemorações do 4.º aniversário do Fórum Municipal da MaiorIdade que decorreu de 4 a 7 de janeiro na Gafanha da Nazaré. 
Curiosa como sou, e estando em princípio de carreira na minha atividade sénior (!?), fui ver como é, para contar como foi, lá diz o povo. 
Deparei com um programa variado e extenso, dividido pelos quatro dias, abrangendo uma componente teórico-prática. Assim, a par com a exposição de trabalhos executados pelos utentes, em macramé e outros, houve também palestras sobre temas de interesse para idosos e seus cuidadores. Neste âmbito, incluem-se a Formação intitulada “A Relação com a Pessoa Idosa” e o workshop “Importância dos animais nas pessoas idosas institucionalizadas”. Por sobreposição de agenda, que ser idoso tem que se lhe diga, não pude assistir a este último, com grande pena minha, já que os animais de companhia são, para mim, um tema muito caro. Um workshop de pintura preencheu a tarde de 4.ª feira, em que demos largas aos nossos dotes artísticos!? Os meus granjearam alguns elogios! 
Houve ainda a apresentação do livro do jovem escritor Eddy Martins, seguido de tertúlia, com momento musical pelo grupo de cavaquinhos da US. 
Na 6.ª feira, houve, de tarde, animação cultural com muita alegria e boa disposição, que culminou com uma noite de fados, à luz da vela. No sábado, fez-se a celebração do aniversário da “criancinha”, em que toda a gente cantou os Parabéns a você, se apagaram as quatro velinhas e houve bolo para todos. Para dar relevo à efeméride, a abertura e o encerramento das atividades contaram com a presença da edilidade camarária.
Na retaguarda de toda esta organização/movimentação e implementação, está uma equipa de gente jovem, dinâmica, que confere alegria, jovialidade e mantém um diálogo intergeracional tão profícuo e enriquecedor. 
Da minha parte, o meu bem-haja! 

12.01.2017

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