Mostrar mensagens com a etiqueta Querubim Silva. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Querubim Silva. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

DIFERENÇAS — Cardeal Tolentino

O estribilho tenho-o ouvido com frequência: “Não temos hoje a afirmação de um pensamento católico consistente”. Parece que rareia - é certo. Mas há sempre magníficas excepções. E o Cardeal Tolentino é uma exemplar de primeira grandeza. Teólogo esclarecido, profundo e aberto aos desafios do nosso tempo, biblista, filósofo da interioridade; o homem que sabe dizer para além das palavras, em poesia humanista, filosófica e mística a um tempo; conferencista plurifacetado… 
Não admira que tenha sido chamado às responsabilidades de que se desempenha na Cúria Romana, não espanta ter ganho o Prémio Pessoa 2023 e ter sido investido pela Universidade de Aveiro como Doutor Honoris Causa. 
Faz a diferença em relação a tantos atavismos teológicos, a tanta inércia de saudosismos passadistas, a tanto medo (ou cobardia) rotulado de prudência. Também com esta pena iluminada se faz Natal, no meio da selva de tanto dizer sem nada dizer, de tanta ‘teologia de bolso’, de tantos muros erguidos face à cultura, de tantas janelas a fecharem-se, numa rota de preservar a Igreja condenando-a ao mofo da insignificância.

Querubim Silva 
no Correio do Vouga de hoje 

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Como é importante sonhar juntos!

Da crónica de Querubim Silva 
no Correio do Vouga

0 Papa Francisco, evocando a figura de Francisco de Assis, para justificar o teor da sua carta encíclica Fratelli Tutu (FT - de 03-10-2020), dá o mote do mesmo documento, com esta dupla proposta - o reconhecimento da dignidade da pessoa humana e o anseio mundial de fraternidade: "Desejo ardentemente que, neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade. Entre todos: «Aqui está um ótimo segredo para sonhar e tornar a nossa vida uma bela aventura. Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente (...); precisamos duma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar em frente.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

OS FILHOS NÃO TÊM QUE PAGAR OS PECADOS DOS PAIS

ÂNGULO DIVERSO  
Crónica de Querubim Silva 
no Correio do Vouga

Os filhos não têm que pagar os pecados dos pais. Mas, se têm princípios de honestidade, sentirão, por certo, algum desconforto, ou mesmo vergonha, quando se torna pública uma esteira de delitos graves dos seus maiores. Agora isso acontece até mesmo com alguém da classe governante, com o pai a ser condenado por delitos vários.
A esteira de denúncias, demissões, esquecimentos, desconhecimentos… deixa-nos a impressão de uma governo irresponsável, de uma leviandade no recrutamento dos seus membros, nas substituições apressadas e desastradas… 
E as contas certas, que afinal não são: as derrapagens, os contratos ‘secretos’, cheios de artimanhas que favorecerão sempre as clientelas. Uma espiral de desacreditação, desde as estruturas centrais ao poder local, de tal modo que ficamos perplexos, mesmo desconfiados e, qualquer dia, céticos em relação a qualquer escolha eleitoral. Por mais declarações que se façam, o descrédito aumenta.

Querubim Silva 

quinta-feira, 28 de abril de 2022

A verdade liberta


Querubim Silva 
"Com a guerra perdem todos: os vencidos e os vencedores". E toda a humanidade. Com a Paz, todos ganhamos

A verdade liberta - é um princípio evangélico, válido para todos os tempos e lugares, para todas as situações e manifestações de vida, mesmo as expressões religiosas.
A vida dupla pode mascarar rostos de cera, sorrisos venenosos, comportamentos de aparente transparência... Mas a paz e serenidade dos corações só respira na limpidez do céu azul que a verdade gera e alimenta.
É neste contexto que se compreende a palavra dura do Papa Francisco: "Antes ser ateu do que católico hipócrita". Se há muito ateísmo de conveniência, para justificar um feroz individualismo de consciência que não admite qualquer referência objetiva crítica, também é certo que há muita "crença", católica ou outra, para camuflar túneis perversos de intenções, planos e procedimentos arbitrários.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

SONHEI...

Sonhei:
que os corações
tinham mudado;
que havia lugar na estalagem
em qualquer lado;
que a Luz dissipara as trevas
por todo o descampado;
que o Sol da Justiça
aquecera a Humanidade,
alegre, feliz,
na humildade de acolher
o Verbo da Verdade!…

O que encontrei?
Portas fechadas,
corações empedernidos. 
Barreiras levantadas;
muros de exclusão,
arame farpado;
preconceito, intolerância,
violência, perseguição;
um mar imenso
feito sepulcro de sonhos,
túnel de trevas, solidão;
multidões errantes 
em busca da Estrela,
sedentas de um bafo
terno e carinhoso…
 
Afinal,
o Meu Presépio continua!
Mas não desisto 
de sorrir e contagiar
tantos pastores multiplicados,
muitos reis magos animados,
todos disponíveis
para fazer vencer a Luz,
para fazer crescer o Amor,
para fazer sentir
que, mesmo assim,
Eu sou o Emanuel,
que sempre estou no seio
deste Mundo que caminha,
em busca de novos Céus e nova Terra,
sem dor, sem luto, sem guerra,
de vida plena e gloriosa.

Sonhei e sonharei…
E o sonho será realidade
em cada Natal
que deixes acontecer!

Querubim Silva

sexta-feira, 28 de março de 2014

A ESCOLHA DE UM BISPO

Editorial de Querubim Silva,
Diretor do Correio do Vouga




A Diocese de Aveiro vive um momento de justificável espectativa. Privada do Pastor que a lançou numa primavera de esperança, está ansiosa por saber quem sucederá a D. António Francisco, desejando alguém que possa continuar, a seu modo, bem entendido, esta rota da barca em que nos encontramos.
Ao longo da história, a escolha dos bispos passou por diversas formas e sofreu, em algumas épocas, turbulências e mesmo desvios indesejáveis. O que Deus quer nem sempre foi permitido pelos homens. E o Espírito Santo teve, não raro, de colmatar as lacunas graves criadas pela fragilidade humana.
Os Apóstolos, pelo que se depreende dos textos bíblicos, designaram diretamente aqueles a quem confiavam o encargo das Comunidades. Durante alguns séculos, duas coordenadas fundamentais pautavam a “eleição” dos bispos: a garantia de comunhão com a Sé de Roma e a expressão do “sentir dos fiéis”, que algumas vezes expressava a sua escolha por aclamação.