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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Estamos a navegar em terrenos muito pantanosos

Nas malhas da liberdade

PorAlexandre Cruz

1. O tecido social da comunidade só consegue fluir criativamente no princípio basilar da liberdade. Esta liberdade, em sociedade de democracia amadurecida, revela-se como o pilar estruturante que garante o exercício da pluralidade e da respeitosa tolerância. Conseguir conviver com a diferença de opinião, de ideia, crença, política, visão estratégica, eis os sinais claros de que a liberdade é nossa companhia constante e que esta preserva o exercício público de todos e o particular de cada um. No século XX, à medida que os poderes da comunicação foram crescendo, estes foram sendo um palco preferencial do exercício da opinião, conveniente quando vem a favor, inconveniente, quando a opinião não é favorável. Estamos a navegar em terrenos muito pantanosos, onde as fronteiras da liberdade devem coexistir com as da responsabilidade colectiva.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O desespero da insegurança



A corrente do sistema
Por Alexandre Cruz

1. Há dias uma imagem da televisão, vinda da China, impressionou quem se deixa impressionar. Era um pai que, tendo-lhe sido roubada a filha mais velha, pegou no filho mais novo, de seus três anos, e amarrou-o com uma corrente a qualquer coisa fixa, não lhe fosse acontecer o mesmo destino trágico. O pai partilhava o desespero da insegurança, mas com a naturalidade de quem já está habituado à desumanidade. Tudo acontece na China, sistema que se vai afirmando com importâncias na cena internacional, mas no retrato nacional sofre os abalos de tamanhas condições de indignidade. Dizem os números, que não se podem calar, que são na ordem das cem mil crianças ano raptadas para os vários tráficos (de órgãos, de crianças, de prostituição) que persistem na era da globalização.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Grandes reformas e irrazoáveis salários “pagos” pelos cintos apertados


O verniz e o cinto…
Por alexandre Cruz


1. Chegámos a um momento muito difícil. Sente-se o verniz a estalar e continua certa a garantia do apertar do cinto. Quem viveu períodos como este (e mesmo quem não viveu) sente que o futuro tem um reforço de incertezas como já não se sentia há muito tempo… O caso da lei das finanças regionais e todo o xadrez de pressões, intenções primeiras, segundas e terceiras; a crise social instalada, o aumento transversal da precariedade, as pessoas do desemprego histórico, a criminalidade e insegurança que se confirma cada vez mais diária; a nossa comparação com a Grécia e a galopante não credibilidade externa; a escassez de horizontes políticos que enfermam um diálogo que todos reclamam mas que “todos” falham; a sensação de que a liberdade de opinião se sente ameaçada com sucessivos casos de “alegadas” pressões e de “problemas” a serem resolvidos…

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ninguém duvida da força do mundo da imagem e dos impérios dos cinemas



O fenómeno Avatar

Por Alexandre Cruz

1. Ninguém duvida da força do mundo da imagem, dos impérios dos cinemas, do quanto eles reflectem, de um modo ou de outro, a realidade do mundo que vivemos; os seus bens ou os seus males, as suas angústias e aspirações. É uma multidão de actores imortalizados, e é um mundo que acompanha continuamente os desenvolvimentos da sétima arte, o cinema. As mais famosas películas cinematográficas são espelho de culturas e crenças, retratam momentos históricos decisivos, partilham mundialmente as mais belas paisagens; abrem-nos ao mundo do imaginário, digital, ficção, fazendo-nos ver o invisível. Mas também o cinema reflecte a violência que vai nos corações, a inveja e a corrupção que persiste, podendo quase ser uma sedutora escola de crime.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O «ser humano» é que é tudo


Muito mais que cidadania…
Por  Alexandre Cruz



1. Na data histórica de 31 de Janeiro, no Porto, deu-se início às comemorações do Centenário da República Portuguesa. Começaram, neste contexto histórico, a ser partilhadas muitas mensagens repletas de história e muitas entrevistas a personalidades do mundo da política e da cultura. Também aquelas perguntas breves de rua (sobre acontecimentos relacionados com a instauração da república e personalidades situadas nessa época complexa) manifestam grande desconhecimento da nossa história nacional, ou então um enviesamento menos saudável no que à história diz respeito. Um vasto conjunto de “refrães” enaltecedores da ideologia republicana está no ar; aquilo que é uma oportunidade cívica não se pode asfixiar em visões limitadas e circunscritas a ideias fechadas.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O holocausto é o lado mais negro da alma europeia».



