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quarta-feira, 21 de maio de 2014

FOME EM AVEIRO

Não será novidade para ninguém que há dois milhões ou mais de portugueses que vivem em pobreza extrema. O Jornal de Notícias de ontem afirmava: «Mais do que as horas de espera, é a fome que lidera as queixas apresentadas por doentes e seus familiares, quando acorrem à Urgência do Hospital de Aveiro.»

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Um dia no Hospital de Aveiro

A Lita já está em casa a olhar a vida



Ontem, 11 de dezembro, foi um dia para esquecer. Uma queda de minha mulher, a Lita, num estabelecimento comercial de Aveiro, levou-a a ser tratada nas Urgências do Hospital Infante D. Pedro. Ainda necessitou de ser observada no Hospital de Coimbra, mas, felizmente, já está a descansar em casa. Um dia cheio de preocupações que deu para perceber que a solidariedade não é sentimento vão. O proprietário do estabelecimento apressou-se a ir ao Hospital e telefonou-me depois com compreensível  pena pelo que se passou, oferecendo os seus préstimos para o que fosse necessário.  A solidariedade existe, de facto, a vários níveis, mas raramente é notícia. O normal da bondade humana, mesmo no que diz respeito a servidores públicos, nomeadamente, médicos, paramédicos e demais funcionários, passa-nos ao lado. Mas ela existe, realmente.
Ontem vivi, de lado, a azáfama dos corredores das Urgências, com macas por todo o lado, sem que tenha havido qualquer catástrofe a justificar a afluência de doentes, sobretudo idosos, uns esperando pacientemente a sua vez de serem atendidos, outros impacientes,  e um até gritou, bem alto, que estava vivo!
Penso que todos sonhamos e exigimos médicos e enfermeiros ao nosso lado e na hora de uma dor cuja causa não descortinamos. Mas isso não é possível. Haverá médicos e enfermeiros a menos para o volume de doentes que recorrem aos serviços de saúde, mas o que contemplei foi um ambiente de entrega absoluta, cuidada, atenta, responsável e até com sorrisos animadores na face sobrecarregada de trabalho. Também contemplei gente que protesta por tudo e mais alguma coisa, em jeito de descontentamento,  talvez motivado pela angústia. Porém, nem assim, os funcionários deixaram de  acolher todas as pessoas com solicitude. 
Infelizmente, o bem é normalmente não-notícia,  e qualquer falha, por mais simples que seja, ocupa na comunicação social espaço em caixa alta e letras gordas. Acho que todos teremos de reformular, pela positiva, a nossa visão do mundo em que vivemos. Mundo cheio de coisas boas que, na balança de pratos iguais, vão muito ao fundo, subindo em flecha a realidade das coisas más. Estarei a ser injusto? Julgo que não.
Com a Lita combalida, mas já por aqui a olhar a vida, até me apeteceu ouvir a IX Sinfonia de Beethoven. Grande música para um feliz momento.
Muita saúde para todos.

Fernando Martins