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domingo, 8 de março de 2015

A missa como antidepressivo

Crónica de Frei Bento Domingues no Público 



1. Sei que o título deste texto contraria a experiência de muitos católicos que se confessam ”não praticantes”, precisamente porque o velho preceito de assistir à Missa se lhes tornou impraticável. Um bom passeio, uma prática desportiva, o contacto com a natureza, um convívio com amigos, pelo bem que faz ao corpo e ao espírito, louva mais a Deus do que o aborrecimento de uma Missa enfadonha. Se aquilo era a festa da fé, preferiam ir ao café.
Apesar de tudo isso e de muito mais, mantenho o título, porque julgo que a celebração cristã do Domingo – se a comunidade celebrante encarnar e encenar hoje a significação da sua origem e da sua verdade – torna-se um divino antidepressivo semanal, um dispositivo contra o medo neste mundo carregado de ameaças e seguranças, um belo processo de refazer a vida e enfrentar os desafios de uma nova semana.
Não digo isto apenas porque os textos do domingo passado - o de S. Paulo, “se Deus está por nós, quem será contra nós” (Rm 8,31-34) e o de S. Marcos, sobre a transfiguração, quando Jesus se começa a sentir cercado (Mc 9, 2-10) - são evidentes e poderosas fontes de energia espiritual.
Não alinho, no entanto, com liturgias destinadas a provocar estados de descontrole emocional, lavagens ao cérebro, simulações de curas milagrosas ou qualquer outra tática para atrair clientes. Não me parece que seja esse o bom caminho para acabar com as missas consideradas uma seca, um aborrecimento ou um sacrifício inútil.