Mostrar mensagens com a etiqueta Crónica de férias. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Crónica de férias. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

À descoberta… de Portugal

Crónica de férias de Maria Donzília Almeida

À sombra
Madona
Espreguiçadeiras em setembro
Vilamoura
Seaguls
Entardecer
“E setembro chegou, vamo-nos separar…” rezava assim a canção do Duo Ouro Negro nos tempos da juventude em que o tempo fluía pachorrentamente. Era o tempo dos sonhos, das ilusões, dos amores do verão que viam chegar o seu termo… como castelos na areia.
O par romântico Johny Halliday e Sylvie Vartan era o ícone da canção ligeira dos anos sessenta, com que os jovens se identificavam e lhes povoava o imaginário, em tempos de lazer.
O mês de setembro fazia a transição entre o período mais ou menos longo das férias e o início das atividades em vários setores da vida do país – La Rentrée.
Hoje, na senioridade, mudaram-se os tempos, mudaram-se as vontades. Férias podem ser sempre que o homem quiser…ou quando a mulher decidir…

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Capitais Imperiais - Pela Hungria

4.ª feira, 21 de agosto



O grupo à descoberta das Capitais Imperiais



Curva do Danúbio

“A semelhança entre o rio Danúbio e a mulher...
é que ambos têm curvas acentuadas e... 
por vezes, perigosas para a navegação.”

Madona


Donzília na Curva do Danúbio



Deixando para trás, Viena de Áustria, partimos, de manhã, em direção a uma famosa região da Hungria. A nossa guia, a Verónica, uma húngara de gema, hoje sentiu-se como peixe na água... do Danúbio!
Curva do Danúbio é a designação dada a uma zona muito bonita que inclui as suas margens entre Budapeste e Esztergom. Aqui, o rio corre entre as montanhas de Börzsöny e Visegrad e o seu curso de oeste para leste muda de norte para sul, fazendo uma curva de 90 graus. Esta paisagem, um dos destinos turísticos mais procurados do país, transmite uma calma e espiritualidade próprias de lugares míticos.
Na primeira paragem, visitámos a cidade Esztergom, o centro da igreja católica húngara. A catedral de Esztergom é a maior igreja da Hungria, onde pudemos visitar a capela Bakócz e a tumba do cardeal Mindszenty.
Esztergom, a cerca de 50 km a noroeste de Budapeste, é uma cidade relativamente pequena, fica na margem direita do Danúbio, que constitui, naquele trecho, a fronteira com a Eslováquia.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Capitais Imperiais - Viena, Melk, Durnstein

3.ª feira , 20 de agosto 2013


Abadia de Melk
Viena, Melk, Durnstein

Às 8:30 da manhã, saímos de Viena, em direção a Melk. Após uma longa viagem de autocarro, onde, entre orações, cânticos, conversa amena e até abraços a Morfeu...chegámos a Melk. Aí, visitámos a Abadia, grandioso complexo barroco e o mais grandioso Mosteiro Beneditino da Europa Central, que é conhecido como o Berço da Áustria.
Melk é uma cidadezinha da Áustria, cujo ex-libris é a Abadia, localizada à beira de uma rocha, donde se contempla uma bela paisagem, sobre a cidade e o rio Danúbio.
O enorme complexo arquitetónico, espiritual e cultural da Abadia, inclui o mosteiro, escolas, espaços culturais, museu, a igreja e a biblioteca, desfruta ainda de um panorama privilegiado da região, o que contribui com a sua imponência e sumptuosidade, para uma forte atracão turística.
É o expoente máximo, de luxo e refinamento, do barroco, projetado por Jakob Prandtauer e possui nos seus interiores luxuosamente decorados, frescos, mármores, esculturas e talhas douradas, principalmente a igreja e a biblioteca.

Biblioteca

domingo, 18 de agosto de 2013

Capitais Imperiais - Bratislava

Domingo, 18 de Agosto

Donzília Almeida numa aula de xadrez 

Logo de manhãzinha, partimos para Bratislava, capital da república da Eslováquia.
Foi-nos descrita, pormenorizadamente, a antiga história da Checoslováquia, sob o domínio comunista, a emancipação da Eslováquia em 1993, a poderosa influência dos apóstolos Cirilo e Metódio, que chegaram cá, no séc. IX, e foram dadas outras informações relativas ao país.
Após uma longa viagem de autocarro, almoçámos num restaurante local, numa artéria muito movimentada da cidade.
Pode ver-se, a olho nu, como estes países emergentes do bloco de leste apostaram fortemente no turismo, como fonte de receita bem gorda! Fazem dinheiro em tudo... até no uso dos sanitários. A higiene também rende!
De tarde, houve uma breve visita panorâmica à cidade de Bratislava, outrora capital da Hungria, na qual se destaca o maravilhoso centro, que ainda hoje testemunha a importância que teve: palácios da antiga nobreza húngara, a casa residência de Lizt, de Mozart, etc. A 40ª sinfonia, imediatamente, aflorou à mente.

