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sexta-feira, 1 de maio de 2020

1.º DE MAIO – UMA PORTA QUE ABRIL ABRIU


No 25 de Abril, recordei um tanto ou quanto levemente, algumas portas que Abril abriu. Hoje, lembro mais uma – O 1.º DE MAIO – de largo alcance social. Realmente, nesta data, evocada e celebrada por todo o mundo democrático, sem peias de qualquer espécie, os trabalhadores homenageiam os que lutaram e morreram pelos seus direitos no mundo do trabalho, clamando por justiça no relacionamento entre patrões e empregados, por salários dignos, por condições laborais humanizantes, pelo direito à greve e à livre associação, pela igualdade de tratamento entre homens e mulheres, por apoios sociais e por reformas compatíveis com as necessidades vitais.
Em 1886 surgiram nos EUA as primeiras manifestações de trabalhadores a exigirem 8 horas de trabalho diário, o que provocou respostas violentas por parte da polícia. Aconteceu em Maio e uma greve geral mostrou o descontentamento reinante contra a exploração do homem pelo homem. 
Três anos mais tarde, em 20 de Junho 1889, a Internacional Socialista, reunida em Paris, convocou uma manifestação anual, para o 1.º de Maio, no sentido de manter a luta pelas 8 horas de trabalho. Era, de certa forma, uma homenagem aos que morreram na defesa de melhores condições laborais e de menos horas de laboração. 
Em 1 de Maio de 1891, numa manifestação em França, morrem dez operários e meses depois, em Bruxelas, a Internacional Socialista proclama o 1.º de Maio como dia internacional para as reivindicações de melhores condições de trabalho. Outros países, sobretudo os mais industrializados, seguem o exemplo dos pioneiros. Havia países em que os operários tinham de trabalhar 16 horas por dia, muitas vezes em condições péssimas e mesmo desumanas. Na nossa terra, nas secas e não só, trabalhava-se de sol a sol. 
Em Portugal houve também celebrações do 1.º de Maio muito incipientes. Na primeira República, os sindicalistas chegaram a ser perseguidos e durante o chamado Estado Novo foram proibidas manifestações sindicais. Só com o 25 de Abril, com as portas que se abriram às liberdades fundamentais, é que o 1.º de Maio passou a ser celebrado, como o Dia Mundial do Trabalhador. É feriado nacional e as festas de e com trabalhadores generalizaram-se a todo o território português. Manifestações, comícios, convívios, com organização das Centrais Sindicais ou mesmo sem elas, os nossos trabalhadores, agora debaixo de um conceito mais alargado, sentem este dia como seu, respeitando-o como homenagem a todos os que, com o seu esforço físico e científico, mas também com a sua capacidade criativa, constroem riqueza e alimentam projetos de dignificação do homem e da mulher para os nossos tempos. 

Fernando Martins

segunda-feira, 1 de maio de 2017

1.º de Maio de 2017 – um desafio à nossa coragem

O descanso do guerreio

Não vou hoje à procura do que escrevi sobre o 1.º de maio durante anos, nem desejo escrever sobre as lutas encetadas que levaram à festa dos trabalhadores, celebrada, tanto quanto sei, apenas nos países de regimes democráticos. Escrevo tão-só na qualidade de aposentado e de trabalhador que continuo a ser, não remunerado, mas feliz por isso. E agradeço o dom da vida que me permite sentir que a dignidade humana passa, indubitavelmente, pela alegria do trabalho, seja a que nível for.
Hoje acordei cedo. A presença de filhos no almoço e na tarde luminosa, com cenário de relvado para o neto mais novo, o Dinis, jogar e traquinar à vontade, despertou-me para ajudar na festa. Não para suster os seus remates indefensáveis, com os meus músculos já incapazes de reações bruscas no momento próprio, mas para ao menos preparar uma sopa. Foi o que fiz, para além de sair às compras inevitáveis.
Nestas andanças, de preocupações leves e gostosas, ainda me lembrei de passar, um momento curto que fosse, pelas festas do 1.º de Maio que de há bons anos a esta parte se realizam à sombra da Senhora dos Campos, na zona da antiga Colónia Agrícola da Gafanha, mas o receio de não suportar a caminhada impediu-me de sair. 
Fiquei então por aqui a pensar no mundo do trabalho com tanta gente sem o ter. Mundo com imensas áreas onde homens e mulheres, novos e velhos, dão o seu melhor, nem sempre remunerados com justiça e garantias de emprego, mas ainda sem certezas de uma velhice digna. O futuro incerto é o pior cenário de quem trabalha nesta sociedade de horizontes sombrios. Haverá outras melhores? Esse é o grande dilema que me assalta frequentemente. 
Apesar de tudo, a festa é sempre uma excelente oportunidade de cultivar amizades, de rever amigos, de partilhar saberes e… sabores. A festa pode aliviar as dores, afugentar temores, despertar para novos caminhos de esperanças sadias e fraternas. A festa… a festa… a festa … pode ser motivo de libertação, de motivação, de abertura a novas partidas, a novos desafios, que parar é morrer.
Gosto muito de ver jovens corajosos e empreendedores que se abalançam a construir projetos jamais imaginados. Que não se quedam à espera que lhes caia do céu um emprego bem remunerado. Não há milagres desses. O milagre é inerente ao nosso esforço determinado para saltar da modorra que conduz ao desânimo. 
Até para o ano… Com um 1.º de Maio mais feliz.

Fernando Martins

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O 1.º de Maio promete


O 1.º de Maio promete. O tempo vai estar bom e a festa está garantida. S. José Operário não será esquecido.  E como manda a tradição, sobretudo, entre nós, depois do 25 de Abril de 1974, os festejos vão sair enriquecidos com a alegria dos trabalhadores. É certo que muitos pouca alegria terão para cantar, dançar ou festejar de qualquer forma o dia que lhes é dedicado e que não vale a pena recordar por tão conhecido ser. Que ao menos, por umas boas horas, se esqueçam as crises, alimentando a esperança em melhores dias, 
Por estas bandas, a Colónia Agrícola da Gafanha vai encher-se de gente, de música, de comes e bebes, de convívio, de amizades reforçadas, de partilha sempre apetecida. Amanhã teremos tempo de retomar a labuta do dia a dia ou da espera de trabalho, que eu desejo promissora para todos.