Mostrar mensagens com a etiqueta Bartolomeu dos Mártires. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Bartolomeu dos Mártires. Mostrar todas as mensagens

domingo, 24 de novembro de 2019

Anselmo Borges - Profundíssima e reverendíssima reforma


«Frei Bartolomeu dos Mártires seria um apoiante firme de Francisco e das suas reformas, de que foi aliás precursor. Se vivesse hoje, aplaudiria, com todo o coração e inteligência, Francisco, pois foi com um Papa como ele que terá sonhado»

1. Participaram dois cardeais, duas dezenas de bispos, muitos fiéis, entre os quais o Presidente da República, na Sé de Braga completamente cheia. Foi no passado dia 10 deste mês de novembro, na canonização de frei Bartolomeu dos Mártires, antigo arcebispo de Braga. Marcelo Rebelo de Sousa disse o essencial: "Foi um bispo reformador, pobre e amigo dos pobres, pastor, intelectual e, do ponto de vista teológico e sociológico, um homem muito à frente do seu tempo."
Nesse mesmo dia, o Papa Francisco, na recitação do Angelus, disse dele que foi "um grande evangelizador e pastor do seu povo". Pessoalmente, não duvido de que, se vivesse hoje, frei Bartolomeu dos Mártires seria um apoiante firme de Francisco e das suas reformas, de que foi aliás precursor. Se vivesse hoje, aplaudiria, com todo o coração e inteligência, Francisco, pois foi com um Papa como ele que terá sonhado. Não se pode esquecer que, no encerramento do Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI ofereceu a cada um dos bispos uma das suas obras, o célebre Estímulo de Pastores. Na sua essência, uma canonização só pode ter por finalidade apresentar um modelo de vida a seguir, e não há dúvida de que frei Bartolomeu dos Mártires é um exemplo vivo de pastor para todos os pastores. Ele foi, pela sua vida e pela sua palavra, com desassombro e frontalidade, uma das figuras mais eminentes para a reforma de uma Igreja que, no século XVI, atravessava uma profundíssima crise. Não pregou só pela palavra, pregava pelo exemplo. Quando confrades dominicanos e outros o tentavam demover dos rigores que a si próprio se impunha, respondia: "Permanecerei contumaz numa única coisa: conservar-me-ei afastadíssimo de todo o fausto e esplendor da casa e da família. Hei de manter como bispo a mesma humildade e cuidado do meu corpo, na mesa e coisas semelhantes, que observei como frade. Nenhuma força me desviará deste propósito."

domingo, 10 de novembro de 2019

Bartolomeu dos Mártires - A sua vida foi um milagre

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO 
- As eminências e a eminentíssima reforma


"Tudo, na Igreja, tinha de estar ao serviço das populações, sobretudo dos mais pobres, que devem ser os preferidos da acção das dioceses, das paróquias e das ordens religiosas, varrendo todas as benesses, nepotismos e privilégios por mais antigos que se apresentassem. A narrativa pintada por Frei Luís de Sousa coloca todos os bispos frente ao espelho das suas responsabilidades sugeridas pela parábola do Bom Pastor. A leitura que Frei Bartolomeu fez da história da Igreja não o fixou apenas nas traições a erradicar, mas na recolha escrita de exemplos que a tradição viva oferecia como estímulo de alteração da vida dos próprios pastores"


1. Hoje, Frei Bartolomeu dos Mártires, da Ordem dos Pregadores (1514-1590), é canonizado em Braga e não ficava bem que esta grande festa fosse celebrada noutro lugar.
Ficou conhecido como “o bracarense” desde o permanente desassossego reformador que introduziu na última fase do Concílio de Trento (1545-1563) e mais bracarense se tornou na firme resistência à guerrilha que o poderoso Cabido da Arquidiocese desencadeou contra a efectivação do programa das reformas conciliares, pelas quais sempre lutou e das quais nunca desistiu.

sábado, 9 de agosto de 2014

BISPO PORTUGUÊS COM FRANCISCO

ANSELMO BORGES NO DN

Nasceu em Lisboa em Maio de 1514. Celebra--se, portanto, este ano o V Centenário do seu nascimento. Refiro-me a frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga e, em tempos conturbados, participante no Concílio de Trento. Um bispo que se tornou ilustre pelas virtudes, pelo amor a Deus e aos homens, sobretudo aos mais pobres, e pela força de reforma da Igreja, a começar por quem está mais alto: cardeais, bispos, Cúria. Se vivesse hoje, aplaudiria, de coração, Francisco, pois foi com um Papa como ele que terá sonhado.