Capitais Imperiais - Praga

Sábado 17 de Agosto

"A CIDADE DOURADA DAS 100 CÚPULAS"





Hoje, dedicámos o dia, a uma visita à cidade de Praga, capital do antigo reino da Boémia e uma das cidades mais belas da Europa, conhecida como a “A Cidade Dourada das 100 cúpulas”.
Os seus principais pontos de atração encontram-se do lado direito do rio Moldava, em especial, na chamada Cidade velha. Aqui se poderá admirar para além do castelo de Praga que apesar do seu nome não é um castelo no sentido comum da palavra, mas um conjunto de palácios, conventos e igrejas, que começaram a ser construídas a partir do séc IX; o Palácio Real antiga residência dos reis da Boémia e posteriormente residência imperial; o Mala Starna, o bairro da cidade pequena, conjunto histórico quase intacto com palácios, igrejas, casas e jardins barrocos e renascentistas. Aí se encontra a catedral de S. Nicolau, obra barroca do séc XVIII; a igreja do S. Tomás, construção de estilo gótico datada de 1285 que pertenceu, originalmente, aos Padres Agostinhos; a Igreja da Nª Sra do Loreto, construída à imagem da construída em Itália; a Ponte de Carlos, autêntico símbolo de Praga.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Leite de cabra para manter a beleza e frescura da pele



 Natividade

Maria Donzília Almeida

Voltou a ser palco de mais um acontecimento invulgar, a Quinta das Covadas, mais precisamente no seu bosque ensolarado. De facto, no dia 17 de Agosto, uma cria-turinha de palmo e meio veio à luz do mundo, fazendo as delícias dos donos e o enlevo da jovem mãe.
Quando se encarregava da distribuição de provisões e água aos pais, deparou a dona com uma coisa enroscada no chão, que à primeira vista lhe pareceu um gato. Depressa a sua vista lhe devolveu a imagem duma cabrinha anã, que acabara de nascer naquele momento. A mãe, surpreendentemente e ao contrário dos humanos que têm auxiliares, passou o trabalho de parto sozinha, conseguindo na perfeição pôr a cria neste mundo, sã e salva. Só o tamanho da criaturinha já desperta, no ser humano, uma ternura muito genuína, mas quando assistimos a este milagre... acabada de nascer, ergue-se logo nas patinhas frágeis e começa a andar. Que graciosidade, que leveza, ali contida neste quadro de tão rústica beleza! O Homem, tão sábio e inteligente, demora cerca de um ano a ganhar força nas suas pernas, para cometer a mesma proeza!

domingo, 1 de agosto de 2010

Para a exigência da mulher actual



A moda

Maria Donzília Almeida

Com o crescimento da indústria têxtil, foi criada uma panóplia de tecidos de textura e estampagem variadíssimos que fizeram as delícias dos designers de moda, vulgo estilistas. Estes têm crescido, proporcionalmente à necessidade de satisfazer a exigência cada vez maior da mulher actual. O binómio moda/beleza, anda intimamente associado ao universo feminino
Com a crescente ocupação de lugares de destaque na sociedade actual, a mulher sente a necessidade de se vestir e de se arranjar de forma, ora mais prática, ora mais sofisticada, sempre com elegância.
A moda aí está para satisfazer, precisamente esses requisitos e oferece uma variedade de modelos que a todas satisfaz. Criando às vezes, modelos bastante ousados, permite as escolhas mais diversificadas.
Bom gosto e bom senso, de permeio, a mulher consegue fazer uma selecção que realce as suas formas e alimente a sua feminilidade. Cabe ao sexo feminino ser criterioso nas escolhas que faz, para não se tornar escravo dos ditames da moda.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Crónica de férias: Como a natureza nos surpreende!...



Dos fracos não reza a história!

