Malaca
Portugal ao longe
António Rego
Mesmo sem se entender a língua,
ou falando um português
ou falando um português
do tempo de Afonso de Albuquerque,
há um povo que aí encontra
a sua identidade,
a venera, reza e ama
a venera, reza e ama
com um enternecimento
comovedor
comovedor
500 anos não são nada na história. Andar 12 mil quilómetros de avião aos solavancos, chegar a um lugar, ver uma pequena fortaleza, dois barquinhos a percorrer a cidade como se fossem duas imagens de santos, os jovens numa correria para os acompanharem, alguns mais tisnados, junto ao mar a cantar melodias portuguesas tão distantes do original nas palavras como nas melodias, as casas marcadas por uma cruz, o bairro conhecido tanto como português, como cristão, faz, a quem chega, ainda que não seja pela primeira vez, estremecer de emoção por o povo a que pertence ser o mesmo que ali vive naquele bairro simples de pescadores.