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sábado, 10 de dezembro de 2016

O islão e as luzes. 2

Crónica de Anselmo Borges 
no DN


Continuo com o Manifesto 
a Favor de Um Islão das Luzes,
de Malek Chebel. 
As outras propostas urgentes:

8. "Sancionar de modo mais severo os autores de crimes de honra." Mas não basta a sanção. É preciso ir mais fundo, libertando os valores de vontade pessoal e escolha amorosa feminina. "Enquanto a mulher não tiver a possibilidade de formular escolhas amorosas independentes, não poderá ser tomada a sério."

9. "Modernizar a lei civil e o código pessoal." Impõe-se um direito positivo mais conforme com o espírito do tempo, não identificado com a sharia, a lei religiosa. Sem se ser radical, "examinar o conjunto do potencial do direito islâmico, determinar a parte ainda viva, isto é, capaz de evoluir, depois adaptá-lo às novas condições de existência dos muçulmanos, afastando o que se tornou caduco. Este estudo deverá denunciar os aspectos mais retrógrados da sharia: cortar a mão ao ladrão e a língua ao mentiroso, colocar de quarentena a mulher durante a menstruação, aplicar a lei de talião, divisão injusta da herança, etc.".

10. "Reavaliar o estatuto da mulher." Toda a misoginia ligada à suposta inferioridade da mulher "desfigura o islão e dá uma má imagem do terceiro monoteísmo". "Repúdio, poligamia, casamentos forçados (e sobretudo casamentos precoces com 11 ou 13 anos), raptos de jovens raparigas, difamação das mães celibatárias e assassinatos perpetrados em nome da honra: aí estão alguns aspectos - flagrantes - da inferioridade jurídica da mulher muçulmana em relação ao homem", fundada na sua anatomia e fisiologia, muitas vezes consideradas mais importantes do que "o seu ser profundo". A mulher não pode ser considerada menor toda a vida.

sábado, 3 de dezembro de 2016

O Islão e as Luzes (1)

Crónica de Anselmo Borges 

Malek Chebel 

Quando, há mais de 15 anos, Malek Chebel lançou a expressão "Islão das Luzes" não imaginava o sucesso que ela havia de encontrar. Nascido na Argélia, M. Chebel morreu no passado dia 12 de Novembro, com 63 anos. Antropólogo das religiões, psicanalista, especialista reconhecido no islão, sobre o qual escreveu obras fundamentais, ensinou em várias universidades, tendo-se tornado particularmente notado pelo seu Manifeste pour Un Islam des Lumières (Manifesto a Favor de Um Islão das Luzes).
Dada a importância da obra e no contexto dos grandes debates em curso sobre esta questão tão complexa como urgente, dedico--lhe a crónica de hoje e a do próximo sábado. Faço-o no mesmo espírito de Malek Chebel: "Na realidade, não há crítica válida a não ser que seja, por essência, autocrítica." O seu valor mede-se pelo "amor que se tem à coisa criticada". Não se trata, pois, de "agredir inutilmente os leitores de sensibilidade muçulmana, mas de fazer apelo à sua capacidade de discernimento e ao seu sentido das responsabilidades". O Manifesto tem 27 propostas para reformar o islão. Assim: