Mostrar mensagens com a etiqueta Leprosos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Leprosos. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Homem Leproso, meu irmão, arauto da Boa Nova

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo VI do Tempo Comum


CARTA ABERTA

Não estranhes, homem com lepra, receber por correio eletrónico a mensagem de um padre católico. Vivo junto ao mar Atlântico, numa região a que deram o nome de Lusitânia. Leio com frequência as Escrituras e vou-me informando do estatuto social e religioso das pessoas que sofrem de lepra. Sei também que os rabinos multiplicam as regras protectoras de quem tem saúde, agravando a situação de quem sofre de doença. Estás escorraçado da sinagoga e da sociedade. Em “nome de Deus”! Vives a “monte” ou em esconderijos, à distância, para nem sequer seres visto. Tal o medo de contágio!
Olha, meu Irmão, ao ver a tua situação, nós os que vivemos em 2020-2021, podemos compreender melhor o que significa a pandemia e o possível contágio: doença grave, isolamento, rigor nos cuidados de higiene, sofrimento atroz e outros males que nos ameaçam de morte. E isto sofre-se, hoje, em quase todo o mundo, provocando uma distância aflitiva entre as pessoas. A distância não é apenas geográfica, mas afectiva, familiar, social e religiosa. Como bem sabes, todos somos humanos, temos coração, precisamos de laços de união e de pertença, sentimos necessidade de ser apreciados e reconhecidos.
Por isso, quero dizer-te, meu irmão, o que me vai na alma, o que faz nascer em mim o teu encontro com Jesus de Nazaré, na sua itinerância pelas tuas terras da Galileia. Mc 1, 40-45.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Georgino Rocha - Elogio a quem agradece

DOMINGO XXVIII


"Educar para o agradecimento merecido e viver em atitude de gratidão justa 
fazem parte da nossa comum humanidade, da cidadania cívica, 
do conviver respeitoso em sociedade"

A liturgia deste domingo tem um fio condutor que une as leituras e dá sentido à vida humana em todas as situações. Também nas de maior fragilidade como as que estão apanhadas pela lepra ou outras doenças. Hoje, surge Naamã, o general sírio, que vai em busca de cura junto de Eliseu, o profeta de Deus, e Jesus que é invocado como Senhor, por dez leprosos, numa aldeia por onde passava a caminho de Jerusalém. De igual modo, Paulo que está na prisão como um malfeitor por causa do Evangelho, ele que tinha vivido dominado pela lepra do ódio aos que se convertiam a Jesus e seguiam a sua mensagem. Em todos, a lepra é curada e a saúde recuperada. Apenas dois reconhecem o benefício recebido como dom de Deus e Lhe agradecem.
Vamos seguir a narrativa de Lucas, meditar algumas passagens, tentando saborear a sua riqueza e oportunidade para nós em Igreja e na sociedade. Fazê-lo a partir do elogia dado por Jesus ao leproso que vem agradecer-lhe. Lc 17, 11-19.
O elogio surge da boca de Jesus, numa povoação onde passava a caminho de Jerusalém. Com ele, iam os discípulos desejosos de colher os seus ensinamentos. Sai-lhe ao encontro um grupo de dez leprosos que, em voz alta, imploram a sua compaixão. Jesus põe-nos à prova, encaminhando-os, de acordo com a Lei judaica, para os sacerdotes. E não diz, nem faz mais nada. No percurso, acontece a maravilha da cura. O grupo continua a viagem; mas um, não, e regressa junto de Jesus, para lhe expressar a gratidão pelo benefício alcançado. E este era estrangeiro, samaritano, de outra etnia cultural e religiosa, excluído das bênçãos prometidas aos Judeus.
Ao ver o sucedido, Jesus toma a palavra, censura o grupo pela falta de reconhecimento e pela ingratidão, fazendo, ao mesmo tempo, o elogio de quem, espontaneamente, vem à sua presença, dando glória a Deus, em voz alta, e assumindo atitudes de profunda humildade e agradecimento. Depois diz a este homem: “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”.
Os discípulos não participam no diálogo, apenas testemunham o facto tão contrastante com o preceituado na Lei. E, certamente, como ocorre em outras ocasiões, ficam perplexos e pedem explicações. E não era para menos! Com eles, também nós precisamos de compreender o que está contido na cura dos 10 leprosos e colher a mensagem que Jesus quer transmitir.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

JESUS COMPADECIDO CURA O LEPROSO. APRECIA

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha

Um leproso vem ter com Jesus. Ousa transgredir regras muito rigorosas de higiene pública. Expõe-se e corre riscos de morte. O contágio era fácil e perigoso. A sociedade protegia-se. Além disso, a lepra como outras doenças, tinha conotação religiosa. Fazia a pessoa impura, com uma relação negativa com Deus, culpada por algo que tivesse feito, amaldiçoada. Devia ser evitada a todo o custo.
Que experiência dolorosa e humilhante! Apesar disso, expõe-se e transgride, avança no desejo de recuperar a dignidade perdida e a liberdade cerceada. Ousa o inacreditável e, cheio de coragem e confiança, aproxima-se, ajoelha e suplica: “Se quiseres, podes curar-me”. Que força interior move as suas energias e alenta a sua esperança. Que firmeza de convicções manifesta e transmite. Que expectativas alimenta nos passos que dá para realizar o seu sonho: Ser alguém com nome próprio, ir ao culto religioso na sinagoga, ser membro da sociedade e poder andar em público sem restrições.
O leproso é também um símbolo de grandes maiorias humanas que se arrastam na vida por carências sem conta: desnutrição por fome, migrações forçadas por guerras impostas e alterações climáticas, falta de água e de outros bens indispensáveis à saúde, conflitos e violências, perseguições étnicas e religiosas. Ou ainda nas sociedades de “bem-estar” o isolamento e a solidão, as desigualdades irritantes, o individualismo egoísta, a exclusão e marginalização das minorias, a “ditadura” das ideologias e, por vezes, da opinião publicada. Tudo isto, e muito mais, apesar dos avanços admiráveis em tantas áreas da nossa humanidade.
Marcos, o autor do relato (Mc 1, 40-45), adopta um estilo diferente do habitual na narrativa. Deixa em aberto a identidade do leproso. Não se sabe quem é, nem donde vem, nem o local do encontro. Para ele, o importante é a atitude de Jesus, a força sanadora que possui, a compaixão que sente e o gesto que faz. Para ele, o importante é que os discípulos saibam que a lacuna não é esquecimento, mas oportunidade, para cada um fazer o encontro pessoal com Jesus, nas situações mais sofridas da vida, sem medo prudente a “sujar as mãos”, nem a perigos de contágio.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

OBRIGADO JESUS, ÉS O MEU SALVADOR

Reflexão de Georgino Rocha

Jesus encontra-se com leprosos numa aldeia situada entre a Samaria e a Galileia, no caminho para Jerusalém. Pode parecer um encontro fortuito, mas não é pois os protagonistas mutuamente se desejavam: Os leprosos, por necessidade; Jesus por imperativos da sua missão, de que faz parte integrante a atenção sanadora aos excluídos da sociedade e amaldiçoados da religião judaica. Lucas concentra a narração na atitude do samaritano leproso que é curado em contraste com os outros nove. Evita pormenores ou derivas que distraiam o discípulo leitor. E fá-lo com grande acerto descritivo.