M.ª Donzília Almeida


Desde muito pequena que ouvia da boca do meu progenitor, em tom sentencioso, a frase lapidar: “Dos fracos não reza a história”. Ficou-me gravada na memória e embora a minha tenra idade não me permitisse o alcance do aforismo, já deixava antever algum ensinamento, para o futuro.
Na expectativa que a sua prole singrasse na vida, percorrendo caminhos conducentes ao sucesso, lá ia instigando no nosso espírito, a pedagogia dos provérbios. Os ensinamentos, que transmitem, sintetizam a sabedoria popular que se vai transmitindo de geração em geração.
Mas, como em tudo na vida, nem sempre as coisas são tão lineares quanto o peso da tradição nos faria crer.
Há tempos, numa deambulação pelo pomar, pude constatar o contrário do que o aforismo, popular, apregoa. Numa observação atenta das várias árvores de fruto que se perfilam em linha recta, por entre a copa abundante de quase todas, pude observar uma coisa insólita: um pessegueiro alquebrado ao peso dos anos e das intempéries, da vida, exibia o mesmo aspecto dum velho vergado e apoiado na sua bengala. Poucos anos de vida se auguram para esta árvore definhada e quase seca.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Crónica de Férias: Vá para férias cá dentro




Vida bucólica

Maria  Donzília Almeida


Agora que chegou o Verão e a palavra férias paira no ar como doce melodia, há que repensar os roteiros turísticos e criar novos destinos alternativos.
Sabendo que as férias são uma realidade para uma minoria de portugueses, outros contentam-se com a miragem que vão acalentando em sonhos. Para isso muito contribuem as telenovelas com os cenários paradisíacos que apresentam e a inveja que despertam aos mais desprotegidos da sorte.
Bem, mas sem irmos para destinos muito longínquos e sem grandes orçamentos para dispor, há formas de se relaxar, de se descomprimir, sem se ir para o famigerado Algarve, ou para o estrangeiro.
Atendendo ao apelo dos nossos governantes, que tal a ideia de fazermos férias cá dentro? O nosso país, apesar da sua pequenez relativa, tem ainda uns cantos e recantos de muita beleza. Quem gostar do contacto directo com a natureza, encontra aí um manancial enorme, onde pode retemperar as suas energias. O campismo é o expoente máximo desse contacto com a natureza, nas suas mais diversas formas. Portugal está equipado com uma rede alargada de parques de campismo, que permitem aos nacionais e estrangeiros conhecerem a parte menos conhecida deste torrão atlântico. De muitas maneiras, desde uma simples tenda canadiana até à mais equipada autocaravana, tudo aí tem lugar, numa convivência pacífica e multicultural.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Crónica de Férias: Reencontro

Carla Bruni com Sarkozi
:
E não disse alguém que
o melhor do mundo são as "adoráveis criancinhas"?
Foi num dos seus habituais passeios de bicicleta, nesta planície, ensolarada e abraçada pela ria, que se encontraram. Uma lojinha do comércio local, onde as pessoas ainda contam como tal e estabelecem relações de boa convivência, foi o cenário deste insólito episódio. Deparou com aquela cliente a procurar as peças de joalharia que mais lhe convinham, como souvenirs da sua estadia na terra natal. Os seus entes queridos que haviam ficado em terras de Sarkozy/Carla Bruni, o casal mediático que anda nas bocas do mundo, decerto aguardavam com expectativa, as surpresas que iriam de avião, para chegarem mais depressa ao seu destino. Sem qualquer assunto específico ou importante, entabularam conversa e sem mais nem p’ra quê, o tema versava a preservação do ambiente. Ouvia-a deliciada, defender com unhas e dentes, o ambiente e as formas como colaborava e se empenhava para fazer valer os seus princípios. Pasmava como aquela criatura preconizava a utilização mínima dos sacos plásticos, que, na sua opinião, deveriam ser pagos nos supermercados. Era uma posição vanguardista e, também, algo polémica, mas arrebatava o anuimento desta veraneante. Era tal a convicção com que debatia e defendia as suas posições que até, numa sugestão ali dada, para reduzir o consumo dos famigerados sacos plásticos, declarava que usava uma bacia para trazer o peixe, quando o comprava à beira de sua casa. Dentro da carteira, havia sempre um saquinho desdobrável para o que desse e viesse e num ímpeto de demonstração da sua eficácia, pega nele e oferece-o àquela ilustre desconhecida! Admirável, como encontrava uma pessoa que partilhava, tão cabalmente, os seus princípios ecológicos. Palavra puxa palavra, até que se identifica como professora e mais... como tendo sido aluna da sua interlocutora. Um abraço bem apertado selou e fez reviver a amizade de outros tempos, numa época em que eram ambas muito jovens, com apenas 3 anos de diferença na idade. Depois de uma troca efusiva de palavras, num revivalismo de épocas passadas, nos bons velhos tempos em que caminhavam na construção e realização dos seus sonhos, dá-se um flash de memória. Aquela cliente, residente em França, faz a retrospectiva da sua vida passada, relatando os passos mais marcantes do seu percurso docente. Encontra-se em França, a leccionar Português aos filhos dos emigrantes, numa licença concedida para o efeito. Aqueles Portugueses, apesar do enorme esforço de aculturação, ainda conseguem ter disponibilidade mental para transmitir aos filhos a língua pátria que os viu nascer. Mérito, muito mérito nesta atitude de transmissão da sua língua-mãe, que, apesar de já não ser a dos seus filhos, ainda tem peso de bilinguismo. E... não está provado que quantas mais ferramentas um jovem possuir para enfrentar a vida, mais probabilidades tem de sucesso? O acervo de línguas também entra nesse cômputo. E... poliglota é a ambição de muitos e foi, durante algum tempo, um sonho acalentado pela autora destas linhas. Que bom é podermos compreender os nossos irmãos de paragens exóticas, no seu linguajar, sem precisarmos de intérpretes ou de qualquer ajuda exterior. Revelam, apenas, um sinal de inteligência, estes emigrantes, que se demarcam daqueles, que noutras épocas vinham passar as vacanças a Portugal e construir a maison dos seus sonhos numa evidência de novo-riquismo balofo. Falavam Francês, em público, com os seus rebentos, como forma exibicionista de demonstrarem que já tinham andado por outras paragens e, quiçá, fazerem crer do sucesso alcançado na vida. Revelou à sua antiga teacher, no tom brejeiro e decidido, marca da sua personalidade, que em breve iria para a retraite. Comungava da opinião de muitos docentes que estão desencatados com as políticas educativas, praticadas neste país e que nos últimos tempos têm feito correr rios de tinta. Que não, que ainda não sentira vontade... de lhe seguir os passos para a retraite..., apesar da onda de descontentamento que varre a classe. Ainda se sente com genica e vai desfrutando do lado pitoresco da profissão, no contacto com uma faixa etária irreverente, sim, mas também muito espontânea e que lhe alimenta o seu espírito jovem. E... não disse alguém que o melhor do mundo, são as “adoráveis criancinhas”?
Mª Donzília Almeida 27.08.09

sábado, 22 de agosto de 2009

Crónica de Férias: Bacalhau

BOM APETITE SE DESEJA!
Nesta época estival, já alta, a um terço do fim, a meteorologia tem vindo a contentar, satisfatoriamente, os banhistas, que a esta zona balnear acorrem à procura de retempero para as suas fadigas. Vem mesmo a calhar este tempo ameno, que, no dizer do presidente do município, se deve, em parte, ao conluio/intercessão do pároco da freguesia. Este, num sorriso de bonomia, admite a sua quota parte de “culpa”, nesta tão agradável condição climática. Com efeito, foi agradecido a ambos, S. Pedro e prelado, a concessão de favoráveis condições meteorológicas, para a abertura/inauguração do festival do bacalhau. Tanto se tem trabalhado em prol deste fiel amigo, que por toda a parte se vêem sinais e motivos decorativos, alusivos ao pescado. Foi ele o mote para a realização dum convívio alargado a todo o município, nas famigeradas tasquinhas do bacalhau. Aí se degustam várias receitas do referido alimento, fazendo jus à tradição gastronómica portuguesa que sintetiza a sua riqueza e diversidade na parangona -100 maneiras de cozinhar bacalhau. À volta dele, se confraterniza em são e alegre convívio, onde, à mistura também aparecem salpicos de discórdia e inimizade. Aparece de tudo como na farmácia e apenas se comprova como as relações humanas são algo complexas. Neste contexto do bacalhau, que ocorre num tempo de descontracção e revigoramento da memória, em férias, vem à tona uma cena relacionada com o fiel amigo. Conta-se em círculos docentes, nomeadamente entre professores de Português, um episódio hilariante, que passo a narrar. Numa aula de Português, em que a professora abordava, pela rama, o texto poético, introduzindo noções muito elementares de métrica, rima, etc., deu como trabalho de casa a procura de uma frase poética. No dia seguinte, o Manelinho apresenta a frase: “O sol é grande, caem co’a calma as aves!” Muito bem! disse a professora. - Escolheste o poeta Sá de Miranda, do Cancioneiro Geral! E tu, Joãozinho, que dizes? "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal”! Muito bem, menino Joãozinho, a tua frase vem a talho de foice, pois é altamente poética! - Ora muito bem, vamos agora ouvir o menino Zequinha. Com a fama que já vem de longe, retorquiu o aluno: "O canguru tem pelos no cu!" A professora, contrariamente, aos comentários feitos aos colegas, apenas disse: - Queres, sempre, ser diferente e disseste uma frase da tua lavra! Quiseste mostrar originalidade, mas não passaste de um engraçadinho! Não aceito a tua frase que viola as regras do decoro e boa educação! O menino Zequinha, cabisbaixo, ouve o raspanete e lá obedece à professora. No dia seguinte, toda a turma aguardava impaciente a grande revelação! A frase poética do menino Zequinha. Quando a professora o interpela, responde prazenteiro, na ponta da língua.
O canguru
tem pelos na beiça; Só não tem pelos no cu, porque a professora não deixa!
Dispensa-se qualquer comentário à resposta brejeira do puto. Numa situação semelhante, em que a autora se encontrava a dar o texto poético, numa turma desta idade irreverente, segue as pisadas da sua colega e também solicita o mesmo trabalho, como aplicação dos conteúdos leccionados. O aluno x, no seu fervor poético e querendo dar provas de que apreendera bem a lição, saiu-se com esta:
É Natal. É alegria. Vamos comer bacalhau Anda daí, ó Maria Se não, levas com o pau!
Para sua tranquilidade, não tinha ainda abordado, na aula, a polissemia da palavra... e ao puto, na casa dos 10 anos, nem sequer lhe perpassara pela cabeça... aquilo que certamente aconteceu com o leitor, de idade madura, brejeira e que numa de linguagem coloquial, sem carácter ofensivo, se designa de “mente poluída! Mas... nos Jardins Oudinot... há uma atmosfera limpa, com cheiro a maresia e... a bacalhau fantasiado de várias roupagens. Bom apetite se deseja!
M.ª Donzília Almeida 21 de Agosto de 2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Crónica de Férias: Passeio na marginal

