Mostrar mensagens com a etiqueta Armando Grilo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Armando Grilo. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 31 de maio de 2022

Dia dos Irmãos - O meu irmão Armando Grilo

Celebra-se hoje, 31 de Maio, o Dia dos Irmãos. Dia adequado para os irmãos conviverem, recordarem vivência partilhadas em comum e sentirem-se mais próximos, já que a vida apressada muitas vezes os afastam. Eu só tive um irmão, o Armando, que já partiu para o seio maternal de Deus, apesar de ser mais novo do que eu. A vida tem destas coisas.
Apesar disso, não esqueço o meu irmão, que me tratava por mano. Não me recordo de alguma vez me chamar Fernando. E ele, para mim, era o Menino e nunca o Armando. A sua partida para Deus, não o afastou dos meus quotidianos. A sua imagem, o som da sua voz, o seu sorriso franco e o espírito alegre que com todos partilhava continuam a ocupar um espaço indelével na minha alma.
Há tempos,  estive no cemitério da Gafanha da Nazaré, onde fui para conversar com ele e com outros familiares e amigos. Não vim de lá deprimido, mas feliz. As conversas fazem-nos sempre muito bem, quando bem intencionadas. A minha intenção de os visitar foi alimento para as saudades. E com o meu irmão, naquele dia, saquei do saco das memórias as brincadeiras à volta do meu pai, quando ele, regressado de uma viagem à Terra Nova, se sentou numa cadeira para nos ver brincar no terraço.
Até um dia, Menino!

Fernando Martins

domingo, 27 de março de 2022

O meu irmão morreu há 15 anos

Completam-se hoje, 27 de março, 15 anos sobre a partida do meu irmão, Armando da Rocha Martins, mais conhecido por Armando Grilo, para o aconchego maternal de Deus, deixando toda a família e imensos amigos com uma ferida aberta na alma. Tinha 66 anos de uma vida cheia, mas uma doença que não perdoa roubou-o ao nosso convívio. Ficou, para sempre, a sua vivacidade e alegria de conviver com familiares e muitos amigos que foi atraindo e cultivando durante a sua existência terrena. Contudo, se é verdade que o seu corpo nos abandonou, permanecerá em todos os que o conheceram, familiares e não só, o seu amor à vida. E se continuasse connosco teria hoje 80 anos, menos três do que eu.
Como não podia deixar de ser, a minha memória, apesar de cansada pelo tempo, está permanentemente, por isto ou por aquilo, a reviver acontecimentos do nosso  dia a dia: histórias que nos marcaram, brincadeiras das nossas meninices, projetos pessoais, anseios múltiplos, mas também desafios que soubemos enfrentar, cada um ao seu jeito.
O meu irmão era um precioso contador de estórias. E já avô, nem imaginam o enlevo com que ele reproduzia conversas e relatava momentos dos seus netos, imitando saborosos diálogos mantidos com eles.
Até um dia, Menino! (Como eu o chamava).

Fernando 

sexta-feira, 19 de março de 2021

O meu pai

Celebra-se hoje o Dia do Pai associado, entre os cristãos, ao Dia de São José, pai adotivo de Jesus Cristo. O que vejo de semelhante entre eles é a humildade. De São José, a Bíblia não nos diz muito, mas todos sentimos que ele foi um homem santo e atento às suas responsabilidades paternais. Direi o mesmo do meu saudoso pai. Falava pouco, conversava com total disponibilidade, ajudava quanto podia, dava os seus conselhos com oportunidade e o saber de experiência feito. Nunca o vi exaltado. Tinha um sorriso permanente. Quando os netos nasceram, tinha por hábito atravessar à tardinha o quintal comum para se rir com as brincadeiras deles. Depois de ver e ouvir o telejornal, regressava a casa, feliz da vida. Morreu com  62 anos sem nunca ter estado doente. Sempre o vi a fumar. Um enfarte foi fatal. 
Resta-me a certeza de que ainda terei muito  que falar com ele. Sem pressas. E cá para mim, o meu pai, Armando Lourenço Martins (mais conhecido por Armando Grilo), continuará  com o sorriso e a palavra serena que sempre o caracterizaram. 

Nota: O meu pai nunca usou barbas, mas um dia, quando chegou da viagem, apresentou-se assim para espanto de todos nós. Perante a nossa reação, logo esclareceu: -  «Calma, é só para tirar a fotografia.» E lá foi no dia seguinte a Aveiro resolver a situação.

domingo, 25 de outubro de 2020

O meu irmão faria hoje 79 anos

O meu irmão, o Menino
Se fosse vivo, o meu único irmão de saudosa memória faria hoje 79 anos. Faleceu no dia 27 de Março de 2007. Feitas as contas, deixou-nos com 66 anos. Sobre ele tenho escrito algumas vezes, sempre com uma saudade indescritível. Foi um rapaz do seu tempo e um homem dinâmico e saudável. As mortes nunca são esperadas; muito menos a dele, que gostava muito de viver. 
O meu irmão assumiu o apelido de Grilo do nosso lado paterno. Era o Armando Grilo. O mesmo nome do nosso saudoso pai. 
Curiosamente, o meu irmão celebrava o seu aniversário de nascimento duas vezes: No dia 25, a data real em que veio para a vida; no dia 29, por erro de registo. Mas ele aceitou alegremente esta circunstância. Até dizia com graça e realismo que no dia 25 celebrava com a família e no dia 29 com os amigos. 
À medida que caminhamos para o fim da nossa existência terrena, alimentamos o gosto de reviver o passado. Eu até o faço com prazer, sobretudo se evoco o que vivi com alegria, com prazer, com sentido de responsabilidade, com amor. E neste caso, meus amigos, são os nossos familiares que mais se instalam nos sofás das nossas memórias para conversas intermináveis. 
Até um dia, Menino. Era assim que o tratava. Ele chamava-me Mano. 

