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quinta-feira, 8 de julho de 2021

A planta da minha mãe


Esta planta, cujo nome científico desconheço, vive connosco desde sempre e tenho com ela uma relação muito próxima, ou não tivesse sido herdada de minha saudosa mãe. Quando entro nesta minha tebaida, fixo-a de imediato e a minha mãe passa a estar presente. O dia, com ela, fica mais sereno.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

CONFINAMENTO CONVIDA SAUDADES

O confinamento, qualquer que ele seja, convida sempre saudade de tempos idos. Pensa-se no presente, conjugado no passado. Hoje, a minha saudosa mãe, Rosita Facica, saltou para a minha memória. Coisa normal, dirão os meus amigos. É certo. Contudo, há dias em que as recordações transportam mais expressão, mais cor, mais vida. Vêm com outra carga, inspiram desafios e até nos comovem.
E daí este poema da Aida Viegas para tornar a minha mãe mais real na minha alma. Se eu fosse poeta!...



MÃE

É aquela que tem:
Esperança ilimitada
Fé que move montanhas
Luz que rompe as trevas
Força para virar o mundo
Energia sempre renovada
Enorme capacidade de sofrimento
Coragem de nunca desistir.

Firmeza na palavra.
Lucidez no pensamento
Discernimento na decisão
Amor sem limites.

Bravura à flor da pele
O sonho na palma da mão
A alma vestida de esperança
O sol guardado no bolso.

Na voz, melodia inexcedível
Doçura e perfume nos gestos
Ternura infinita no olhar.

O bálsamo num beijo
Calor revigorante no colo
A magia num afago
No abraço o perdão desmedido
Na palavra o estímulo
Ao seu redor, a paz.

Aida Viegas

domingo, 3 de maio de 2020

A MINHA MÃE - ROSITA FACICA

Celebra-se hoje, primeiro domingo de maio, o Dia da Mãe, razão mais do que suficiente para lembrar, com que saudade!, a minha Mãe, conhecida, cá na Gafanha da Nazaré, mas não só, por Rosita Facica. Rosita Facica foi, desde que me conheço, uma forma carinhosa de tratar uma pessoa. O apelido veio da família dos Franciscos da Rocha, oriundos de terras de Vagos. 
A minha mãe teve cinco filhos. Faleceram na infância três e criou dois: Eu, Fernando, e o meu irmão, também já falecido, Armando. 
Nesta data, desde há muito, todos os filhos costumam lembrar e honrar as suas mães, vivas ou já no seio maternal de Deus, onde, segundo a fé dos católicos, intercedem por nós. A minha saudosa mãe está há muito nesse “lugar” privilegiado de vida sem fim e sem dor. Lembro-me dela todos os dias como dos meus filhos e netos me lembro, cada um com a sua vida. 
Na minha memória, vejo constantemente o desbobinar de um filme projetado numa tela postada na parede da minha consciência. E é nessa tela que revivo os trabalhos e canseiras da minha mãe Rosita Facica, sempre com a palavra “pai” na ponta da língua para não esquecermos que ele andava sobre as ondas do mar. Esta expressão — ondas do mar — fazia parte indelével das orações em família, antes do deitar: Pelas que labutam sobre as ondas do mar, um Pai Nosso e uma Ave Maria. 
Para além do amor ao trabalho e às tarefas do dia a dia, da minha mãe herdei ainda o gosto pela verdade, pela humildade, pela poupança, pela atenção aos mais pobres, pelo respeito por nós próprios e pelos demais, pela honradez sem hesitar. 
Mulher de fé, abriu-me a razão ao transcendente, desde menino, quando durante a missa, em latim, sentado no soalho da igreja matriz, ela me segredava a forma de viver cristãmente. O que sou e como sou veio muito da minha saudosa mãe Rosita.

Fernando Martins

DEUS, A MÃE E O BOM PASTOR

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

1. Segundo a teoria do Big Bang – teoria de um padre –, o Universo terá começado há 14 mil milhões de anos. Pelos vistos, a obra-prima da estruturação da Natureza é a espécie humana. Somos provavelmente o mais alto nível de complexidade que conhecemos, a estrutura mais complexa do Universo [1]. Não somos apenas a espécie mais numerosa, mas também a que desenvolveu mais o pensamento abstracto, científico, artístico, religioso e ético.
No mistério vivemos, nos movemos e existimos, cheios de perguntas metafísicas e científicas, banhados em espírito criador de beleza, sem o qual não floresce nem o amor nem a poesia nem a grande música, alma e ritmo de todas as artes.
No entanto, sem ética, sem procurarmos, uns com os outros, estilos de boa qualidade de vida, em instituições justas e amistosas, podemos deitar a perder as maiores conquistas do género humano. Elas próprias se podem tornar instrumentos sofisticados de destruição.
Sem a virtude da prudência pessoal e social – virtude das decisões ponderadas – a governar a nossa liberdade, cedemos facilmente aos caprichos dos nossos apetites desorientados. Estragamos tudo: as relações com a natureza e com os outros. Continuamos a gastar, em armamento e em guerras, o que vai faltar para cuidar da Casa Comum.

sábado, 28 de março de 2015

E SE DEUS FOSSE MÃE?

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges


1- Os crentes sabem que Deus não é masculino nem feminino, pois está para lá da determinação sexual. No entanto, é preciso tentar representá-lo, figurá-lo, dizê-lo, pois aquilo de que nada se pode pensar nem dizer não existe para nós. O que será sempre necessário é ver nessas imagens apenas isso: imagens, que não podem ser reificadas, já que apenas apontam para o Mistério último, para o Sagrado, do qual se espera sentido, sentido último e salvação, sempre indizível, sempre para lá de tudo quanto se possa pensar e dizer.
Essas representações são sempre condicionadas pelo espaço e pelo tempo, pela cultura, pela sociedade, pela história, ao mesmo tempo que condicionam elas próprias a história, a cultura, a sociedade, a visão do mundo. Para dar um exemplo: se, no quadro da cultura ambiente cristã, em vez de se rezar o pai-nosso se rezasse a "Mãe Nossa": "Mãe Nossa, que estais no Céu, santificado seja o vosso Nome...", que influência teria essa formulação da oração característica dos cristãos na sua visão do mundo humano e do próprio cosmos, na sua vivência das relações entre homens e mulheres, na economia, na educação, no exercício do poder?