PRIMEIRA OU TERCEIRA IDADE?
O dia amanhecera cinzento. Uma sarria daquelas que as más-línguas apelidam de chuva molha-tolos, foi a companhia dos veraneantes que escolheram para as suas férias, aquela Ria a gosto. Deambulava pela marginal duma Nova Costa do Prado, com um visual diferente, remoçado, atractivo e desafiador de uns largos passeios na calçada. Mais apeteceria dizer do calçadão, pois se calhar, não fica atrás dessas longas avenidas que atraem os turistas ao Rio de Janeiro. Sim, é de facto uma delícia passear-se, no amplo espaço agora criado, na marginal desta zona balnear de casas às risquinhas e tradições seculares. Abrindo aqui um parêntesis, é de louvar o esforço de descentralização do poder que emergiu após a revolução de Abril e que não se pauta só pelo negativo. Há que ter uma visão crítica das coisas, mas reconhecer e dar o devido valor a quem o tem. Aqui, neste particular, estão as autarquias em destaque, já que, numa dinâmica de regionalização bem patente, têm dado cartas, no que concerne ao desenvolvimento local, quer no interior, outrora relegado para segundo ou terceiríssimo plano, quer mesmo no litoral. Aqui é notório o avanço que foi dado às infra-estruturas locais, para melhor e mais efectivamente servirem as populações residentes. Foi, como referido atrás, numa dessas marginais que acompanha a ria no seu curso, que encontrou aquele trio de sexagenárias. O alarido era tanto, no veículo que conduziam, de quatro rodas, que chamava a atenção dos transeuntes. Como chamar-lhe? Bicicleta? Não. Pois não tem apenas duas rodas. Triciclo, também não. Quadriciclo? Não existe ainda em linguagem corrente, mas será, a curto prazo, incorporado, para designar uma nova realidade linguística e um novo meio de transporte! Sem gastar qualquer combustível poluente para a atmosfera, que agradece; apenas movido pelo esforço físico de pedalar. E que bem o faziam a Nor, a Lia e a Dá! Detentoras duma já madura idade, faziam coro na gargalhada fácil e estridente e desafiavam os casais jovens que passeavam com os seus rebentos. Cruzou-se com elas, numa pequena paragem do seu circuito turístico e aí, se formou, rapidamente, um quarteto para a galhofa! Não dizem que rir é a melhor terapia? E... que melhor época do que as férias, para fazer do riso umas termas recuperadoras de energias? Sem dúvida que ali, naquele passeio pela marginal, capitalizaram uma grande reserva de saúde para aplicação futura. E... honra seja feita aos fautores daquele calçadão, que retempera as forças depauperadas, nas liças da vida hodierna. Parabéns à autarquia local, pelo prazer que proporcionou a este quarteto de gente madura, que sintetizou a boa disposição ali auferida, da seguinte forma:
Primeira ou terceira idade? Que importa, se há juventude? Não tenham de nós, piedade! Na meia, está a virtude! Mª Donzília Almeida 17.08.09

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Crónica de férias: estacionamento difícil nas zonas costeiras