Auschwitz, a dor da memória

1. Celebra-se 65 anos do momento da abertura libertadora das portas do holocausto. A 27 de Janeiro de 1945 o mundo acordou para a confirmação do mais horrendo atentado contra a natureza humana. Quem visita Auschwitz – um milhão de visitantes por ano – faz silêncio e medita na condição humana. Nestes dias, aquelas imagens a preto-e-branco que parecem remontar a séculos atrás, fazem-nos sentir que não foi assim tão longe no tempo nem no espaço. 65 anos foi “ontem”, e foi “aqui perto”, que o inqualificável crime contra a humanidade foi meticulosamente planeado; a médio prazo num nacionalismo de um povo, a curto prazo numa “solução final” aplicada silenciosamente para quem “o trabalho liberta” (esta a frase de acolhimento à entrada do campo).

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Quem semeia tempestades não tem direito a bonanças


A sorte também
se constrói


1. Poderão existir determinadas situações em que se pense que só os outros é que têm sorte e que o próprio não… Essa ideia das sortes ou dos azares parece-nos reflectir uma visão menos correcta daquilo que são as referências de compromisso que haverão de presidir os caminho diário. Diz um pensamento que «a sorte protege os audazes», e pode-se acrescentar que a sorte é amiga da atenção zelosa e persistente e inimiga do descuido e do desleixo. O ditado que diz que «quem semeia ventos colhe tempestades» também ajuda a compreender a necessidade de sempre e cada dia, nem que custe (será o que lustra!), viver e semear os grandes valores assentes na bondade, no estímulo à dignidade e ética, no apego constante à responsabilidade de ser e fazer em cada momento o melhor possível.

Alexandre Cruz

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

No integrismo ou no igualitarismo não há diálogo



Ecumenismo e integrismos

1. Se formos elaborar um estudo exaustivo, mesmo que numa análise do campo exterior, a origem das religiões revela-se sempre imensa de ser universalista e totalizante, dador de sentido à existência de cada um e de todos. Nessa análise, na generalidade, detectar-se-ia uma frescura de interiorização e universalização capaz da inclusão das múltiplas diversidades e visões. Com o crescer e com o necessário realismo, como é natural, vem a procura de regulação e enquadramento, um estabelecer de balizas de ideias e de compreensões práticas, facto que, a partir de uma determinada racionalidade (porventura codificada), pode levar a excluir as diferenças, fazendo crescer a dura e crua semente do integrismo, fanatismo, fundamentalismo.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Obama está a ser fiel ao próprio desígnio que apontou: «o caminho vai ser longo»


Obama

A ilusão e gestão das expectativas

1. Faz um ano (20 de Janeiro) que Barack Obama tomou posse como presidente dos Estados Unidos. No mundo das emoções, grandes expectativas podem conduzir a grandes desilusões. Após um ano de sua eleição e depois de um inédito estado de graça, Obama tem neste momento a popularidade em baixa, ou pelo menos não em tão alta. Como se sabe, das emoções sociais – um sintetizador de opinião sempre na ténue fronteira da sensibilidade – espera-se o melhor e o pior; mas a verdade é que Obama, crescendo acima de si próprio tornando-se mito quer pela sua eleição inédita de afro-americano quer envolto de uma nuvem clarividente de esperança inabalável, Obama continua a ter “razão”. Talvez tenha havido, e continua a haver, um problema de comunicação e de responsabilidade. O slogan «yes we can» está construído na primeira pessoa do plural, facto que não personaliza nele próprio o centro de referência.

Alexandre Cruz

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Socorrer os que mais precisam afirma-se como o pilar essencial de acção





Todos humanos e humanitários

1. Os acontecimentos recentes do Haiti, a par de outros do género onde a condição humana é fortemente interpelada, continua a fazer-nos relançar algumas questões fundamentais. Quantas vezes observamos que em situações trágicas as fronteiras são abertas à solicitude dos “outros”, ou as próprias linhas políticas são relativizadas, pois que socorrer os que mais precisam, sejam eles “quem” forem, afirma-se como o pilar essencial de acção. Mas depois, passado o limpar das águas ou o apagar do fogo parece que tudo volta ao passado de fronteiras fechadas, de relações sociais frias, sofrendo um forte apagão toda a frescura solidária que a urgência faz despertar nos primeiros tempos.

Alexandre Cruz

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Obama: O povo haitiano não será esquecido



Haiti, os milagres da tragédia

1. O Haiti é o novo centro do mundo. Desde o dia em que a terra tremeu (12 de Janeiro 2010) uma multiplicidade de acções vai-se estendendo pelo mundo inteiro no sentido da necessária ajuda ao povo haitiano. As contagens revelam o lado frio do acontecimento (cerca de 200 mil mortos?), mas o acontecimento trágico, tal como a dor e o sentimento, é sempre individual. Existem as descrições horrendas características do pior que a desumanidade pode sofrer, mas existem histórias de milagres de algumas vidas salvas em plena tragédia. As desgraças trazem consigo sempre também o lado do surpreendente e da valorização de cada vida salva, de cada gesto solidário, de cada momento bom.

