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terça-feira, 29 de outubro de 2013

O Marnoto Gafanhão — 14

Um texto inédito do Ângelo Ribau


O tempo já não era quente e estava-se bem na cama


Era Outono, o tempo já não era quente e estava-se bem na cama. Nessa noite o tempo estava mesmo frescote! E o tempo ia passando. Passou o Outono, chegou o Inverno.
Era agradável a frequência das aulas. Menos as deslocações, com os ventos fortes acompanhados de chuvas. As roupas impermeáveis que tínhamos de usar dificultavam os movimentos. Para o frio que por vezes fazia, bastava usar roupas mais quentes.
Entretanto chegou o tempo da apanha do moliço, com todos os problemas que acarreta: o frio e o gelo com todas as suas consequências. Mas o Toino estava mais crescido, com mais força, e isso facilitava-lhe a execução do trabalho. Só lhe fazia doer o coração era ver a estudantada passar na estrada, bem agasalhada, passando alegremente a caminho de Aveiro e ele ali atolado na lama, cheio de frio, zurrando (empurrando) os montes de moliço em direção à estrada! Mas este tempo também iria acabar para ele. Para isso, depois de trabalhar, ia estudar, e como quem corre por gosto não cansa, ao dia sucedia-se a noite de estudo, de esperança num futuro melhor. 
Passou o inverno, veio a primavera e o verão.
Veio o serviço das marinhas, o mesmo trabalho, as mesmas labutas. Preparar a marinha, “pô-la” a sal quando estiver preparada e depois colher o sal. Os quentes dias do verão com o vento nordeste que assava a pele, ou a fresca nortada que nos aliviava daquele forno, daqueles quentes dias do nordeste, que custavam a passar. Mas iam passando…


domingo, 15 de janeiro de 2012

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 273


PITADAS DE SAL - 3 



OS MARNOTOS DA GAFANHA 

Caríssima/o: 

Já tanto se tem escrito sobre esta figura, agora quase lendária, que pouco sobra para mim. 
João Pedro Marnoto, no seu blogue, registou: 

«O marnoto é o trabalhador que nos meses entre a Primavera e o final do Verão se dedica às salinas, ou marinhas — como se diz na gíria em Aveiro —, na produção de sal. Encher e remexer os tabuleiros com água nova, quebrar e puxar o sal após a cristalização e carregar o sal em canastras pesadas sobre a cabeça é o ofício do marnoto, que trabalha de corpo robusto e queimado pelo sol intenso. Às vezes, só de cueca.» 

Nos desdobráveis turísticos lá vem: 

«O marnoto é o tradicional trabalhador das salinas, acompanhante de todas as actividades que elas exigem, dos meados da primavera ao final do outono; Era por regra bronzeado do sol de verão, vestia camisa de lã branca sobre a qual usava, em volta do pescoço, um lenço de cor vermelha preso com uma caixa de fósforos, enquanto na cabeça se protegia com chapéu preto de feltro com abas largas; Para baixo, vestia bragas ou calções largos de cor azul em algodão, aos quais chamavam manaias. ... é caracterizado por ser uma figura de braços hercúleos, traços morenos e pele bastante bronzeada pelo sol devido às actividades desenvolvidas nas salinas, ... Apresenta mãos calejadas dos remos e pés endurecidos pelos cristais do sal.» 

E o nosso João Magueta acrescenta como bom conhecedor: 

«... limpar a marinha e prepará-la para uma produção de qualidade, rer e transportar o sal, à cabeça, numa canastra, até ao cocuruto do monte, debaixo de um sol escaldante, sete dias por semana. Não havia domingos, nem feriados, nem dias santos. Folgas, só quando chovia, mas nem assim podiam abandonar as salinas, porque um ou outro temporal podia fazer estragos, exigindo pronta reparação.» 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Painéis cerâmicos: motivos profissionais




Este painel cerâmico, que registei na Rua Sacadura Cabral, Gafanha da Nazaré, é, de certo modo, uma homenagem aos nossos marnotos e moços de marinha. A safra do sal tende a extinguir-se por completo na zona aveirense, restando poucas marinhas, sendo uma delas espaço museológico (Marinha da Troncalhada). Por isso, julgo que urge avançar com registos que fixem para a história a vida de tanta gente que labutou na produção do sal. Posso adiantar que já lancei o desafio a um amigo, colaborador do meu blogue, para que avance com este projeto. Ficamos todos a aguardar. Porém, nada impede que outros o façam.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Aveirenses Ilustres: homenagem aos marnotos

Marnoto

Os marnotos da Ria de Aveiro vão ser homenageados no auditório do Museu da Cidade, no dia 23 de novembro, pelas 18.30 horas. Trata-se de uma iniciativa integrada no ciclo designado por Aveirenses Ilustres.

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