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domingo, 9 de outubro de 2022

RECORDAÇÕES DO MEU SÓTÃO


Das minhas boas recordações, que guardo religiosamente no meu sótão, destaco hoje um relógio antigo de origem americana, que funciona de vez em quando para não se esquecer da sua missão de nos obrigar a respeitar a pontualidade. A seus pés, está uma linda oferta de um antigo aluno, Albino Ribau, exímio miniaturista, que muito me comoveu com a sua arte e gesto.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

No meu sótão

Tenho andado afastado do meu sótão onde moram pequenas coisas que me animam o espírito, para além de um silêncio que tanta vida me segreda. Entrei de mansinho, não fosse dar-se o caso de tropeçar, e olhei fixando os meus pensamentos em pequenas coisas que tanto me dizem.
O computador até estranhou a minha presença e por artes que não sei explicar deu umas voltas para me irritar. Por fim, serenou. Decerto, o causador de tudo fui eu próprio, que isto de decorar códigos nem sempre resulta. A memória da máquina não erra, mas erra a máquina humana muitas vezes, embora, por vaidade, não o queira reconhecer.
Mora no meu sótão um poema de Pessoa, encaixilhado com sobriedade por mim, porque o mais importante é o que o poeta garante. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Arrumar é preciso

Mais uns dias e tudo estará arrumado

Ausente dois dias deste meu espaço de partilhas por motivo de arrumações, retomo o trabalho. Arrumar é preciso de vez em quando, sobretudo porque gosto de mudanças. Os mesmos ambientes cansam-me. O mais do mesmo mexe comigo. É da minha natureza. E ganho sempre quando altero os meus hábitos.
Estou no meu sótão, apesar de se tornar perigosa a subida, no dizer dos meus, mas com cuidado cá estou.
Nesta altura, procuro recantos para arrumar papelada, mas demora,  porque revistas, discos, CD, fotografias, velharias,  livros e demais objetos carregam memórias, encontros, amizades e participações pessoais em diversas frentes. E é tudo isto que me  dá vida.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Um recanto tranquilo


 E se eu tivesse capacidade criativa para transformar o meu sótão num espaço como este? Para já, fico-me pelo sonho, que não custa dinheiro. 

Nota: Vi aqui 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Regresso ao sótão

Da minha janela aprecio o mundo 
O tempo, mais ameno, abriu-me as portas do sótão. Já tinha saudades desde recanto com música de fundo… sem  ruídos nem campainhas a tocar… apenas eu e quem esporadicamente me visita. 
Gosto disto, está bem de ver. Leio, escrevinho para não perder o hábito, olho o que tenho exposto: livros, revistas, jornais, jarras, fotografias, coisas antigas, uma pinha que me recorda a paixão da Lita por pinheiros com lugar garantido no quintal. Caixas à espera de nelas arrumar, com método, o que tenho dispersado. Tarefa difícil, já vos digo. 
Na minha frente, numa prateleira, tenho fotos dos meus pais, das tias da Lita, mais eu com a Lita junto aos “pés de galinha” da meia-laranja, na praia da Barra. Da janela do sótão aprecio o mundo.  E de tudo dei um salto para um passado já distante que encheu a nossa vida. 
Boa semana para todos.

Fernando Martins

sábado, 2 de novembro de 2019

O meu sótão

Já me vou sentar...
No meu sótão não há televisão. Incomodar-me-ia por não me deixar fazer nada: Estar, ler, escrever, pensar, sonhar. Aparelhagem de som é diferente. Música a meu gosto, da rádio ou gravada, notícias em tempos certos, breves como convém... e se desejar mesmo o silêncio, fecha-se tudo. Aí, tenho por companhia o chilreio da passarada e as guerras ou brincadeiras que ela  inventa para ocupar o tempo que é todo seu. Muito gostam os pássaros de saltitar na cobertura do sótão, mas, quando acho que são horas de me deixarem em paz, basta levantar o braço e dar sinal de debandada. 
Não sei se esta necessidade de paz e de fuga ao quotidiano vai durar muito, mas sinto-me bem assim, embora reconheça que a vida tem de ser mais participada. A justificação vem de uns incómodos de saúde... coisa de constipação que tarda em me deixar.
Curiosamente, vou aproveitando os meus vagares para ler ou reler obras que deixaram imagens poderosas no meu saco das memórias. E delas hei de falar sem pressas.