Solidariedade
Encontrar um lugar de estacionamento, numa zona balnear, onde o farol é ponto cardeal, dir-se-ia que é como procurar agulha em palheiro. Na verdade, com a multidão de gente que aflui a esta praia, torna-se quase uma aventura encontrar uma nesga de terreno, onde deixar arrumado o veículo que nos trouxe até ao destino. Não há parques de estacionamento disponíveis para as necessidades do tráfego que entope, nos meses de verão, as artérias de toda a zona costeira. Não estará a autarquia muito preocupada em sanar o problema, pois não consta da carta de intenções, agora tão profusamente propalada, numa época de fervor eleitoral. Sendo que a grande massa de veraneantes e ou banhistas que desaguam neste mar, são forasteiros que vêm à procura deste sol, em terras planas e arejadas, não parece estar na lógica eleitoralista da edilidade camarária, o alargamento da rede viária, nem tampouco, a criação de espaços alternativos de estacionamento. Primeiro estão os munícipes que urge satisfazer... nomeadamente em períodos concretos como estes de febre eleitoral. Esperemos por melhores tempos, associados a mais amplos propósitos e que, por arrastamento, também trazem benfeitorias para a própria região. Foi num contexto de grande dificuldade em arrumar, condignamente, o seu carro, que a autora destas linhas se defrontou com a situação que passa a descrever. Num pseudoparque de estacionamento em terra batida, mas muito empoeirada, circulava devagar, na mira de vislumbrar algum buraquito no meio de tanta chapa automóvel. A certa altura, observa o estacionar de um veículo que numa manobra de economia, daria para dois carros. Fica parada em frente do condutor, lançando subliminarmente o pedido de lhe facultar um pouco do seu avantajado espaço de estacionamento. Se a telepatia funciona ou não, não sabe, mas a resposta não se fez esperar e mais que depressa se vê o senhor fazer manobras para arrumar melhor o seu veículo. Aquele tão almejado lugar de estacionamento surgia como por milagre daquela troca de olhares, um de súplica (!?), outro de compreensão e generosidade. Mesmo atrás de uns óculos escuros que o sol escaldante impunha, houve entendimento e do bom, do positivo! Depois de sair do seu carro, o emigrante francês, ainda concedeu a sua ajuda a estacionar o outro veículo, que ali coubera. Depois de um profuso e sentido agradecimento, cada qual dirigiu-se para o recanto da praia que mais lhe convinha, mas aquele gesto de solidariedade ficara bem gravado na memória daquela veraneante. Regressada da praia, ainda com o sol alto e a dardejar, neste dia escaldante de Agosto, sem a nortada característica da época, teve um relance! Ia deixar-lhe preso, na escova do limpa pára-brisas, uma nota de agradecimento – Merci! A falta duma caneta ali, à mão, não constitui óbice à realização do seu propósito. Uns banhistas, a sair do parque, deram a ajuda para a concretização do seu gesto. Apesar de ser um dever cívico, de cidadania, pensarmos nas necessidades dos outros quando estacionamos o nosso veículo, deparamos, a cada passo, com o egoísmo atroz daqueles que olham só para o seu umbigo e para o seu carro e quantas vezes ocupam um espaço que daria para uma limousine! Todos têm direito a um lugar... ainda que seja um modesto Honda com música Jazz! Na verdade, é imenso o prazer e gratidão que sente perante atitudes deste jaez! E... este emigrante em França, ao longo das vicissitudes por que passou na sua odisseia, por certo aprendeu, bem fundo, o sentido da partilha que tão ostensivamente ali, demonstrou. Merci beaucoup, mon ami!
M.ª Donzília Almeida 13.08.09

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Crónica de Férias: "POMBINHOS"

