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quarta-feira, 25 de junho de 2014

POSTAL ILUSTRADO: GAFANHOA À ESPERA DO MOLIÇO

Gafanhoa à espera do moliço

Esta imagem é por demais conhecida dos gafanhões, sobretudo dos mais antigos, que, a partir dela, poderão, porventura, com alguma nostalgia, recordar tempos de vida dura para muitos, em especial para os que viviam da e para a agricultura. Para esses, não seriam tempos de fome, que a terra sempre daria o indispensável para viver com alguma dignidade, mas nunca seriam tempos de luxos, de dinheiro para comodidades como as que temos hoje à nossa disposição. 
A gafanhoa, mulher de casa, de filhos e de lavoura, lá está com o seu carro de bois à espera do moliço para fertilizar os solos areentos e esbranquiçados onde, afinal, se podia cultivar quase tudo, com «sangue suor e lágrimas», no dizer certeiro e aqui adaptável do multifacetado Winston Churchill, estadista e artista inglês. 
Descalça, lenço na cabeça, com a ria serena e ainda não poluída a seus pés, pronta a carregar o moliço que haveria de dar viço às culturas nos areais dunares das Gafanhas, que são hoje solo ubérrimo.
Em hora de descanso, lá está, solitário, um moliceiro, esperando a maré para avançar rumo a mais uma faina nas águas remansosas da laguna que têm dado vida a tantos povos ribeirinhos.

Fernando Martins

domingo, 21 de julho de 2013

Os gafanhões vistos por outros — 4



As mulheres da Gafanha merecem um estudo profundo sobre o seu papel na construção das povoações e das comunidades desta região banhada pela Ria de Aveiro. É certo que alguns estudiosos e escritores de renome já se debruçaram sobre elas, cantando loas à sua coragem, mas também ao seu esforço, desde sempre indispensáveis na luta de transformação de areias improdutivas em solo ubérrimo.
Há décadas, e é sobre essas mulheres que nos debruçamos, elas eram as mães solícitas e amorosas dos filhos, mas também os “pais” que garantiam o sustento da casa, enquanto os maridos se aventuravam nas ondas do mar ou tentavam a emigração, na busca de mais algum dinheiro que escasseava em terra. 
Em jeito de desafio a quantos podem e devem, pelos seus estudos e graus académicos, retratar as nossas avós, com rigor histórico, estético, poético e antropológico, já que, aqui, não há lugar nem tempo para isso, apenas indicamos algumas pistas, que há mais de 60 anos nos foram oferecidas por Maria Lamas, na célebre obra “As mulheres do meu país”.