PERDI MEUS FANTÁSTICOS CASTELOS
Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma…
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!
Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre o mar de bruma…
— Tantos escolhos! Quem podia vê-los?
Deitei-me no mar e não salvei nenhuma!
Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias…
Sobem-me aos lábios súplicas estranhas…
sobre o meu coração pesam montanhas…
Olho assombrada as minhas mãos vazias…
Florbela Espanca
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quarta-feira, 22 de março de 2023
UM SONETO DE FLORBELA ESPANCA
segunda-feira, 19 de novembro de 2018
Soneto de Florbela para começar a semana
Perdi Meus Fantásticos Castelos
Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!
Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
— Tantos escolhos! Quem podia vê-los? —
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!
Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...
Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...
Florbela Espanca
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Ares de Outono: Soneto de Florbela Espanca
Outonal
Caem as folhas mortas sobre o lago;
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silêncio… Olha, anoitece!
— Brumas longínquas
do País do Vago…
Veludos a ondear… Mistério mago…
Encantamento… A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago…
Outono dos crepúsculos doirados,
De púrpuras, damascos e brocados!
— Vestes a terra inteira de esplendor!
Outono das tardinhas silenciosas,
Das magníficas noites voluptuosas
Em que eu soluço a delirar de amor…
Florbela Espanca,
“Charneca em Flor”, in “Poesia Completa”
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