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sábado, 6 de setembro de 2008

Romaria ao São Paio da Torreira

Fotografia do Álbum Carneiro da Silva, S. Paio da Torreira, 1922
Contava-me a minha avó paterna que os seus pais eram lavradores, na Gafanha da Nazaré, no tempo em que ainda só havia sete núcleos de moradores. Verdadeiramente ela dizia sete casas o que eu acho muito pouco. Como alguns conterrâneos, o seu pai possuía um barco moliceiro com o qual recolhia o adubo para as terras. Era costume na altura usar o barco, para com familiares e amigos – dado que as colheitas estavam feitas e arrumadas – fazer o périplo das festas à beira da ria: São Paio, Sra. da Saúde e Sra. das Areias. No barco pernoitavam, cozinhavam e comiam. Falando desse tempo, às vezes a minha avó recordava uma ida ao São Paio que me ficou gravada em verso: ainda ela mal tinha posto os pés em terra, surgiu não se sabe de onde, um homem todo empertigado de viola ao peito cantando-lhe assim:
Ó minha linda menina, Não me sais do pensamento. Vou falar com o teu pai, Vou pedir-te em casamento. “E vai eu ós’pois respondi-lhe assim:”- dizia ela Vai-te embora homem casado, Panela velha sem fundo. A ti já te não são dadas Barbaridades do Mundo.
Possivelmente o rosário seguia por aí fora como era típico na época. Os arraiais eram as discotecas de então. Esta cena passou-se por volta de 1900, igual a tantas outras, que eram o espírito do convívio festivo do São Paio, à mistura com comezainas, bailaricos e melancias das Quintas do Norte. A primeira vez que fui ao São Paio, cerca de 1990, ainda apanhei alguma desta espontaneidade popular, daí para cá isso tem-se perdido em troca com outras formas de expressão mais actuais: regatas, concursos de painéis dos barcos moliceiros, jogos florais e festivais de canções. Mas o São Paio continua fiel à tradição que todos os anos no princípio de Setembro arrasta multidões de forasteiros e emigrantes à típica Vila da Torreira. João Marçal :
NOTA: Aqui fica a sugestão, oportuna, de Ana Maria Lopes, de Marintimidades