Fernando Martins

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Volto ao meu irmão de saudosa memória


O meu irmão, Armando da Rocha Martins, mais conhecido por Armando Grilo, se fosse vivo completaria hoje 78 ano. Feitas as contas, nasceu em 25 de Outubro de 1941 e faleceu em 27 de Março de 2007. 
Sobre ele já escrevi diversas vezes e tenho sempre razões para trazer até ao presente recordações dos tempos em que viveu fisicamente entre nós. Mas se nessa vertente já não vive connosco, espiritualmente permanece firme no meio de nós. 
Nesta data o meu Irmão celebrava o seu aniversário, realmente, mas é oportuno lembrar que ele tinha motivos para fazer mais festa. É que, se é verdade que o seu dia de aniversário tinha no registo familiar o dia 25 de Outubro, também é certo que ele celebrava os seus anos no dia 29. Como assim? — perguntarão. É que o  registo do seu nascimento, no cadastro do Estado, foi feito no dia 29. Coisa simples: Naquele tempo, os registos eram feiro, em Ílhavo, por declaração oral. Daí os erros. 
Curiosamente, ele até brincava com isso: — Celebro com a família no dia 25 e com os amigos no dia 29. Tudo certo. Até um dia, Menino.

domingo, 19 de março de 2017

O meu pai

Para o meu querido pai, 
com imensa saudade da sua presença física


O meu pai está sempre presente na minha vida. Faz parte integrante do meu pensar e agir. Nunca o vi zangado e quando a minha mãe, Facica de temperamento, lhe dizia alguma coisa menos agradável, o que acontece, aliás, com qualquer casal normal, era certo e sabido que o meu pai reagia com um sorriso. Era um sorriso que nos envolvia e contagiava pela sua serenidade.
O meu pai, Armando Lourenço Martins, Armando Grilo como era mais conhecido, foi menino para a pesca do bacalhau. Nunca teve tempo para brincar, muito menos para estudar. E por lá andou enquanto pôde e a família exigia. A sua grande preocupação concentrava-se no bem-estar da mulher e filhos. E como gostava ele de me ver brincar com o meu irmão, três anos mais novo do que eu… E às tantas dizia: «Chega por hoje, também é preciso fazer outras coisas, vamos ajudar a mãe.»
Tenho a certeza de que Deus, que meu pai me ajudou a descobrir pela porta da bondade, da ternura e do amor, o tem no seu regaço maternal, onde espero encontrá-lo um dia. Aí, teremos todo o tempo do mundo para conversar, na companhia da mãe Rosita Facica e do Armando, o nosso Menino.

Fernando Martins

Nota: O meu pai nunca usou barbas, mas um dia, quando chegou da viagem, apresentou-se assim para espanto de todos nós. Perante a nossa reação, logo esclareceu: «Calma, é só para tirar a fotografia.» E lá foi a Aveiro resolver a situação.  

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Foi há 40 anos que faleceu o meu pai

O meu pai
Foi há 40 anos que faleceu o meu pai, Armando Lourenço Martins, mais conhecido por Armando Grilo. Parece que foi há dias, tão presente tenho esse momento doloroso na minha memória. A partir do dia 20 de fevereiro de 1975, a sua recordação faz parte da minha existência. Não há dia sem o seu sorriso, a sua voz forte e doce, as suas mãos calosas de tantas lutas na vida, de trabalho sem férias. Desde os 14 anos na pesca do bacalhau e depois nas instalações em terra da EPA (Empresa de Pesca de Aveiro), nunca gozou férias na verdadeira aceção da palavra. 
Quando as teve, ficava envolvido em tarefas caseiras e no quintal da nossa casa. Ria-se quando eu lhe sugeria que fosse passear com a minha mãe, embora algumas vezes desse uma volta comigo e com o meu irmão. Mais nada. Morando perto de mim, todos os dias nos visitava para brincar com os netos, com os quais tanto se ria e gargalhava. 
Morreu com enfarte no miocárdio. Às três horas da manhã, um médico diagnosticou-lhe dores no estômago e só mais tarde, ao fim do dia, nos foi dito que a doença seria fatal. Homem sem doenças, resistiu cerca de um mês na casa de saúde da Vera Cruz. Tinha 61 anos.
O meu pai era um homem bom. Não me recordo de qualquer ralhete, de qualquer zanga, de qualquer azedume em relação fosse a quem fosse. E quando ajudava alguém, não escondia a alegria de ter cumprido um dever para com seu semelhante. Como crente que sou, tenho a convicção de que o meu pai foi acolhido pela ternura materna de Deus.

Evoquei o meu Pai também aqui

Fernando Martins