F. M. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Da janela do meu sótão



Os horizontes da janela do meu sótão não são muito desafiantes. Ou serão? A torre da igreja à esquerda, o casario a encher o espaço e a mata da Gafanha ao longe. Ainda telhados, uns gastos pelo tempo e outros novos ou rejuvenescidos, postes e cabos que se cruzam e entrecruzam da energia elétrica e redes sociais, chaminés para gostos diversos, ruas que se persentem e estórias  que me enchem a alma.
Pelas novas que vêm do lado das Finanças, não será por esta paisagem que o IMI subirá. Mas se fisicamente o horizonte é, realmente, limitado, já o mesmo não digo das memórias que me chegam, dia a dia, quando olho através da janela. Aí, haverá sempre algo a partilhar, trazendo até ao presente gente e cenas de mais de meio século de vivências neste recanto sereno da Gafanha da Nazaré.
Depois, porque nas lembranças há tantos horizontes sonhados, idealizados, ouvidos, contados e recontados, cujo prazer de os partilhar, revivendo quotidianos, me obrigam a agradecer à vida. Para isso tenho pano para mangas quanto baste para divagar ao som do mar que mora em todo o meu ser. 
É por aqui, a partir da janela do meu sótão, que viajarei quando puder

terça-feira, 20 de setembro de 2016

O meu sótão

O caos
Já com alguma ordem

Já a trabalhar

«Compartimento situado imediatamente abaixo 
da cobertura de um edifício, 
entre o teto e o último andar de uma casa, 
sobrecâmara, águas-furtadas.»

Dos dicionários

Estou no meu sótão, já preparado para o ocupar, não com as habituais velharias que entraram no núcleo do fora de moda, mas para o usufruir como espaço de silêncio. Tem o essencial. Mesa, estantes, prateleiras com livros, aparelhagem sonora, LP com décadas, cadeiras para repouso. Não tem telefone nem televisão. Nem barulho de quem passa na rua, nem campainha a chamar, nem cão nem gato. Apenas eu e o silêncio desejado. 

“Compartimento situado imediatamente abaixo da cobertura de um edifício, entre o teto e o último andar de uma casa, sobrecâmara, águas-furtadas.” Isto diz o dicionário que consultei. O meu sótão não está bem enquadrado nesta definição. Não estará assim tão integrado na casa principal, mas está ligado como que por um cordão umbilical, onde merecia de vez em quando uma visita fugidia da família. Faltava-lhe qualquer coisa que atraísse o pessoal cá de casa. Julgo que agora, que está adaptado para adquirir capacidade para uma função mais atrativa, passará a ser diferente.

Um sótão era para mim, quando menino, um lugar mágico e um desafio à descoberta. Malas fechadas que eu abria, afinal com nada de especial. Inutilidades que meus pais para ali atiravam. Ainda estávamos longe da recolha do lixo, do lixo que hoje produzimos às carradas. Diariamente… a toda a hora. Muito a partir do que se come e bebe. Lixo que alimenta indústrias, que renasce para mais consumo, muito mais consumo. Trastes fora de uso, sobretudo, à espera de coragem para os queimar. E pouco mais… Lembro-me de um berço de criança, meu ou de meu irmão, cordas grossas e um chambaril usado na matadela do porco, uns candeeiros e uma máquina a petróleo e pouco mais.

No meu sótão, o que está a ser reinventado, havia um pouco de tudo: Rádios antigos, cadernos de vidas de estudo, livros didáticos, romances fora de moda, revistas de há décadas, cadeiras e bancos, máquina de costura dos anos 30 de século passado, fotografias, jogos, CD e DVD, gira-discos, máquinas fotográficas, baús de roupa de inverno, chapéus e bonés, pratos decorativos, aparelhagem de som, quadros, selos, medalhas, livros, jogos para crianças e jovens de tempos sem Net à vista. 

E aqui estou eu em paz comigo mesmo e com todos os que me cercam. Com o mundo barulhento, competitivo até à exaustão, de guerras intermináveis, de conflitos em cada esquina, de paixões que obscurecem a razão, de indiferenças, de marginalizações sem piedade, de egoísmos, mas também de partilhas e de amor solidário. Aqui, da minha única janela, aprecio um mundo restrito que me abre portas ao sonho e a horizontes alimentados pela imaginação. 

Bom dia para todos.