Mostrar mensagens com a etiqueta Búzios. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Búzios. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Serões, conversas, leituras, rádio e búzio

O rádio da minha juventude
Quando me sinto livre, de corpo e espírito, tenho o possibilidade de saltar para o mundo e de me refugir na leitura e na escrita. Imagino, a partir desta minha e nossa realidade, como seria a vida dos que nem sonhavam com os progressos tecnológicos que estão hoje ao nosso alcance e que nos oferecem uma existência cheia de interesses e oportunidades. 
Antigamente, para além da rádio e da leitura, para alguns, pouco mais ocupava os serões. Conversa sobre as canseiras, contar e recontar histórias, rezar, dormitar, marcar tarefas para o dia seguinte. Os mais novos faziam os trabalhos escolares e a juventude namorava. Um dia ouvi um búzio cujo som cadenciado chegava longe. Perguntei à minha mãe quem é que soprava o búzio e para quê. Resposta pronta: — É o tio… que está a avisar os filhos namoradeiros que são horas de cear. 

F. M.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Património: Búzios da Terra Nova


A amizade entre Américo Teles e Pierre Delpeut – exímio malacologista – permitiu que, na década de setenta do século XX, a coleção do especialista fosse integralmente doada ao Museu Marítimo e Regional de Ílhavo. 
Os espécimes reunidos ao longo de vinte anos são representativos de quase todos os mares e oceanos mundiais, dos quais destacamos os exemplares provenientes dos mares da Terra Nova e Gronelândia capturados pelos pescadores do bacalhau. 
A “receita” para a captura destes espécimes provenientes da América do Norte está vertida numa troca de correspondência entre Pierre Delpeut e Américo Teles, na qual se refere que “[…] um simples aro metálico, com um metro de diâmetro, pouco mais ou menos, com um bocado de serapilheira um pouco maior, não esticada, e de forma a fazer bolsa, com alguns restos de peixe como isca, ficando no fundo por algumas horas, por baixo do navio ancorado ou de preferência com uma pequena boia servindo de fluctuador, constitui uma ratoeira para buzios muito empregada na América do Norte, que pode ser produtiva nos sítios em que os buzios são abundantes, e que pouco ou nenhum trabalho dá.[...]”. 
Estas informações eram transmitidas a determinados elementos das tripulações dos navios bacalhoeiros incumbidos de capturar os espécimes vivos e de os manter em perfeito estado. Quando entregues a Américo Teles, eram expedidos para Pierre Delpeut encarregue de os avaliar e trocá-los com os “[…] colegas de conchiologia.[...]”. 

Excertos retirados de uma carta enviada por Pierre Delpeut a Américo Teles, datada de 9 de janeiro de 1961. 

NOTAS: 
1. O texto foi publicado na Agenda "Viver em... Fevereiro" da CMI;
2. A foto que ilustra este texto no meu blogue, de minha autoria, não sei se faz parte da coleção referida.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Detesto ser enganado




Eu nunca gostei de ser enganado, mas há quem goste. Frequentemente deparo-me com gente que me quer impingir publicidade de alguém que faz curas milagrosas com «resultados máximos em 7 dias». E vai mais longe, o próprio ou o empregado do “espiritualista”: ajuda a resolver casos, «graves ou de difícil solução», tais como «saúde, amor, negócios, união familiar, desviar ou prender, afastar ou aproximar pessoas amadas, exames, doenças, vícios de alcoolismo e droga, impotência sexual, maus olhados, invejas, etc…» Também lê a sorte e faz trabalho à distância. Garante que o pagamento é feito após resultados. No papelinho, que encontrei preso no limpa-vidros do meu carro, estão bem claros os seus contactos, que não reproduzo para não alimentar tais publicidades.
Confesso que fico perplexo perante a indiferença das autoridades que permitem estes negócios, que também aparecem em alguns jornais, revistas e até televisões, dando pelo nome de cartomantes, horóscopos, tarot, búzios, bolas de cristal, pulseiras magnéticas, astrologia e equiparados, poderes de falar com o diabo ou com as almas do outro mundo, que nada têm de científico. E o povo, na sua ignorância, infantilidade mental, talvez desesperado, decerto à procura de sorte ou de riqueza sem trabalhar, vingativo e desejoso de fazer mal a alguém, procurando passar nos exames sem estudar, etc… etc…, vai na onda. 
Há tempos, uma dessas “artistas” que põem cartas na mesa, numa televisão, em resposta a uma pergunta de um consulente, disse: a menina Carolina (nome fictício) está bem de amores, há uns desentendidos, mas tudo vai ficar bem, brevemente. E o consulente atira: Olhe que a menina só tem quatro anos. A “artista” ficou atrapalhada… sorriu, e continuou o trabalhinho. E assim se ganha a vida à custa dos papalvos. E as autoridades, caladinhas. Será que essa gente paga impostos? Se calhar, é por isso. 

Fernando Martins

domingo, 21 de fevereiro de 2016

O mar na minha tebaida


Pois é verdade. Tenho o mar na minha tebaida. Conchas, búzios e outros achados apanhados nas nossas praias, graças à sensibilidade da minha Lita, mas também ao seu bom gosto.
Vejo o arranjo todos os dias e todos os dias me debruço sobre o conjunto para apreciar objeto a objeto, nunca me cansando de descobrir pormenores de cada concha ou búzio, que a mãe natureza nos oferece. E não é que os búzios refletem nos meus ouvidos o som do mar?
Curiosamente, a oferta é lançada como coisa inútil pelas ondas nos areais, ali ficando à espera de alguém que se condoa do seu abandono e a recolha e lhe dê o destaque a que tem direito.