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sexta-feira, 28 de abril de 2017

O Ressuscitado caminha connosco ao ritmo da vida

Reflexão de Georgino Rocha



Jesus persiste em recorrer a mediações humanas para mostrar a novidade da sua vida de ressuscitado, após a morte. Lucas, o narrador do episódio de Emaús, apresenta-o como caminhante junto de dois discípulos que rumavam àquela povoação. Esmorecidos e frustrados. Ao cair da tarde. Ao terminar do dia. Ao chegar a noite. Símbolos expressivos da agonia da esperança que lhes ia roendo o coração. Símbolos da disposição de tantos corações surpreendidos perante o insucesso provisório das suas opções de vida. Lc 24, 13-35.

O Papa Francisco, na audiência geral do passado dia 26, reconhece-o e afirma que: “A nossa existência é uma peregrinação, temos uma alma migrante. Somos um povo de caminhantes, tendo Jesus por companheiro de viagem: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos». Assim quis Ele assegurar-nos de que não Se limita a esperar-nos lá no fim da nossa viagem, mas já nos acompanha em cada um dos nossos dias”. Grande certeza que nos consola.

A distância geográfica de Jerusalém a Emaús é relativamente curta, mas simboliza um itinerário enorme de iniciação que, normalmente, os candidatos à vida cristã e inserção eclesial estão chamados a percorrer. Outrora, os discípulos eram Cléofas (que significa celebração) e o seu inominado companheiro (talvez para sermos nós a dar-lhe nome). Regressam à aldeia, após o fracasso das suas expectativas provocado pelo desfecho trágico da vida do seu mestre, Jesus de Nazaré. Dão largas a este estado de espírito, lamentam o sucedido e “sonham” retomar um passado que não volta. Alimentam e ampliam a amargura da frustração, “curtida” em conversas e atitudes. Sem horizontes de futuro onde brilhe qualquer “semáforo” de esperança. Amarrados a um presente marcado pelas chagas ainda em ferida viva e sangrante, carregam as gratas recordações de um tempo feliz e vivem à procura de sentido para a etapa que se avizinha.

O diálogo com o desconhecido, que se faz companheiro, mostra a dolorosa situação em que se encontram e a novidade de rumores incríveis que começavam a surgir. Constitui uma excelente amostra do sentir de tantos contemporâneos, uma boa referência para lançar pontes de contacto e iniciar uma viagem comum, com o ritmo cadenciado dos passos de cada um e com a franqueza do coração aberto de todos. Agora somos nós os peregrinos de Emaús.

O novo companheiro escuta, com delicada atenção, a resposta à pergunta que lhes fizera. E após uma breve censura, toma a palavra e faz--lhes a explicação do sucedido, situando-o no contexto das Escrituras. À medida que fala, o coração dos caminhantes vibra com novos ritmos que surgem progressivamente: coração sem esperança e incapaz de ver as luzes que começam a despontar; coração acolhedor do estranho que se faz companheiro e dialoga, sem reservas; coração aberto à intervenção de Jesus que narra tudo o que nas Escrituras lhe diz respeito; coração transformado que deseja permanecer com o desconhecido a quem oferece hospedagem e convida para uma refeição; coração agradecido que reconhece a nova forma de presença de Jesus nos sinais do pão e do vinho (eucaristia); coração entusiasmado no amor e pressionado pela novidade da experiência feita que quer contar aos discípulos; coração enternecido que recebe a alegre notícia dada pela comunidade reunida: “O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão”.

O Santo Padre na mensagem para a 54ª semana de Oração pelas Vocações, que hoje começa, faz-se eco desta novidade e diz-nos: “Amados irmãos e irmãs, é possível ainda hoje voltar a encontrar o ardor do anúncio e propor, sobretudo aos jovens, o seguimento de Cristo. Face à generalizada sensação duma fé cansada ou reduzida a meros «deveres a cumprir», os nossos jovens têm o desejo de descobrir o fascínio sempre atual da figura de Jesus, de deixar-se interpelar e provocar pelas suas palavras e gestos e, enfim, sonhar – graças a Ele – com uma vida plenamente humana, feliz de gastar-se no amor”.

O Ressuscitado vive connosco e marca o ritmo que o coração humano deseja e procura assumir. Felizmente!

sábado, 18 de abril de 2015

Reconhecer Jesus Ressuscitado

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha

Os discípulos de Emaús, após terem reconhecido Jesus, partem apressados e cheios de alegria para a cidade, encontram o grupo dos apóstolos reunido e narram a experiência gratificante vivida durante a caminhada. É a primeira vez que estão todos em comunidade. É a primeira vez que o “partir do pão” surge como momento especial de reconhecimento do Ressuscitado. É a primeira vez que se evoca a releitura da Sagrada Escritura como critério para a compreensão da história e reposição da verdade,
O acesso à experiência da ressurreição de Jesus dá-se, segundo Inácio de Loyola, pelo reconhecimento dos seus “santíssimos efeitos”. São estes que constituem a “janela” do espírito humano iluminado pela fé. São estes que provocam o encontro feliz que abre o entendimento do crente e o leva a identificar o Senhor. São estes que alargam os horizontes e lançam em maior profundidade as razões da esperança pascal.