Alexandre Cruz

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Importa formar para a autonomia saudável



Os telemóveis que mais vendem

1. Somos um país especial em muitas matérias. Uma delas, de ano para ano, vai-se relevando como caracterizador da nossa identidade, porque dos nossos hábitos diários. As opções mais simples do dia-a-dia, repetidas continuamente, constituem-nos na nossa forma de agir e por isso de ser. Já há alguns anos se dizia que pelas quadras festivas de fim de ano éramos um país comparado ao Canadá no envio de mensagens de telemóvel. Agora em plena crise económico-social confirma-se o bater de todos os recordes de movimentações financeiras nos dias anteriores ao Natal a que se juntam as habituais salas de espectáculo esgotadas da comemoração de fim de ano. Factos são factos! Nada a destacar quando o essencial está assegurado e a sobriedade de vida se alia a alguns tempos fortes de convívio festivo; mas tudo a interpelar em termos de hábitos de consumo quando a tipologia do “crédito para férias” passou a ser uma rotina desorganizadora da renda mensal.

Alexandre Cruz

Absolutizar qualquer sistema político poderá ser bem perigoso

O não-referendo em Ano da República



1. Lá mais para meados deste ano, como que em preparação próxima para a comemoração do centenário da República, certamente que se vai dos vários modos, ouvir muito falar de «ética republicana». Este um refrão que foi crescendo e que poderá simbolizar o que de melhor pode, ainda assim, atingir o modelo político vigente. Pelos percursos da história das ideias e da ciência política poderíamos retratar tanto o desenvolvimento das éticas nestes terrenos como, no caso da absoluta isenção, os “enganos” matreiros das próprias repúblicas. Tem-se falado de que este ano pode ser uma oportunidade de esclarecimento cívico, de aprofundamento da consciência política colectiva, da necessária revisão isenta daquilo que é a história que nos precede para que os dias de amanhã consigam sempre mais e melhor…

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Deus não tem nada a ver com o campo de batalha

O pior dos sinais

1. Na revista alemã Der Spiegel (19 Dezembro) o filho do líder da oposição ao actual presidente do Irão desapareceu. Esta situação incerta de Mir Hussein Moussavi faz parte de todo este “barril” de tragédia de uma das zonas mais inseguras do planeta. Diz nessa entrevista o filho do líder oposicionista que o seu pai está pronto para o «martírio» e que o caso dessa dolorosa consumação pode gerar «consequências catastróficas». As primeiras horas do ano além de notícias festivas deram-nos ecos de violências enraizadas em fundamentalismos de tensão incalculável. Quando da grande manifestação chamada «Ashura», onde três milhões de muçulmanos enchem as ruas da cidade santa Kerbala a celebrarem com autoflagelação, tambores e sangue, a principal cerimónia xiita (que canta em nome do martírio de Husssein no ano 680, neto de Maomé), criou-se o cenário favorável para a manifestação da oposição ao líder iraniano.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A coexistência com as diferenças de culturas, credos, etnias…continua por fazer



Inovação e Humanismo

1. Há dias a notícia do último equipamento da mais alta definição de tecnologia da multinacional Google, em dinâmica de constante concorrência com a Apple, podem fazer-nos lembrar as antigas batalhas medievais, estas agora transferidas para os campos da forte inovação de ponta ou mesmo também para o campo de futebol, onde todas as grande cidades gostam de ter os seus grandes clubes representativos. Do mal, o menos; seja a tecnologia inovadora a conquista mais aspirada! Mas as regras deste jogo sedutor e concorrencial precisam de ser continuamente apuradas, quando não os novos instrumentos produzidos estão acima e fora da saudável realidade regulável e mesmo fora de patamares humanos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sabe-se do desejo humano da altitude


Dubai


Os pés da torre Califa

1. Sabe-se do desejo humano da altitude. Este facto, despertado na antiguidade a partir da observação das aves do céu, na época actual projecta-se até à capacidade de colocar alta tecnologia nos ares, vencendo barreira(s) do som numa contínua busca de superação. Estando provado que quase não há impossíveis em termos de elaborações tecnológicas a verdade é que diante da poderosa força da natureza, tudo pode ficar tão pequeno e tão limitado. Também é certo que muitos dos grandes avanços no conhecimento científico e técnico foram conseguidos através de grandes riscos e mesmo grandes acidentes. Talvez o pior de tudo seja, nestes domínios, a afirmação exacerbada da autonomia humana, como se o homem inventasse o seu novo “deus” e vivesse a ilusão desse absoluto imbatível.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Somos construtores do nosso próprio futuro

Expectativas e razões para 2010

1. Passadas as festas e entrados no ano 2010 que estamos, valerá a pena perguntarmo-nos sobre o que esperar para o novo ano. No auscultar das expectativas a esperança é o lema obrigatório, também porque habita no coração humano esse desejo de perfeição, do melhor possível, do desenvolvimento continuado. Mas dando margem às razões, a fasquia recebe um safanão a ponto de descer rapidamente. Todavia, não faltando argumentos para não se esperar muito do ano depois de 2009, a verdade é que o reerguer de objectivos, sonhos e projectos terá de ser o único caminho a seguir. Não pela fatalidade do “ter de ser”, mas pela verdade de que somos construtores do nosso próprio futuro e as apostas inspiradas de cada momento presente podem de facto (trans)formá-lo para melhor.

