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segunda-feira, 13 de maio de 2019

Frei Bento Domingues O.P. - Um dominicano português no Peru

Bento Domingues

1. Para os dominicanos, o mundo é a cela e o oceano o claustro. Frei Henrique Urbano pertencia a essa nova era da vida religiosa
Tenho uma grande dívida em relação a frei Henrique Urbano. Já fiz, neste jornal, breves referências a esta figura extraordinária, mas sempre com a ideia de lhe dedicar uma crónica [1]. Nasceu em Portugal, em Fermentelos, a 27 de Setembro de 1938. Frequentámos juntos, alguns anos, a Escola Apostólica de Aldeia Nova e o Studium Sedes Sapientiae, em Fátima, nos anos 50 do século passado. Era músico, poeta e apaixonado pelas Ciências Humanas.
Em Montreal (Canadá), fez um mestrado sobre as relações entre Sociologia e Teologia Pastoral. Ainda antes do doutoramento, já tinha entrado, a tempo inteiro, no Departamento de Sociologia da Universidade de Lavai, onde ensinou até à sua jubilação, a 30 de Maio de 1999. Doutorou-se nessa universidade em Sociologia, com uma tese sobre Mythes etutopies, no mundo inca.
Além do trabalho na universidade e de acordo com ela, foi-lhe possibilitada uma carreira paralela, na América Latina. Com outros dominicanos que tinham sido meus colegas em Toulouse, durante um trimestre de cada ano e nos anos sabáticos, trabalhou na fundação e no desenvolvimento do Centro de Estúdios Regionales Andinos "Bartolomé de Las Casas", em Cuzco (Peru), com apoio financeiro de várias organizações canadianas. Dirigiu, durante vários anos, a revista Allpanchis sobre questões sociológicas e antropológicas andinas e fundou a Revista Andina, com colaboração internacional, considerada então como a melhor revista de estudos neste domínio. Promoveu os estudos latino-americanos na Universidade Lavai, dirigiu várias teses de mestrado e de doutoramento e organizou colóquios no Canadá e outros países. Coordenou intercâmbios entre a Universidade Lavai e diversas instituições da América Latina durante vários anos.

domingo, 31 de julho de 2016

Fora do estudo não há salvação

Crónica de Frei Bento Domingues 


1. Ao apresentar em Luanda, com este título, um programa de trabalho histórico-teológico a um grupo de jovens estudantes dominicanos, sobre os modos de fidelidade e infidelidade ao carisma da Ordem dos Pregadores – ao longo dos seus 800 anos – um deles destacou os graves inconvenientes desta afirmação. A sua sonoridade evocava demasiado uma outra expressão que envenenou séculos de teologia missionária e pastoral: fora da Igreja não há salvação! Mas o que agora propomos é algo que nada tem a ver com essa aberração. O título diz apenas que em qualquer tempo, lugar e cultura, sem a dedicação permanente ao estudo, os dominicanos não podem realizar a sua missão na Igreja, acabando por cumprir tarefas que os não definem e os torna facilmente dispensáveis e substituíveis.

domingo, 24 de julho de 2016

Os dominicanos em Angola

Crónica de Frei Bento Domingues

1. No Domingo passado, não tive condições para mandar, de Angola, a minha crónica para o PÚBLICO. A pedido do meu Provincial, vim a Luanda participar num conjunto de iniciativas de estudo organizadas pelos dominicanos angolanos. A perspectiva que me orienta, na realização do programa desenhado, é esta: outro mundo, outra Igreja e outra vida dominicana são possíveis. É uma questão de fidelidade à mensagem cristã. Jesus Cristo cresceu e foi educado nas tradições da religião de Israel. Quando hoje se fala de inculturação do Evangelho, algumas práticas pastorais julgam que se trata de adaptar o Evangelho a uma cultura. Se assim fosse, Jesus Cristo não tinha nada que fazer, pois já estava moldado pela sua herança judaica, cultural e religiosa. O que pode ser observado, tanto nos escritos de Paulo como nas narrativas dos Evangelhos, é que Jesus de Nazaré não se apresentou para perpetuar os costumes do seu tempo. Teve de discernir o que havia de mais vital na herança recebida e o que havia de opressor na religião mais recomendada, sob a invocação de Moisés: disseram-vos, mas Eu digo-vos!
Continuamos com certas orações que podem sugerir a consagração do conservadorismo: assim como era no princípio agora e sempre pelos séculos dos séculos, Ámen. Ora, no principio era a criatividade. A fé cristã está ligada a um Deus que não passou à reforma, mas que é criação contínua, suscitando criadores, não repetidores. Rezamos para que "pelos séculos dos séculos" não se extinga a criatividade dos que desejam ser fiéis ao Evangelho.