Mostrar mensagens com a etiqueta Oliveiros Louro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Oliveiros Louro. Mostrar todas as mensagens

domingo, 17 de março de 2024

Um poema de Oliveiros Louro


VAGA A ORIGEM, FUTURO INCERTO

Ur-Mesopotâmia, talvez a origem...
Talvez a origem dos barcos moliceiros.
Talvez Tartessos dos velhos marinheiros,
Névoas de génese que não me afligem.

Mais me atormenta o porto da viagem,
O passado recente das Gafanhas, Murtosas,
Os painéis e legendas, ingénuos, escabrosas,
Cisnes, patos bravos, maçaricos, miragens.

O chiste, os pés doridos, a vela, a gaivota,
Moliço, maresia, o lodo e o patacho,
Ancinho na lama mole... Mas eu acho
Que tão vária imagem meus sonhos enxota.

Como a um bando de belos flamingos
Tão leves, esbeltos, talvez comendo crico.
E as viagens-miragens passam e eu fico
A cismar no futuro... desses barcos lindos.

Oliveiros Louro

NOTA: Já não via o Oliveiros Louro há muito. Pandemia e inverno obrigaram-me ao abrigo da minha residência. Daí um certo afastamento. Há dias cruzei-me com ele e perguntei-lhe como ia a poesia. Sem parar, sorriu, como que a dizer que já lá vai o tempo dela. Tive pena, mas daqui lhe desejo saúde. E talvez um dia  a musa lhe segrede uns  poemas lindos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Cooperativa Cultural da Gafanha da Nazaré

Oliveiros Louro


LUA(R) DE MEL

Era uma vez uma menina branquinha,
de luz vestida, de rosto iluminado,
que entrou em festa na nossa casinha
e fez guardar o candeeiro enfarruscado.

Bateu à porta fazendo truz, truz
e entrou por recantos, salas e cozinhas.
Em qualquer sítio se pôs a dar à luz
iluminando presépios  e palhinhas.

Mas eis que agora, mais altiva,
essa menina casou e é senhora
vai a teatros, concertos, é doutora…

Cultural mas também recreativa,
é dinâmica, rica, acolhedora,
e da luz de pensamento promotora.

Oliveiros Louro

No Boletim Cultural da Gafanha da Nazaré,
Ano 1, N.º 1


 NOTA: Em janeiro de 1939, tinha eu dois meses de vida, realizou-se a primeira Assembleia  Geral da Cooperativa Eléctrica da Gafanha da Nazaré (CEGN). Mais tarde, já depois do 25 de Abril e na sequência da revolução dos cravos, a Cooperativa Eléctrica foi extinta, dando lugar à Cooperativa Cultural e Recreativa da Gafanha da Nazaré. Esta Cooperativa, onde nasceu a Rádio Terra Nova, como que desapareceu do mapa, por força de circunstâncias várias, que não queremos escalpelizar hoje e aqui. Mas ainda editou um Boletim Cultural de que saíram apenas três números. No primeiro, dedicado um pouco à história da CEGN, está o poema de Oliveiros Louro, que aqui reproduzo. O Oliveiros é um amigo que revejo esporadicamente. É uma pessoa muito sensível e culta. É um poeta também. Um pouco reservado, o Oliveiros merece ser referenciado porque, julgo eu, pode dar muito de si às nossas Gafanhas.