2. O ano 2010 será, em termos europeus, o ano de luta contra a pobreza e exclusão social. Apesar da Europa ser um espaço privilegiado em termos globais, 17% da população não tem condições para a satisfação das suas necessidades mais básicas. Vale a pena, pela positiva, sublinhar alguns objectivos deste Ano Europeu: encorajar a participação e o compromisso de toda a sociedade motivando os cidadãos na luta contra a pobreza; dar voz às preocupações e necessidades dos mais desfavorecidos dando mão a organizações da sociedade civil e a ONG’s na luta contra a pobreza e exclusão social ajudando a derrubar estereótipos; reforçar a solidariedade e fomentar uma sociedade que garanta qualidade de vida, bem-estar social e igualdade de oportunidades.

3. A agenda de 2010 também será marcada em termos internacionais com o Ano Internacional da Biodiversiade. Será, também após a verdade verificada na recente Cimeira de Copenhaga, uma realista oportunidade de avaliação de todas as boas vontades em domínios que, a cada ano que passa, nos tocam e nos interrogam sobre a nossa própria sobrevivência. Se a natureza nos fala da riqueza da diversidade, aprendamos dela a grandeza do essencial que dá sentido à vida, calor às relações e alma à esperança. Não será ano fácil, mas, por isso mesmo, mais este tempo futuro precisa do melhor de todos e dos grandes valores intemporais que nos podem abrem novas janelas. Quem dera que estas expectativas se tornem razão prática e globalmente solidária.

Alexandre Cruz

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

É essencial todo o esforço purificador no sentido da verdade, da justiça e da transparência



As raízes da transparência

1. A «transparência» vai-se afirmando como um valor inalienável em ordem à clareza dos tempos futuros. A própria recente Cimeira de Copenhaga, nas suas ambíguas lutas de argumentação, trouxe para o cimo da mesa a necessidade de um realismo vigilante em termos de aplicação de decisões, caminho este que só é possível com a transparência, a partilha de informação, o sentido de bem comum. À medida que nos estados ditos de organizados a corrupção foi alastrando salienta-se, simultaneamente, o emergir de instâncias que vêm zelar pela responsabilidade esquecida. Novos e admiráveis passos de progresso técnico são dados cada dia, mas estes não conseguem travar a dificuldade de preservar os territórios da transparência e da verdade de não querer acima daquilo que é o “dever ser”. Planos inclinados…

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Diante da tempestade é que se dá valor à bonança




Dos fins aos princípios

1. Não é novidade que diante da tempestade é que se dá valor à bonança ou que quando estamos doentes é que damos mais valor à saúde. Esta experiência adquirida da vida diária haveria de ser transferida para patamares da ordem da saúde global dos grandes valores. Sendo interessante, não será necessário aprofundar obras paradigmáticas como «O fim da história e o último homem» (1992) de Francis Fukuyama ou a sua resposta no ensaio «O choque de civilizações e a recomposição da nova ordem mundial» (1996) de Samuel Huntington para nos apercebermos de que a temática da mudança de paradigmas pode ser comparada a um “fim” que abre novas janelas de compreensão de tudo o que nos rodeia. Não por se estar em final de ano 2009, mas se fizermos o corajoso exercício de nos situarmos nos diversos fins que poderão existir em termos pessoais, sociais ou globais, chegamos à conclusão de que é urgente relativizamos os acessórios e valorizarmos os grandes princípios.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

É preciso pensar sobre as razões da festa e o porquê da necessária sobriedade de vida…

A sobriedade infantil

1. A quadra, nas propostas aliciantes de consumo, é de forte apelo à quantidade. Não faltam em todos os escaparates as mil e uma ofertas com as mais variadas vantagens para outras tantas situações em que o gerar do hábito e da necessidade é a arma mais poderosa. Ninguém está obrigado a comprar, é certo. Mas a designada sociedade de consumo tem neste mês o pico mais visível. A necessária educação para o consumo, no pressuposto lógico da “liberdade de comprar”, tem nestas quadras razões maiores para se justificar, mas estas são precisamente as alturas em que, mesmo sem qualquer generalização, a reflexão sobre os hábitos de consumo mais se manifesta infecunda. Gilles Lipovetsky, autor da Era do Vazio, na sua obra Felicidade Paradoxal (2008), bem tentou compreender os contornos do hiper-consumo.