Quando, mais uma vez, cumpria o ritual de visitar as cabrinhas...
E assim acabou o idílio
daquele “casalinho de rolas”
Era um regalo para os olhos, ver aquele casalinho tão unido! Não podiam ver-se um sem o outro e até a dormir ficavam coladinhos, no leito! As mais das vezes, assim acontecia, excepto quando a “menina” saltarica como todas as meninas-rapaz, pulava para o beliche que ficava por cima da cama comum! Era uma cesta de verga, semelhante a uma alcofinha de bebé, a que só faltavam os lençóis de fina cambraia! Talvez nas noites muito quentes, ela tivesse necessidade de mais espaço, de poder esticar-se à vontade, sem importunar o companheiro que permanecia fiel ao seu leito nupcial! Se calhar....até ressonava e queria poupá-lo a esse incómodo (!?) Por várias vezes, a “pastora” a surpreendeu nesta pose e não resistiu a fixar a imagem para deleite futuro. Sim, constituía um espectáculo de rara ternura, ver uma cabrinha anã, deitada dentro dum cabaz comprido, e dormir o soninho dos justos nesse aconchego de verga. Quando os ia colocar de manhã, no pasto, tinha que levar um de cada vez e isso era um problema, pois a privação do outro era um sofrimento tal, que originava um balir dolente e contínuo, até se encontrarem os dois pombinhos, outra vez juntos. Para abreviar esta eternidade, (!!!) a cabrinha era transportada ao colo da dona, que a segurava como uma peninha! Tão leve, tão delicada, tão franzina no seu corpinho de bonequinha de pêlo! Era uma delícia contemplá-la nas suas quatro patinhas, tão fininhas que se surpreendia como seguravam aquele corpito irrequieto. O companheiro, ávido de rever a “menina”, corria à frente da dona, quase se escapulindo pelo meio da erva circundante. Um dia, sem terem reivindicado nada, foi-lhes alargado o espaço de circulação e passaram a andar sem freio, sem limites, sem cordas. Foi a alegria consumada, do “casalinho de rolas”, que pôde dar largas à sua sede de liberdade! De vez em quando, uma rola que nidificara por ali, vinha partilhar do bebedouro franco, colocado no bosque, para mitigar a sede a todos os visitantes. A água quando nasce é para todos e ali se fazia prova do mesmo. A dona deliciava-se nesta contemplação e até quase invejava a felicidade daquele parzinho amoroso! Tinham espaço amplo, sombra com abundância e comidinha fresca e variada. Até lhes era oferecida, à sobremesa, um petisco que devoravam num ápice. Um prato, de maçã laminada, descia até às cabrinhas, que lhes chamavam um figo! Têm boa boca as “meninas”! Boa e pequenina, por isso a dona tinha o cuidado de lhes preparar a iguaria, com o mesmo requinte que se deve a convidados especiais. Sempre que se aproximava da entrada do bosque, lá lhes cheirava a petisco e era vê-las a correr em direcção à paparoca! E tinham razão, pois vinha mesmo coisa boa! Um dia, de manhã, quando mais uma vez cumpria o ritual de visitar as cabrinhas e de lhes franquear a saída para o seu repasto, a pastora teve uma alucinação! Uma alma penada, vinda dos confins dos infernos, entrara, à socapa, no ovil e arrebatara consigo a companheira fiel. Não sabe por que purgatório, ou inferno terá passado a criaturinha de Deus, antes de entregar a alma ao Criador, mas uma certeza ficou. Uma mágoa enorme, pelo desaparecimento duma coisinha tão pura, tão fofinha e sobretudo tão fiel ao seu companheiro de jornada! Este, não se viu derramar lágrimas como os humanos, mas no seu semblante, outrora tão gaiato, tão feliz, pousou uma enorme tristeza! Nos primeiros dias, quase não arredava pé do mesmo sítio e pouco ou nada comia. Como acontece a muitos seres humanos, foi condenado, sem culpa, a uma pena de solidão.....que segundo peritos na matéria.....mata! E assim, acabou o idílio daquele “casalinho de rolas”, que para a dona era um parente próximo -os pombinhos!
Mª Donzília Almeida 04 .08.09

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Crónica de férias

Madrasta
Passou-se numa das lojinhas do comércio local. Aquele que ainda permite às pessoas um breve encontro com os vizinhos, os amigos ou alguma pessoa conhecida daqui ou dali. Dois dedos de conversa e as pessoas ainda não passaram ao anonimato e à despersonalização que acontece nos grandes centros comerciais Assim aconteceu, e deu de caras com esta cena enternecedora, pouco comum nos dias que correm, dumas férias que são também para muita gente, um reencontro! A menina duns tenros dez aninhos de idade, estava tão agarrada àquela jovem senhora, que suscitou a pergunta:_ É a mãezinha, não é? Estavas com saudades dela? A cena era realmente comovente dada a intensidade com que a criança abraçava a suposta mãe! _Não, sou a madrasta, replicou a jovem, bonita, fresca na idade e na postura! O discurso foi aquele que profere uma pessoa sensível, sensata, de boa formação humana, perante uma situação delicada, mas que está perfeitamente à altura da mesma. Estava consciente do seu papel de maternal, prestadora de carinho e afecto, mesmo não sendo sua filha de sangue. Uma clara prova de inteligência, num relacionamento que se pretende válido, gratificante e duradouro! Verdadeiramente exemplar! Conhecia bem aquela menina, sua aluna lá da Escola e estava dentro da problemática da custódia dos filhos, resultante duma quebra dos laços familiares. O rendimento escolar da aluna, marcada por conflitos familiares desestabilizadores para o equilíbrio de qualquer ser humano, variava ao ritmo da instabilidade emocional em que a mesma vivia. Percebia-se ali, traduzido por gestos e palavras, uma carência afectiva profunda que perturbava a atenção e a concentração da criança. Todos os professores estavam atentos a este historial e tentavam, da melhor forma, compensar essa lacuna. Nem sempre era fácil, já que os docentes são seres humanos com as suas próprias dificuldades e que têm de gerir “n” conflitos e situações, emergentes do seu quotidiano. Aqui e sempre, o papel polivalente do Professor! Dava aqui pano para mangas, reflectir sobre as consequências para os filhos da separação dos pais. Estes tentam resolver os seus problemas conjugais, ignorando, por vezes, o enorme sofrimento que causam aos filhos. Os novos companheiros que vão ocupar o lugar afectivo e efectivo, pensa-se, junto dos progenitores, nem sempre entendem que as crianças têm um lugar importante. Devem ser tratadas como gente importante, e não é raro deparar com casais em que o papel da madrasta e aqui refere-se mesmo o elemento feminino, faz jus ao termo carregado de conotação negativa. “Madrasta, o nome lhe basta”, diz o povo e é bem verdade. É das tais palavras que, tal como outras já referidas em contextos específicos, soa mal, inspira mal e as mais das vezes tem mesmo correspondência na vida real. No caso, ora citado, acontece a meritória excepção que vem com toda a força, confirmar a regra! Mª Donzília Almeida 02.08.09

