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domingo, 8 de outubro de 2017

A nossa gente: Mestre Vareta


Neste mês de outubro, em que se assinala o 16.º Aniversário da Ampliação e Remodelação do Museu Marítimo de Ílhavo, dedicamos a rubrica “A Nossa Gente” a José Rodrigues Vareta, também conhecido por “Mestre Vareta”.
Nascido na Gafanha da Nazaré, a 24 de outubro de 1930, o Mestre Vareta estudou na Escola Primária da Chave, onde estudou até à 4.ª classe. Com apenas 14 anos de idade, começou a trabalhar como ajudante de Carpinteiro Naval nos antigos Estaleiros Mónica, empresa de referência na construção de navios da frota bacalhoeira nacional.
Tornou-se, depois, Carpinteiro Oficial passando pelas suas mãos navios como o “Condestável”, o “Lutador” ou o “Inácio Cunha”, destacando o “Celeste Maria” e o “Ilhavense” como muito especiais. Tempos bons aqueles em que via partir os navios para a Faina Maior, a pesca do bacalhau à linha praticada por homens e navios portugueses durante os séculos XIX e XX, regressando meses mais tarde, abastecidos de bacalhau, ao Cais dos Bacalhoeiros, na Gafanha da Nazaré, onde, sempre que podia, os ia apreciar.
Reformado desde os 65 anos, passou a dedicar-se à construção de miniaturas de barcos e outros apetrechos de madeira, autênticas réplicas de navios bacalhoeiros, dos seus dóris e de diversos utensílios usados pelos pescadores, como o foquim ou a bilha
O Mestre Vareta estará para sempre ligado à Sala da Faina Maior Capitão Francisco Marques do Museu Marítimo de Ílhavo: fez parte do grupo que construiu, em tamanho real, o belo iate da pesca do bacalhau que se encontra no centro daquela sala, representando um navio típico das primeiras décadas do século XX.
Talhado a meia água ou pelo limite inferior do convés, permite aos visitantes ir a bordo e tocar todos os elementos materiais que faziam parte da grande faina. Foi um desafio lançado pelo Capitão Francisco Marques que José Vareta aceitou com muito orgulho, recordando o antigo Diretor do Museu Marítimo de Ílhavo como “um homem com muitos conhecimentos, muito saber e muito simples”.
Com quase 87 anos de uma vida preenchida, o Mestre Vareta continua a fazer aquilo que mais gosta, laborar minuciosamente a madeira, imprimindo arte e amor nas suas peças e recordando, com saudade, histórias da sua vida profissional, tendo sempre como premissa manter-se ativo e útil.

Fonte: Agenda "Viver em..." da CMI, mês de outubro.

Nota: Congratulo-me com a distinção atribuída a Mestre Vareta, que conheço desde sempre. Era eu jovem, quando o mestre veio residir para bem perto da minha família. Sempre o vi e apreciei como um homem sereno, trabalhar e respeitado por toda a gente. O  mesmo fazia ele em relação a todos. 
A vida dá sempre muitas voltas e o Mestre José Vareta mudou-se para o lugar da Chave, onde ainda vive. E reformado, não descurou a seu gosto pela carpintaria naval, construindo agora miniaturas, como refere a agenda "Viver em..." da CMI. Entrevistei-o há meses e gostei de o ver como sempre o vi: feliz com a vida que Deus lhe tem dado. Ele merece. Um abraço de parabéns.

Ler a entrevista que ele me concedeu aqui 

Fernando Martins