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Crónica de férias

Cão diferente
Ser diferente
Foi o seu primeiro dia de praia, após a entrada em férias. Numa boa zona para tempos de lazer, cheia de recursos naturais, com o mar a abraçar as Gafanhas, é por vezes difícil a escolha do lugar certo. Optou por uma destas praias onde a exploração do betão está a crescer desmesuradamente, mas ainda deixa alguma réstia de sossego e tempo de contemplação. Havia muito movimento de gente, alegria estampada no rosto das pessoas que o sol tão generosamente faz multiplicar. Nuns, será uma alegria genuína que brota duma consciência limpa, em paz consigo e com os outros; noutros é aquilo que alguma câmara furtiva há-de captar para gáudio dos políticos que pretendem passar para fora a imagem de um país florescente, uma democracia enraizada, onde o povo é feliz e está satisfeito com os seus governantes! Duma ou de outra forma, essa alegria transparece no rosto de muita gente! Graças a Deus e ao nosso 1º ministro que trabalha muito para isso!!! Será que ele vai gozar férias este ano? Regressava da praia e já no caminho para o carro, deparou com a cena peculiar, que atraía a atenção dos transeuntes e que se confinava a uma criança num carrinho de bebé! Nada faria parar o trânsito, não fosse a particularidade sofrida de se tratar de uma criança diferente! Não vai ser, aqui especificada a diferença, não tanto por respeito aos pais e pelo sofrimento que isso causa a quem lê, mas para não alimentar espíritos mórbidos que se comprazem com a desgraça alheia. Num breve parêntesis, dirá que não usa, intencionalmente a palavra deficiente, pois teve sempre alguma dificuldade em lhe demarcar a fronteira. Quem se atreverá a definir o ponto onde acaba a normalidade e começa a insanidade mental? Num mundo em que parece que toda a gente sofre de uma ou outra bem marcada “panca”, é cada vez mais ténue a diferença. Recorda aquela cena passada num manicómio em que o seu Director interroga um doente, sobre a razão por que transportava um carrinho de mão de pernas para o ar. _É que se o voltar ao contrário, enchem-mo de tijolos! Respondeu, imediatamente o interpelado. E...chamavam-lhe tolo! Filho de uma muito jovem mãe que apesar do seu infortúnio denotava um certo gosto pela vida em sinais que com alguma perspicácia se pressentem, atraia as atenções dos veraneantes que regressavam depois de um dia bem passado à beira-mar. À memória vem-lhe a evocação que a cena lhe sugere, no âmbito da sua função docente. Sem qualquer preparação específica para lidar com a diferença, apesar de o Ministério da Educação ter dado os primeiros passos nesse vasto campo, é confrontada no seu quotidiano, com esta realidade nua e crua, Adjectiva desta forma essa realidade, pois acarreta uma carga incomensurável de sofrimento para os progenitores que se debatem com situações análogas. O país ainda não tem estruturas satisfatórias e suficientes para dar resposta cabal, a estes pais que num estremado amor aos seus descendentes, sofrem, duplamente na pele. Por não terem apoios e não poderem dar-lhes, eles próprios, o acompanhamento a que qualquer ser humano, numa sociedade civilizada, tem direito. Às vezes, numa tentativa de perceber os desígnios de Deus, neste particular, interroga-se: Porquê, meu Deus, tanto sofrimento a quem não parece merecê-lo, aos olhos de qualquer comum mortal. Será que Deus, na sua sabedoria ilimitada de ser omnipotente...terá alguma na manga, para compensar estes desafortunados da sorte? Fica a pergunta para quem ousar responder!
Mª Donzília Almeida 27.07.09